Esporte
Jogadores do Flamengo comemoram gol de Everton Ribeiro
Começo avassalador e aproveitamento estratégico dos contra-ataques é o cenário ideal para a equipe sob o comando do treinador
Análise: Flamengo combina estilos, e primeiro tempo é referência de modelo buscado por Renato
Dois gols em nove minutos, domínio da partida, recuo para dosar energias e jogo decidido num contra-ataque mortal. Assim pode ser resumido o primeiro tempo do Flamengo contra o Athletico-PR, uma combinação de estilos que significa praticamente o mundo ideal do que se pode esperar da equipe comandada por Renato Gaúcho.
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O próprio treinador, em entrevista coletiva após a vitória por 3 a 0, enalteceu a forma como o time jogou o primeiro tempo.
– O sonho do treinador é que a equipe possa jogar sempre dessa forma do primeiro tempo, mas é impossível pelo ritmo. Fiquei muito feliz, treinamos para isso no dia a dia, mas é difícil manter o ritmo durante os 90 minutos. Fizemos tudo certinho do jeito que programamos, do jeito que passei na preleção, e conseguimos a vantagem no início do jogo.
Jogadores do Flamengo comemoram gol de Everton Ribeiro — Foto: André Durão
O Flamengo de Renato não faz tanta questão de controlar completamente a posse de bola e o jogo. Gosta de aproveitar os espaços que o adversário dá. Esta mudança de comportamento precisa ser acompanhada pela expectativa.
Não dá para esperar do time atual a soberania territorial de outros tempos – no cenário atual, o modelo a ser perseguido é muito parecido com o que a equipe fez nos primeiros 45 minutos do Maracanã.
A importância de Filipe Luis e Andreas
Fazer dois gols em nove minutos destrava qualquer partida, mas, mais do que isso, a postura do Flamengo foi animadora. O time se apossou do campo de ataque, encurralou o Athletico mesmo após os dois gols e cortava qualquer tentativa de contra-ataque.
Foram 30 minutos de domínio absoluto, sob a batuta de um Filipe Luis cada vez mais vital na organização desde a defesa e de um Andreas a cada dia mais confortável no Flamengo. O Flamengo inicia suas jogadas a partir dos dois e, assim, permite que o quarteto ofensivo seja utilizado em sua máxima capacidade.
Repare: todos os quatro craques ofensivos rubro-negros participaram de pelo menos um gol no domingo. Everton Ribeiro e Bruno Henrique balançaram as redes, enquanto Gabigol e Arrascaeta apareceram com assistências.
Depois dos primeiros 30 minutos, o Flamengo mudou seu jeito de jogar. Com a vantagem, recuou suas linhas, deu mais a posse para o Athletico e se preparou para um contra-ataque. O time paranaense até tentou aproveitar o novo cenário, mas em momento algum ameaçou de fato o gol de Diego Alves.
E, então, o Flamengo definiu o jogo. Um contra-ataque mortal, de pouquíssimos toques. De Gabigol a Arrascaeta, até Andreas. São duas propostas diferentes de jogo, que o Flamengo, em seu melhor momento, consegue combinar com efeitos contundentes.
O segundo tempo foi protocolar. Uma partida mais brigada, com um Flamengo mais preocupado em administrar o resultado do que buscar mais gols. Foi importante para dar minutos a Kenedy – ainda longe do ritmo ideal – e zerar os cartões de Isla e Arrascaeta, que desfalcarão a equipe nas próximas rodadas por estarem com suas seleções.
O que fica de lição é um primeiro tempo de manual. Algo mais realista a ser esperado pela torcida e certamente uma referência para o trabalho de Renato na reta final da temporada.
Por Felipe Schmidt — Rio de Janeiro
Ge.globo.com