Politica
Os governadores do rio, Claudio Castro, de SP, Tarcísio de Freitas, e de Minas, Romeu Zema
Governadores de Rio, SP e Minas se reposicionam e miram troca de sigla, de olho em novo ciclo eleitoral
No Rio, Castro avalia desfiliação ao PL em meio a afastamento do bolsonarismo, movimento inverso ao de Zema, que avalia deixar o Novo em Minas. Tarcísio, hoje no Republicanos, é cortejado pelo PSD em São Paulo
Recém-empossados em seus mandatos atuais, governadores de estados como Rio, Minas Gerais e São Paulo avaliam mudanças de partido de olho em um novo ciclo eleitoral e diante de perspectivas de voos nacionais. Reeleito como aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio, Cláudio Castro, já negocia um desembarque do PL em meio a uma aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em sentido inverso, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), estuda migrar para o partido de Bolsonaro e se consolidar no campo de oposição ao PT.
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Zema foi sondado ainda no início do ano passado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que tem manifestado sua intenção de filiar o governador mineiro. Na última campanha, Zema contrariou conselhos de aliados e optou por permanecer no Novo, que aceitou pela primeira vez formar coligações para atender sua chapa à reeleição. Agora, integrantes do PL avaliam que o próprio Zema vê com bons olhos uma mudança partidária, que pode lhe oferecer maior musculatura para lançar candidatos nas eleições municipais de 2024 e para buscar o espólio do bolsonarismo numa eventual candidatura presidencial.
Na próxima quarta-feira, Zema se reunirá com a bancada mineira do PL, em um encontro para aparar arestas após desentendimentos na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG). Apesar do atrito recente, envolvendo o rompimento do PL com um aliado de Zema na assembleia, o partido afirma nutrir boa relação e “gratidão” com o governador. No ano passado, Zema mergulhou na campanha de Bolsonaro no segundo turno.
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— Vejo esse interesse do Zema até porque o Novo não o valoriza. O partido foi para outro caminho na eleição e coube ao Zema tomar posição — afirmou o deputado Cristiano Caporezzo (PL-MG).
No Rio, atritos entre Castro e o PL na eleição à presidência da Assembleia Legislativa (Alerj) formaram o pano de fundo do iminente rompimento entre o governador e a legenda. Reservadamente, contudo, dois caciques de partidos da base de Castro avaliam que a pressa para deixar o PL já no início do mandato é uma tentativa de se descolar do bolsonarismo e estabelecer canais com o governo Lula. Segundo interlocutores de Castro, sua relação com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), principal liderança bolsonarista no estado, piorou após a reeleição, quando o governador removeu apadrinhados do primeiro escalão.
Castro mantém maior proximidade hoje com o PP, partido que, embora tenha apoiado Bolsonaro, tem bancadas menos vinculadas ao bolsonarismo e deve formar uma federação com o União Brasil, que integra o governo Lula. O próprio União, o MDB e o PSD, outras duas siglas aliadas ao governo petista, também abriram as portas a Castro.
O PSD também se mantém na órbita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que nomeou o presidente do partido, o ex-ministro Gilberto Kassab, como secretário de Governo. Kassab, hoje o principal articulador político de Tarcísio, acompanhou o governador a uma reunião com Lula em janeiro e, na avaliação de lideranças do Republicanos, tem buscado atraí-lo para o PSD.
O Republicanos, que busca frear o assédio a Tarcísio, trocou nesta semana o comando do diretório estadual de São Paulo. Sérgio Fontellas, que deve ingressar no segundo escalão do governo, deu lugar a Roberto Carneiro, que chegou a ser cotado para o secretariado de Tarcísio na transição. Carneiro, que presidia antes a sigla no Espírito Santo, é tido como homem de confiança do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira.
— Tarcísio tem bom alinhamento com o partido — minimizou o deputado estadual Gilmaci Nascimento (Republicanos-SP).
Fora do PSB
As mudanças partidárias também atingem governadores que encerraram o mandato. Paulo Câmara, que não conseguiu eleger sucessor em Pernambuco, deixou o PSB no fim de janeiro e deve assumir a presidência do Banco do Nordeste (BNB) como indicação pessoal de Lula. Aliados que fizeram parte da gestão de Câmara dizem que o ex-governador vinha sem ambiente no partido desde a campanha, e ficou descontente por não ter sido indicado pela sigla a um ministério. Para esses interlocutores, a tendência é que Câmara se filie ao PT no futuro, caso decida retornar à política.
Por Bernardo Mello — Rio
OGlobo.globo.com