Internacional
Acontece nesta terça-feira (5) a data mais importante do período pré-eleitoral americano:
Começa a Superterça, que reúne primárias em até 16 estados dos EUA e deve consolidar Biden e Trump como ‘favoritaços’
Data é a mais importante antes da eleição americana. Superterça costuma ser decisiva, mas consolidação de Biden e Trump torna cenário previsível e deve esvaziar a importância da votação.
Acontece nesta terça-feira (5) a data mais importante do período pré-eleitoral americano:a Superterça, como é chamado o dia no qual vários estados votam simultaneamente em candidatos à Presidência dos Estados Unidos.
Historicamente, o dia costuma ser decisivo tanto para o Partido Republicano quando para o Democrata, mas, principalmente, para a sigla que está na oposição — desta vez, os republicanos.
Mas, diferentemente de outras Superterças com disputas acirradas, neste ano as candidaturas dos dois lados já estão praticamente definidas. Apesar das polêmicas como a questão da idade e da falta memória, pelo lado de Joe Biden, e dos processos judiciais que o republicano Donald Trump enfrenta na Justiça, ambos despontam como favoritos absolutos em seus partidos.
Trump foi presidente dos EUA entre 2017 e 2020; nesta segunda, foi liberado pela Suprema Corte para concorrer. Biden ocupa a presidência dos Estados Unidos desde janeiro de 2021, após derrotar Trump nas eleições de 2020.
Nos Estados Unidos, os pré-candidatos de cada partido disputam prévias em cada estado e território do país, elegendo um certo número de delegados (representantes) em cada um deles. Quem tiver o maior número de delegados ao final do processo se torna o candidato do partido à Presidência. Os maiores colégios eleitorais são os da Califórnia e do Texas.
Neste ano, 15 estados votarão na Superterça pelo Partido Republicano; pelos democratas, serão 16 locais, incluindo o território da Samoa Americana. Os primeiros resultados devem ser conhecidos entre as 20h e as 23h desta terça-feira — as definições ficarão para as primeiras horas de quarta (6).
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O “super” da data se dá pelo grande número de delegados envolvidos no mesmo dia. O candidato republicano, por exemplo, precisa de 1.215 delegados para ser indicado à Presidência. Só na Superterça republicana estão em jogo 854 delegados.
Apesar do favoritismo, pela contagem de delegados, nem Trump nem Biden conseguirão a nomeação com a Superterça. Pelos cálculos, os dois pré-candidatos só poderiam ser confirmados como candidatos a partir de meados de março: Trump em 12 de março; Biden, em 19 de março.O que é a Superterça, principal ‘esquenta’ das eleições americanasSaiba mais
Superterça já foi decisiva
A votação da Superterça já foi decisiva, por exemplo, para o ex-presidente Barack Obama na disputa com Hillary Clinton em 2008 e para Donald Trump na corrida pré-eleitoral em 2016. Os dois acabaram vencendo as eleições nesses anos. Foi acirrada também em 2012, entre os republicanos, e em 2020, para os democratas.
Eleições nos EUA: O que é e qual a importância da Superterça
Mas neste ano, no entanto, os superlativos devem acabar diminuídos diante de um cenário previsível tanto para Trump como para Biden, na avaliação de especialistas ouvidos pelo g1.
Por isso, a Superterça deste ano será a menos importante das duas últimas décadas, na avaliação do analista político Sam Logan, fundador da consultoria de Washington Southern Pulse.
“Em anos como o de 2016, quando o Trump entrou em definitivo na disputa, o grau de relevância da Superterça foi muito maior que o desta vez”, disse Logan ao g1. “Mas as primárias no geral têm perdido importância, com exceção desses episódios específicos”.
Do lado democrata, Biden enfrenta outros dois candidatos, mas desponta como o grande favorito.
Já do lado republicano, Donald Trump enfrenta apenas uma rival, a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, e, até agora, está vencendo por ampla maioria de delegados. Ele ganhou de Haley em todas as primárias republicanas até aqui: Nevada, Ilhas Virgens, Michigan (onde há duas primárias), Idaho, Missouri, Iowa, New Hampshire e Carolina do Sul, este último berço político da rival.
Osquatro processos aos que o ex-presidente Donal Trump responde na Justiça dos EUA não parecem ter afetado, até agora, sua campanha, segundo mostram pesquisas feitas com eleitores republicanos.
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Nikki Haley pode esquentar votação — ou desistir
Nikki Haley discursa durante primárias republicanas na Carolina do Sul. — Foto: Reuters
Ainda assim, a avaliação dos especialistas é que a maior chance de que a Superterça “esquente” e recupere protagonismo neste ano dependerá do desempenho de Nikki Haley.
Isso porque a única rival de Donald Trump atende ao perfil dos eleitores republicanos da maior parte dos estados que votarão na data, mais moderados, com formação universitária e mais resistentes a propostas radicais de Trump, este mais alinhado à extrema-direita.
É o caso do perfil do eleitorado de Massachusetts e Virginia, as grandes apostas de Nikki Haley.
Este é um dos fatores que explicam por que doadores da campanha de Haley continuam colocando dinheiro em sua candidatura — nos EUA, não existem fundos públicos para campanhas eleitorais, que devem ser inteiramente bancadas por doações.
“Se ela ganhar em um ou dois estados, é possível que ela permaneça na corrida por mais algumas semanas e, assim, Trump não conseguirá unir o Partido Republicano, mesmo que Haley não consiga derrotá-lo”, disse ao g1 o analista político James Bosworth, da consultoria de risco político dos Estados Unidos Hxagon.
Segundo Bosworth, pesquisas de opinião entre republicanos dos estados que já passaram por prévias eleitorais têm apontado índices de rejeição a Donald Trump cada vez maiores. “Se essas pesquisas mostrarem o mesmo na Superterça, isso sinalizará um grande problema para a campanha de Trump”, afirmou.
Não significa que a tarefa de Haley seja simples: apesar da rejeição, Trump segue favorito na grande maioria dos estados, de acordo com as pesquisas. Entre eles estão a Califórnia e o Texas, os dois mais importantes da Superterça.
Sua campanha projeta que ele conquistará pelo menos 773 delegados na data e garantirá, assim, sua indicação como candidato republicano uma ou duas semanas depois, dependendo da contagem dos votos.
Se essa projeção se confirmar, há a expectativa de que Haley possa anunciar a desistência da corrida eleitoral.
Estados que votam
Partido Republicano
- Alabama (50 delegados);
- Alasca (29 delegados);
- Arkansas (40 delegados);
- Califórnia (169 delegados);
- Colorado (37 delegados);
- Maine (20 delegados)
- Massachusetts (40 delegados);
- Minnesota (39 delegados);
- Carolina do Norte (74 delegados);
- Oklahoma (43 delegados);
- Tennessee (58 delegados);
- Texas (161 delegados);
- Utah (40 delegados);
- Vermont (17 delegados);
- Virginia (48 delegados).
Partido Democrata
- Alabama (52 delegados)
- Arkansas (31 delegados)
- Califórnia (424 delegados)
- Colorado (72 delegados)
- Iowa: (40 delegados)
- Maine (24 delegados)
- Massachussets (92 delegados)
- Minnesota (75 delegados)
- Carolina do Norte (116 delegados)
- Oklahoma (36 delegados)
- Tennessee (63 delegados)
- Texas (244 delegados)
- Utah (30 delegados)
- Vermont (16 delegados)
- Virgínia (99 delegados)
- Território da Samoa Americana (6 delegados)
Cada estado pode ter processos diferentes de votação – as primárias ou os chamados caucus (veja o vídeo abaixo e entenda como funciona).Reproduzir vídeoReproduzir00:00/00:00Silenciar somMinimizar vídeoTela cheia
Funciona Assim Eleições dos EUA: entenda o que são as primárias e os caucus
Por g1