Internacional
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visita militares de fronteirem Lod nesta quinta-feira (13)
Explosão de violência em Israel faz Netanyahu voltar à disputa para formar governo
Nacionalista religioso, Naftali Bennett causa reviravolta política ao romper com bloco opositor e retomar negociações com premiê israelense.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu parece ter conseguido a sua primeira vitória política depois que recrudesceram os ataques aéreos entre Israel e Hamas e os violentos confrontos entre árabes e judeus nas cidades mistas do país.
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No limbo político, enquanto seus adversários políticos costuravam uma aliança para assumir o governo israelense, eis que o premiê ressurge e retorna à batalha para se manter no comando ou concorrer a novas eleições.
Ex-aliado de Netanyahu e também seu desafeto até quarta-feira, o nacionalista religioso Naftali Bennett, líder do Yamina, se bandeou novamente para o campo do premiê, ao abandonar as negociações com o centrista Yair Lapid.
A aliança entre o bloco anti-Netanyahu estava avançada e articulava a participação do partido muçulmano Lista Árabe Unida, ou Ra’am, que pela primeira vez tinha a possibilidade de entrar no governo. De acordo com emissoras de TV, Bennett, com sete cadeiras no Parlamento, e Lapid, com 17, se revezariam no cargo de primeiro-ministro.
Rastros de luz do sistema antimísseis de Israel em ação na cidade de Ashkelon, em 11 de maio de 2021 — Foto: Nir Elias/Reuters
A troca de foguetes e mísseis entre Israel e Gaza e a convulsão social nas cidades mistas, entretanto, provocaram uma reviravolta neste panorama político. E, conforme justificou Bennett, tornaram inviável o tão almejado governo de mudança, que destituiria o premiê do poder após 12 anos.
O líder do Yamina agora diz preferir um governo de unidade e reconhece que ele e Lapid não seriam capazes de lidar com o cenário atual.
“Quando há uma onda de pogroms árabes em todo o país e quando as forças de defesa devem estar envolvidas, a realidade muda”, explicou a representantes do Likud, de acordo com a mídia israelense.
Bennett atuou como ministro da Defesa e da Diáspora de Netanyahu até se desentender e romper com o premiê e fazer campanha contra ele.
De volta às negociações com o Likud, que haviam fracassado após o resultado das urnas, ele também diz ter se dado conta de que seria inviável um governo dependente de um partido árabe.
Prédio destruído por bombardeios em Gaza, em 13 de maio de 2021 — Foto: Suhaib Salem/Reuters
Com quatro cadeiras no Parlamento, Mansour Abbas, o líder da Lista Árabe Unida, foi mais rápido e abandonou as negociações, assim que os primeiros foguetes foram lançados de Gaza. O partido conservador é um braço político da Irmandade Muçulmana, associada ao Hamas.
Enquanto persistirem os confrontos entre árabes e judeus, Abbas mantém congeladas as conversas com Lapid, que, com a debandada de Bennett, viu minar suas chances de formar governo. A tentativa de opositores para encerrar a era Netanyahu parece ter sucumbido à espiral de violência que assola o país. Ainda não é suficiente para assegurar sua permanência no cargo, mas lhe deu uma nova sobrevida.
Por Sandra Cohen / G1.globo.com