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‘Cid não participava de reuniões, ele era ajudante de ordens’, diz Heleno sobre revelação de Mauro Cid em delação
Heleno diz que presença de Cid em suposta reunião golpista de Bolsonaro com comandantes é ‘fantasia’
Em delação, ex-ajudante de ordens disse que, após o 2º turno das eleições, então presidente e chefes das Forças Armadas teriam discutido ideia golpista.
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno classificou como “fantasia” o relato feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, de que teria presenciado reuniões em que o então presidente e chefes das Forças Armadas supostamente trataram de um golpe de Estado.
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O general da reserva deu a declaração durante depoimento à CPI dos Atos Golpistas, após um questionamento formulado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A investigadores da Polícia Federal, Mauro Cid disse que Bolsonaro teria se reunido com integrantes da Marinha e do Exército. Nesses encontros, o então presidente supostamente falou sobre uma “minuta de golpe”, que previa ilegalidades como afastamento de autoridades.
O ex-ajudante de ordens afirmou também que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier – que supostamente estava na reunião – teria manifestado apoio à ideia.
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Questionado por Eliziane se soube da ocorrência dessa reunião, Augusto Heleno declarou:
“Não [tive conhecimento]. E eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era o ajudante de ordens do presidente. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião com os comandantes de força e participar da reunião. Isso é fantasia. É fantasia”.
Heleno também criticou a divulgação de trechos da delação de Mauro Cid. “Me estranha muito, porque a delação está ainda sigilosa. Ninguém sabe o que o Cid falou”, declarou o ex-GSI.
Posteriormente, Eliziane afirmou que Cid, como ajudante de ordens, poderia até não participar da tomada de decisões nas reuniões de Bolsonaro, mas que, segundo relatos obtidos pela CPI, presenciava os encontros.
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‘Nunca ouvi falar’ de minuta do golpe
No depoimento à CPI, Augusto Heleno foi questionado sobre a existência de um documento com diretrizes para o estabelecimento de um golpe de Estado no Brasil. Heleno afirmou que “nunca” ouviu falar da suposta minuta.
“Nunca. Nunca nem ouvi falar. Eu estou sobre juramento. O presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que jogaria dentro das quatro linhas da Constituição. E eu não tive a intenção de fazê-lo sair das quatro linhas”, disse.
Heleno disse também que, se tivesse o “desejo de participar de um golpe”, teria “tirado” seu time de campo quando ouviu Bolsonaro afirmar que atuaria “dentro das quatro linhas”.
“A partir do momento que o presidente da República declarou com todas as letras que iria atuar dentro das quatro linhas, se eu tivesse lá, no recôncavo da minha alma, o desejo de participar de um golpe, eu já teria tirado meu time. Bom, o presidente já declarou que quer agir dentro das quatro linhas, está encerrado o assunto”, afirmou.
‘Bandido não sobe a rampa’
A relatora Eliziane Gama também questionou o general Heleno sobre uma fala em que o ex-GSI teria dito que “bandido não sobe a rampa”, durante conversa com apoiadores de Bolsonaro no Palácio da Alvorada no fim de 2022.
Segundo a senadora, na ocasião, os bolsonaristas se referiam a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela, então, perguntou ao general se ele mantinha a mesma opinião. “Eu até hoje acho que bandido não sobe a rampa”, respondeu Heleno.
Na sequência, Heleno disse acreditar que não houve uma tentativa de golpe no país. “Para caracterizar uma tentativa de golpe, em um país de 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados, mais de 200 milhões de habitantes, é preciso uma estrutura muito bem montada, é preciso haver uma direção uma cabeça, muito preparada para conseguir fazer um golpe em plena era da comunicação, em plena era da tecnologia, que dê certo com meia dúzia de curiosos que faz umas besteiras”, declarou.
Sobre o acampamento montado por apoiadores de Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, Augusto Heleno disse que considerava o movimento uma “manifestação política e pacífica” – o que foi rechaçado pela relatora.
O general também disse que “jamais tratou de política” com os servidores do Gabinete de Segurança Institucional, pasta que chefiou na gestão Bolsonaro.
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Por Beatriz Borges, Pedro Alves Neto, Gustavo Garcia, g1 — Brasília