Esporte
Da despedida do Carioca à estreia no Brasileirão, o Vasco passou por 43 dias de inatividade.
Equipe continua organizada e em evolução e vê figuras como Bastos e Benítez despontarem em estreia no Brasileirão
Análise: ajustes de Ramon surtem efeito, e vitória do Vasco tem consistência defensiva e ofensiva
Da despedida do Carioca à estreia no Brasileirão, o Vasco passou por 43 dias de inatividade. Os três jogos-treino disputados no período não tiveram a exigência desejada tanto que Ramon Menezes admitiu estar receoso com a partida diante do Sport. Porém, o que se viu na noite de quinta-feira, em São Januário, foi a manutenção de um time organizado e uma evolução capaz de resumir o 2 a 0 em uma vitória consistente defensiva e ofensivamente.
Ramon teve o mérito de identificar e implementar ajustes necessários logo no começo da sua gestão. E, com o entendimento dos atletas, continuou avançando no árduo caminho de formar um time forte e maduro. Verdade que foi só o terceiro compromisso oficial e também procede que o time pernambucano mostrou futebol para disputar apenas a permanência na Série A, mas o Vasco foi bem em três aspectos naturais de um confronto: propor, contra-atacar e se defender.
Ramon orienta jogadores em vitória do Vasco sobre o Sport — Foto: Rafael Ribeiro/Vasco
Desta forma, individualidades apareceram. Fellipe Bastos, com dois gols, foi o nome da partida. No esquema de Ramon, ele e Andrey, os dois volantes, são fundamentais. Protegem a defesa, mas precisam inverter jogadas e aparecer como alternativa ao jogo lateral – na quinta, com Pikachu/Pec e Benítez/Talles. Bastos, especialmente, o fez. Apareceu mais dentro da área, como no primeiro gol, após uma linda jogada de Benítez.
Pois o argentino, melhor fisicamente, foi outro destaque. E, assim, Ramon equilibrou o time, que antes atacava basicamente pela direita. O camisa 10 mostrou que será muito útil, afinal, controla a bola como poucos e têm o drible, o que sempre pode superar o sistema de marcação adversário.
– Nesse período, o Ramon tem cobrado bastante, da gente no meio-campo, para entrar na área. E também nas faltas. Às vezes no jogo, a gente só tem uma oportunidade. Hoje eu tive duas. Uma eu botei na trave e a outra eu fiz o gol – disse Bastos.
Com outros jogadores aparecendo ofensivamente, o Vasco teve alternativa a Cano. O centroavante foi regular, com três finalizações, mas desta vez não balançou a rede. E o time não sofreu da dependência do gringo. Até porque , ao abrir 2 a 0, ainda no primeiro tempo, controlou o jogo. Mudou a ação propositiva para recuar visando o contragolpe. Se não levou sustos atrás, pecou ao errar saídas em velocidade que, se melhor trabalhadas, poderiam resultar em chances de ampliar.
No segundo tempo, até porque o Sport se lançou ao ataque, o Vasco adotou postura de esperar o rival atrás – isso explica ter tido apenas 45% de posse de bola. Se fechou por momentos e, de novo, não sofreu. Castan e Graça estiveram bem postados. Henrique, defensivamente, foi impecável. O time não foi envolvido, e a equipe visitante, sem conseguir entrar na área, se limitou a chutes de longe e cruzamentos – um deles gerou cabeçada de na trave de Adryelson aos 40 minutos do segundo tempo, a melhor chance do Sport.
Há, claro, o que melhorar. Erros em saída de bola geram perigo e Talles vive má fase. precisa ser recuperado.
– É muito difícil você manter o mesmo nível de pressão o jogo todo, até porque o adversário tem muita qualidade. A fase defensiva foi muito boa. Se o time não tivesse organização no início do segundo tempo, poderíamos ter tomado o gol. O comportamento da fase defensiva foi excepcional. Vou ver o jogo depois, há algumas correções a serem feitas. Poderíamos ter um pouco mais de tranquilidade ou imprimir mais velocidade ao recuperar a bola. A inatividade dos atletas vem prejudicando também, a gente ficou algum tempo sem jogar no Brasileiro – finalizou Ramon.
Por Hector Werlang — Rio de Janeiro / Globoesporte.globo.com