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ELEIÇÕES 2022

Com dificuldade em enquadrar os candidatos menos fiéis, a estratégia do PL vai ser “fechar a torneira”

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PL cobra candidatos para não esconderem Bolsonaro nas campanhas e ameaça com corte de verba

Legenda quer apoio explícito de seus correlegionários ao presidente, ‘esquecido’ em posts e fotos

Com a disputa eleitoral na rua e as pesquisas indicando liderança do ex-presidente Lula (PT) com vantagem entre 15 e 12 pontos, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta enquadrar seu próprio partido para que se engaje em seu projeto de reeleição. A dificuldade do presidente em ampliar com mais velocidade suas intenções de voto e seu alto índice de rejeição tem levado nomes importantes da legenda em corridas majoritárias a “esconderem” nas redes o apoio ao presidente. Para os cargos de deputado federal e estadual, a sigla já anunciou que pretende usar o caixa das campanhas como instrumento de pressão.

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Um levantamento feito pelo GLOBO com 14 das principais candidaturas do PL aos governos estaduais e ao Senado aponta que, no Facebook, principal plataforma digital no país, os perfis de cinco candidatos citaram Bolsonaro em menos de 10% das suas publicações nos últimos três meses. Os dados das últimas pesquisas não devem ajudar a mudar o cenário. O último Datafolha mostrou que a rejeição a Bolsonaro entre os eleitores segue a mais alta entre os candidatos, com 51%, embora venha caindo.

O governo Bolsonaro em imagens

Pedro Guimarães, presidente da CEF, foi acusado de assédio sexual por 5 ex-funcionárias — Foto: Pablo Jacob
'Eu dirijo a nação para o lado que os senhores desejarem', diz Bolsonaro a pastores. Presidednte se encontra com lideranças evangélicas e chorou ao relembrar da facada na campanha de 2018 — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo - 08/03/2022

Bolsonaro passeia de jet-ski com sua filha Laura no litoral de Santa Catarina, em dezembro de 2021. O presidente foi alvo de críticas por curtir dias de folga enquanto a tragédia das chuvas deixava mortos e desabrigados na Bahia  — Foto: Dieter Gross / iShoot/Agência O Globo

Distanciamento

Entre os que tentam se eleger governador pelo PL, Cláudio Castro, no Rio, e Ronaldo Dimas, no Tocantins, são os que mais evitam explorar a imagem de Bolsonaro. Nos últimos três meses, o atual governador do Rio, que está empatado tecnicamente com Marcelo Freixo (PSB) em primeiro lugar, fez apenas seis publicações com referências a Bolsonaro no Facebook, entre 177 postagens.

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A mais recente foi feita no dia 14 de agosto e se limita a registrar a presença do presidente na Marcha para Jesus, realizada no Rio naquele dia. “Me sinto um homem abençoado por poder fazer parte, junto ao presidente Jair Messias Bolsonaro, da maior manifestação evangélica do mundo”, escreveu. Antes disso, Bolsonaro só foi lembrado em 24 de julho, no lançamento de sua candidatura no Maracanãzinho. No Rio, Lula tem 41% das intenções de voto, ainda segundo o Datafolha, enquanto Bolsonaro marca 35%.

 — Foto: Editoria de Arte

— Foto: Editoria de Arte

Já Ronaldo Dimas citou Bolsonaro apenas cinco vezes em suas mais de 400 postagens no período. Na região Norte, Bolsonaro está empatado tecnicamente com Lula. A título de comparação, o ex-ministro João Roma (PL), candidato a governador na Bahia, que tem feito a associação com o presidente, mencionou Bolsonaro em 77 publicações, o equivalente a 40% do total.

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Nas disputas pelo Senado, Romário (RJ) e os ex-ministros Flávia Arruda (DF) e Rogério Marinho (RN) são os que mais evitam se ligar ao presidente. Romário fez apenas duas citações a Bolsonaro nos últimos três meses. As publicações foram sobre projetos de lei sancionados pelo presidente voltados para as categorias dos enfermeiros e dos profissionais de educação física.

Já Flávia, que lidera a disputa no Distrito Federal, economiza nas menções a seu antigo chefe. Foram apenas sete desde o fim de maio. A última ocorreu após o início da campanha, na quinta-feira. A ex-ministra compartilhou uma foto com Bolsonaro e lembrou seu papel no governo. “Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, recebi prefeitos de todo o país para fortalecer nossa aliança pela construção de um Brasil melhor”, postou.

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Outro ex-ministro com a mesma estratégia é Rogério Marinho, que ocupou a pasta de Desenvolvimento Regional. As postagens sobre Bolsonaro se tornaram mais escassas em agosto. Se em julho, foram nove publicações mencionando o presidente, este mês foram apenas duas, nenhuma delas após o início da campanha.

Com dificuldade em enquadrar os candidatos menos fiéis, a estratégia do PL vai ser “fechar a torneira” do fundo eleitoral para os concorrentes a deputado como forma de exigir apoio a Bolsonaro. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, baixou uma ordem para todos os diretórios da legenda condicionando o acesso ao fundão.

Estopim

Uma semana antes de pôr a campanha oficialmente na rua, o presidente nacional do PL chamou a Brasília o responsável pelo diretório estadual do Rio, o deputado federal Altineu Côrtes, e anunciou a medida. O lançamento de duas candidaturas ao Senado no campo bolsonarista, Daniel Silveira (PTB) e Clarissa Garotinho (União), estava dividindo forças no partido e, com isso, drenando o projeto de reeleição de Romário. Durante a conversa com Altineu, Valdemar acabou decidindo baixar uma ordem unida que valeria para todos os diretórios.

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O PL vai receber, de acordo com a divisão feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), R$ 288,5 milhões do fundo eleitoral. Em um vídeo que gravou para ser distribuído no Rio, Valdemar afirmou que o dinheiro é pouco para o tamanho que o partido tomou.

— O partido hoje triplicou de tamanho e continuamos com o mesmo fundo — expôs, para, em seguida, dar o recado. — Então é o seguinte: nós vamos repassar o dinheiro só para quem estiver na campanha com o Bolsonaro, com o Cláudio (Castro) e com o Romário. Precisa ter na propaganda os três. Nós vamos passar em partes, o dinheiro, e vamos ter esse controle. Isso é vida ou morte para nós.

A mesma mensagem foi encaminhada em versão escrita.

Por Marlen Couto e Berenice Seara

OGlobo.globo.com

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