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Operação contra manipulação de jogos chega à terceira fase e cumpre 10 mandados

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CEO de empresa que analisará arbitragem no Carioca diz sobre manipulação no Brasileirão: “99% convencidos”

Em entrevista ao ge, francês Thierry Hassanaly garante precisão nos relatórios da Good Game!, que preparou o relatório contratado por John Textor no ano passado

O sonho de quem trabalha com futebol é encontrar uma forma de reduzir cada vez mais a margem de erro da arbitragem. Minimizar com fatos qualquer discussão por um resultado que envolva lances polêmicos. A utopia futebolística é o objetivo da Good Game!, empresa francesa fundada em 2019 e contratada pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) para fazer relatórios sobre parte dos jogos do Campeonato Carioca, especialmente clássicos, semifinais e final.

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Dono da SAF do Botafogo, John Textor pode ser considerado o responsável por apresentar a empresa ao Brasil. No ano passado, ele pediu relatórios sobre jogos do Botafogo e de adversários no Campeonato Brasileiro. Depois, apresentou o resultado alegando que o clube havia sido repetidamente prejudicado e deveria ter sido campeão no lugar do Palmeiras de acordo com a avaliação.

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CEO da Good Game!, o francês Thierry Hassanaly conversou com o ge sobre o trabalho da empresa e seus objetivos na parceria com a Ferj, que ele espera estender para o restante do país. Ele não só espera melhorar o trabalho da arbitragem no Brasil, como também buscar identificar jogos manipulados, que é o tema original do fundador Pierre Sallet.

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Thierry Hassanaly, CEO da Good Game! — Foto: Arquivo pessoal

Thierry Hassanaly, CEO da Good Game! — Foto: Arquivo pessoal

Segundo Thierry, especialista em finanças e gerenciamento de negócios por 20 anos e fundador da Inspirit Partners, ele tem condições de afirmar com base nos dados que alguns jogos do Brasileirão foram manipulados.

– Temos muitos clientes, federações, clubes, serviços de investigação policial e de justiça e também casas de apostas. Para casas de apostas, monitoramos partidas de competições de vários lugares, do Brasil, África, Meio Oeste, América do Sul. Sobre algumas partidas do Brasileirão, baseado em nossas ferramentas, tecnologia e soluções, estamos 99% convencidos de que alguns jogos foram manipulados – afirmou Thierry.

– É muito difícil que a manipulação envolva todo o time, todos os jogadores. Normalmente, um, dois ou três jogadores.

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Essa precisão do CEO está atrelada ao trabalho feito por Pierre em 2012, durante uma investigação de manipulação de resultados no handebol para favorecimento de apostas. Ele colaborou em um julgamento que levou à condenação do sérvio naturalizado francês Nikola Karabatic, superastro do esporte, que atuava pelo Montpellier na época, e de outras 15 pessoas. Depois do sucesso no caso, ele trabalhou para criar o método utilizado hoje pela empresa.

Nikola karabatic frança catar mundial — Foto: EFE

Nikola karabatic frança catar mundial — Foto: EFE

– Tudo que produzimos pode ir para o tribunal. Tudo que dizemos tem que ser 99% correto. Por isso, quando dizemos que uma partida é manipulada, temos 99% de certeza, porque podemos ir para o tribunal, costumamos ir ao tribunal, civil e esportivo. Não significa que você possa ir ao tribunal e ser condenado apenas baseado em um relatório da Good Game!. Tem que haver outras provas – explicou Thierry.

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O começo do trabalho foi com manipulação de jogos. Depois disso, veio o desenvolvimento de soluções para a arbitragem. Segundo Thierry, percentual de acerto é de 99%. Ele explicou como funciona a elaboração de um relatório sobre um jogo.

– Nosso método é simples de entender. Temos duas etapas no processo. A primeira é humana, com operadores, como um videogame. Depois, coloca os dados nos sistema de algoritmo, e ele diz se a partida é manipulada ou não. Em um jogo, temos dois operadores. E temos um supervisor, que trabalha em outros jogos ao mesmo tempo – disse.

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Árbitros do Carioca estão em pré-temporada no Luso-Brasileiro — Foto: Divulgação

Árbitros do Carioca estão em pré-temporada no Luso-Brasileiro — Foto: Divulgação

Na equipe, não há ex-árbitros. Segundo o CEO, eles já tiveram discussões desse tipo, mas entendem não ser necessário.

– Nossa bíblia é a regra. Não é como você pensa que é, mas como é. Não acho necessário, porque temos visões diferentes. Arbitragem é arbitragem ao vivo no campo. Nosso trabalho é analisar o que acontece no vídeo. Nós não queremos estar no campo e agir como árbitro, não é o que queremos nem temos condições disso. Não é o nosso trabalho – comentou Thierry.

E continuou:

– Por outro lado, o árbitro não é treinado para assistir a vídeos e fazer análises apenas baseado no vídeo, porque é diferente. Nossa solução é ao vivo. Durante os jogos, quando o árbitro consulta o VAR, nós já tomamos nossa decisão ao vivo, se é correto ou não. Não temos acesso a todas as imagens que estão na sala do VAR.

Thierry alegou confidenciabilidade para não falar sobre os contratos da empresa, mas citou o Lyon como ponto de partida para ter conhecido John Textor. O CEO explicou como a Ferj chegou até a empresa.

– Em algum momento, o que entendo, é que alguém do Botafogo, até mesmo John Textor, mostrou o relatório para a Federação. Essa pessoa ficou impressionada e disse que queria nos conhecer – contou.

Sobre os trabalhos feitos pela empresa, ele também falou sobre um escândalo recente no handebol na Dinamarca e citou especificamente um relatório no jogo das quartas de final da Copa do Mundo de Rugby do ano passado, quando a África do Sul eliminou a França.

– Temos duas categorias de erro: de pouco impacto, que pode ser uma falta no meio do campo, ou grave, de muito impacto, que seria um pênalti, com influência no resultado, pensando no futebol. No relatório que fizemos desse jogo de rugby, houve pelo menos cinco erros graves, muito graves, todos favoráveis para a África do Sul. Foi a primeira vez na história que países como França, Gales e Nova Zelândia ou Inglaterra pediram explicações para a World Rugby sobre a arbitragem – explicou.

Reunião da Ferj com clubes sobre arbitragem no Carioca — Foto: Ursula Nery/FERJ

Reunião da Ferj com clubes sobre arbitragem no Carioca — Foto: Ursula Nery/FERJ

Nesse trabalho com a Ferj, Thierry espera mostrar a boa intenção da Good Game! em ajudar o futebol brasileiro, principalmente depois dos recentes de casos de manipulação envolvendo apostas. Ele acredita que a Federação tenha o mesmo intuito. O CEO é apaixonado pelo Brasil, esteve no Maracanã na Copa do Mundo de 2014 e em uma viagem com a família em 2019, quando passou a virada do ano em Copacabana. Espera voltar outras vezes.

– A Ferj quer um futebol melhor, mais justo, com arbitragem melhor. Eles querem que o árbitro faça um trabalho melhor. Nem tudo é manipulado. Há erros que podemos evitar se aprendermos, praticarmos. Espero que tenhamos boas relações com clubes brasileiros, a CBF em algum momento. Quando se fala de futebol, se fala de Brasil. É o melhor lugar para estar envolvido. Se tivermos chance de visitar esse grande país faremos novamente. Queremos que o público saiba que nós fazemos as coisas por um futebol melhor – afirmou.

No Campeonato Carioca, a Ferj realizou mais uma vez pré-temporada para os árbitros. Na competição, o VAR será utilizado apenas nos clássicos, semifinais e final. Caso algum clube queira utilizar a ferramenta em outro jogo, deverá arcar com os custos. A competição segue esta semana com os seguintes jogos:

  • Quarta-feira, 24
  • 16h Bangu x Nova Iguaçu
  • 19h Portuguesa x Sampaio Corrêa
  • Boavista x Botafogo
  • Quinta-feira, 25
  • Vasco x Madureira
  • Audax x Fluminense

Por Thales Soares

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