Esporte
Árbitra Deborah Cecília expulsa Jean Carlos, do Náutico, na final do Campeonato Pernambucano
Após relatar tentativa de agressão, árbitra comenta postura de Jean Carlos: “Espero que tenha punição”
Primeira mulher a conduzir uma final do Pernambucano, Deborah Cecília relata tentativa de agressão na súmula após expulsar Jean Carlos e pronuncia-se pela primeira vez após ocorrido
Deborah Cecília tornou-se a primeira árbitra mulher a conduzir a final do Campeonato Pernambucano – após 107 anos. A data histórica, contudo, terminou marcada por outro episódio. O meia Jean Carlos, do Náutico, partiu para cima da árbitra após ser expulso, e a postura foi relatada na súmula como tentativa de agressão. O caso repercutiu nacionalmente.
- Súmula fala em tentativa de agressão de Jean Carlos a árbitra, e meia se explica: “Não fui agredir”
Nesta segunda-feira, Deborah se pronunciou pela primeira vez desde a partida. Reiterou o relato escrito na súmula e cobrou uma punição.
– Isso não cabe mais no meio do futebol, seja com homem ou mulher. Espero que tenha uma punição. Não pode perder a cabeça e partir para cima de pessoas. Isso não pode passar impune. Não pode passar a mão por cima disso – disse a árbitra ao ge.
- Jean Carlos, do Náutico, parte para cima da árbitra após expulsão na final do Pernambucano
- Súmula fala em tentativa de agressão de Jean Carlos a árbitra, e meia se explica: “Não fui agredir”
Jean Carlos foi expulso com cartão vermelho – após intervenção do VAR – por conta de uma cotovelada em Yuri Bigode, do Retrô, aos 22 minutos do segundo tempo. Na sequência, partiu para cima de Déborah Cecília e terminou sendo contido por atletas e pela equipe de arbitragem que estava em campo.
Árbitra Deborah Cecília expulsa Jean Carlos, do Náutico, na final do Campeonato Pernambucano — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Deborah Cecília reforça a leitura de que o meia deveria receber o cartão vermelho no lance e chamou a atenção para a própria postura em campo – afastando-se de Jean Carlos antes de expulsá-lo.As imagens estão aí. Ficou claro a atitude dele com relação à cotovelada no jogador. E ficou claro o meu cuidado de dar dois, três passos atrás para expulsá-lo. Se eu não dou esses passos, coisa pior iria acontecer.
– E se as pessoas que estão envolvidas ali, os jogadores da outra equipe, e até os próprios companheiros e a arbitragem, não entram, eu com certeza teria sido peitada e agredida sim. A gente não pode perder a cabeça e partir para cima de qualquer pessoa. No mínimo, respeito. Em qualquer profissão e qualquer gênero – afirma.
Jean Carlos chegou a publicar um vídeo nas redes sociais falando sobre o caso. O meia disse ter “pedido a cabeça” no lance, acrescentou que não tinha intenção de agredir e pediu desculpas à árbitra. Apesar disso, o jogador não procurou Déborah Cecília desde o episódio.Eu não vi se ele passou próximo a mim. Tem um fluxo muito grande de pessoas no campo, não observei de fato. Ele também não chegou a me procurar.— confirma Deborah.
- Jean Carlos admite ter perdido a cabeça e pede desculpas à árbitra: “Jamais encostaria a mão em uma mulher”
Jean Carlos pode ser denunciado ao STJD através do relato da súmula, mas ainda não houve decisão neste âmbito. O Náutico – enquanto instituição – não se pronunciou sobre o episódio. Marcou uma entrevista coletiva do meia para a tarde desta segunda-feira.
Deborah Cecília, apesar do ocorrido, continua marcada como a primeira mulher a apitar uma final do Campeonato Pernambucano.
– Deixei meu nome escrito para que outras também possam vir a fazer história também. Provei de fato que a gente também tem capacidade de apitar, seja qualquer jogo, e de exercer qualquer função que o homem exerça.
Árbitra Deborah Cecília — Foto: Divulgação/CBF
Por Camila Alves — Recife
Ge.globo.com