Geral
Além dos três mortos, outras 13 pessoas ficaram feridas no atentado.
‘Perdi minha filha para o ódio’: família se despede da menina morta em ataque a escolas em Aracruz
Selena Zagrillo tinha 12 anos e estudava no 6º ano do Centro Educacional Coqueiral. Família mudaria de estado em poucas semanas.
Aos prantos, a mãe de de Selena Zagrillo, de 12 anos, morta no ataque as escolas em Aracuz, no Espírito Santo, disse que perdeu a filha para o ódio.
“A minha filha sempre foi luz e amor, e eu perdi a minha filha para o ódio”.
Selena estava no 6º ano e estudava na escola particular que foi invadida por um atirador nesta sexta-feira (25). A mãe, Thais Sagrillo Zucoloto, contou que a menina estudava seus últimos dias na unidade, porque iria se mudar para a Bahia com a família. A mãe, não estava no Espírito Santo no dia do crime.
“Não sei como eu vou seguir sem ela. Perder um filho é uma dor que ninguém está preparado. Nenhuma mãe, nenhum pai. Só Deus pra me dizer como eu vou seguir de agora em diante”, desabafou a mãe de Selena.
O corpo da vítima foi velado neste sábado na cidade. A cerimônia foi marcada por comoção de amigos, familiares e moradores que se chocaram com o crime.
Durante a noite, moradores acenderam velas e colocaram flores e cartazes em homenagem às vítimas em frente as escolas Primo Bitti e Centro Educacional Coqueiral, onde Selena estudava. O corpo da menina chegou ainda durante a madrugada na capela mortuária de Coqueiral de Aracruz.
Populares deixaram flores, acenderam velas e colaram cartazes na fachada de escola em homenagem a vítimas dos ataques em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta
A empresária Tamiris Fanttini Sagrillo, tia de Selena, foi a primeira pessoa da família a chegar à escola após o ataque. Do portão, ela gritava por respostas. (veja o vídeo acima)
“Quero agradecer principalmente a ação da polícia, por ter agido tão rápido e ter prendido o sujeito, e só quero pedir justiça pela minha sobrinha que é tão amada. A dor que ele causou ele tem que pagar”, falou a tia de Selena.
Desesperada, tia Selena foi a primeira familiar a chegar na escola após o ataque em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta
O bairro Coqueiral é conhecido pela tranquilidade. Moradores que vivem na região há décadas relataram que chegam a ficar em casa com portas abertas, mas que viram a tranquilidade ser interrompida por momentos de terror nesta sexta.
“A gente vê na televisão mas a gente nunca acha que vai acontecer no lugar que a gente mora. A comunidade tá toda comovida, eu nem sei nem o que dizer, gente, porque é muito triste”, disse a executiva de negócios Rosiane Demarchi Lyra, moradora de Coqueiral.
LEIA TAMBÉM:
- Ataque a escolas em Aracruz: o que falta esclarecer
- Assassino que invadiu escolas e matou três no Espírito Santo é apreendido
- Assassino que invadiu escolas e deixou três mortos no Espírito Santo usou armas do pai PM
- Seis vítimas do ataque a escolas em Aracruz seguem hospitalizadas
Selena Sagrillo é uma das vítimas do ataque em Aracruz — Foto: Reprodução
Boa aluna, Selena havia acabado de receber um certificado pelo bom desempenho na escola. Entre os moradores, a menina era conhecida pela simpatia.
“Uma gracinha de menina, meiga, com tudo pela frente, tadinha. Está sendo muito triste para todo mundo. Coqueiral está em luto”, declarou a aposentada Dalva Lyra, moradora de Coqueiral.
Familiares de Selena, menina morta em ataque em Aracruz — Foto: João Brito/TV Gazeta
Com um abraço coletivo, familiares e amigos de Selena tentavam buscar forças, um nos outros, e um pouco de paz e conforto, depois de um episódio que não será esquecido por eles e que impactou a sociedade.
“Já chega de tanto ódio gratuito. Minha filha não fez nada. E quantas outras mães estão na mesma situação que eu? Quantas outras vítimas em escolas a gente vai ter? A gente precisa de amor agora, e de paz”, clamou a mãe de Selena.
Vítimas
Selena Zagrillo, Maria da Penha Banhos e Cybelle Bezerra foram mortas em ataques a escolas em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Além de Selena Zagrillo, morreram nos ataques as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos de 48 anos, conhecida como Peinha, e Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos.
Além dos três mortos, outras 13 pessoas ficaram feridas no atentado. Até o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo, na manhã deste sábado, seis pessoas estavam internadas em hospitais estaduais, cinco das vítimas em estado grave, incluindo duas crianças.
O ataque
O ataque a duas escolas deixou três mortos e outros 13 feridos em Aracruz, nesta sexta-feira (25). A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial militar. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).
Os disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da capital.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na unidade, duas professoras foram mortas.
Na sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na unidade, uma aluna foi morta. Após o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na tarde de sexta.
Neste sábado, a Polícia Civil informou que o criminoso vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas.
Por Álvaro Guaresqui e João Brito, g1 ES e TV Gazeta — Vitória
G1.globo.com