Internacional
Acompanhado pela segurança presidencial, Jair Bolsonaro deixa hotel onde está hospdedado em Nova York
Integrantes do Itamaraty esperam discurso mais moderado de Bolsonaro, mas sem resultados
Integrantes do Itamaraty têm a expectativa de que o discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira, siga uma linha “mais moderada” do que os anteriores. É praticamente consenso, no entanto, que a fala não tem capacidade de restaurar a imagem do Brasil no exterior. A avaliação dos diplomatas é que a falta de credibilidade do presidente e do país permanecerão, já que todas as ações de Bolsonaro vão em direção oposta ao equilíbrio e à moderação.
Acompanhado pela segurança presidencial, Jair Bolsonaro deixa hotel onde está hospdedado em Nova York | Stefan Jeremiah
Integrantes do Itamaraty têm a expectativa de que o discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira, siga uma linha “mais moderada” do que os anteriores. É praticamente consenso, no entanto, que a fala não tem capacidade de restaurar a imagem do Brasil no exterior. A avaliação dos diplomatas é que a falta de credibilidade do presidente e do país permanecerão, já que todas as ações de Bolsonaro vão em direção oposta ao equilíbrio e à moderação.
Entre essas ações, diplomatas apontam o negacionismo do presidente sobre a vacina, o desmonte da política ambiental e os discursos golpistas, em especial no 7 de setembro. Lembram que também pesa contra a credibilidade de Bolsonaro as duas falas que já fez na ONU, repletas de teorias negacionistas e com ataques a outras nações.
A proposta da discurso encaminhado a Bolsonaro pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, e sua equipe buscou focar aspectos positivos do país, em especial sobre a vacinação contra a Covid-19. Entre os temas destacados pelo Itamaraty estão campanhas de vacinação, a perspectiva de vacinar todos os brasileiros com primeira ou segunda dose até outubro e o projeto de transformar o Brasil em um polo produtor de vacinas. Além disso, foi sugerido a Bolsonaro sinalizar doações de vacinas a países da região.
No proposta do discurso, o Itamaraty destacou também acenos sobre compromissos assumidos pelo presidente brasileiro na Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril. Entre eles estão o aumento do orçamento do Ibama, além de dados e ações sobre a redução do desmatamento em relação ao ano passado. Na área humanitária, foi proposto a Bolsonaro fazer uma menção ao acolhimento de afegãos pelo governo brasileiro, com citação a uma portaria que prevê a concessão de vistos a refugiados.
A avaliação de integrantes do Itamaraty é que o ministro França tentou se equilibrar entre a tentativa de recompor a imagem do Brasil e acenos à base bolsonarista. A dúvida que permanece entre membros da pasta é o quanto dessas sugestões serão acatadas por Bolsonaro. Membros da comitiva presidencial nos Estados Unidos relataram que o presidente mostrou descontentamento com o texto que recebeu.
– Chegou ao presidente um discurso menos inflamado. O interessante é ver se esse equilíbrio vai prevalecer – disse à coluna um integrante do alto escalão da pasta das Relações Exteriores.
Mesmo que Bolsonaro adote um tom mais moderado, os diplomatas não têm ilusões de que haja volta a uma linha mais tradicional do Itamaraty, responsável pelo respeito e reputação do Brasil no âmbito mundial. Se o presidente relativizar, porém, acreditam que já há algum ganho, em especial na área diplomática.
Por Bela Megale
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