Esporte
Além dos três pontos, Fluminense teve saldo positivo na Arena Condá
Flu sofre para vencer a lanterna Chapecoense e volta a apresentar problemas defensivos
Análise: Fluminense fecha o turno perto do G-6, mas ainda é cedo para sonhar com a Libertadores
Para quem chegou a flertar com a zona de rebaixamento no mês passado, o Fluminense termina o primeiro turno do Campeonato Brasileiro com quatro jogos de invencibilidade e só a três pontos do G-6. Mas ainda é cedo para a torcida tricolor se empolgar e sonhar com o retorno à Libertadores. Se por um lado a pontuação deixa a classificação mais perto, por outro o desempenho irregular deixa a vaga mais distante.
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Melhores momentos: Chapecoense 1 x 2 Fluminense, pela 19ª rodada do Brasileirão
A vitória sofrida por 2 a 1 sobre a lanterna Chapecoense (veja os melhores momentos no vídeo acima), na noite da última terça-feira na Arena Condá, é um claro exemplo de que a equipe ainda não está pronta. Contra o pior time não só do campeonato, como também de pior campanha na história dos pontos corridos, o Fluminense conseguiu complicar um jogo que estava em sua mão.
Além dos três pontos, Fluminense teve saldo positivo na Arena Condá — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC
O início promissor, com 66% de posse de bola, duas finalizações e dois gols contra nenhum chute do adversário em 20 minutos, foi como uma ilusão de ótica. Ainda no primeiro tempo, a Chapecoense reagiu e teve chances até de empatar, mas parou na noite inspirada de Marcos Felipe. Na etapa final foi ainda pior, e o Fluminense perdeu totalmente o controle do jogo diante do lanterna, que terminou com mais oportunidades de gol: cinco a quatro.
Scout – Chapecoense x Fluminense
Quesito | Chapecoense | Fluminense |
Posse de bola | 51% | 49% |
Finalizações | 10 | 7 |
Chances de gol | 5 | 4 |
Passes certos | 447 | 381 |
Passes errados | 91 | 70 |
Desarmes | 30 | 29 |
Faltas | 18 | 4 |
Impedimentos | 1 | 0 |
Fonte: ge
As falhas defensivas voltaram a acontecer, especialmente na bola aérea, e o problema parece ir além da falta de concentração apontada por Marcão. No lance do gol de Perotti, Samuel Xavier deu um bote no meio de campo e deixou um buraco às suas costas para Denner cruzar. Nino, então, foi obrigado a sair da área para marcar o ponta, deixando Luccas Claro sozinho contra dois na área. Já não é a primeira vez que um adversário usa essa estratégia para tirar um zagueiro de sua posição.
Nino saiu da área para cobrir Samuel Xavier no lance do gol de Perotti — Foto: ge
A Chapecoense também assustou nos escanteios, onde Marcão precisa acertar o posicionamento. No lance em que Marcos Felipe salvou a cabeçada de Alan Santos, o “baixinho” Martinelli marcava a primeira trave, enquanto Nino ficou no segundo poste, com Bobadilla centralizado na pequena área. O habitual nesse tipo de jogada é o centroavante, por ser geralmente mais alto, ficar solto no primeiro pau para atacar a bola. Sem tanta estatura, Martinelli não alcançou.
Posicionamento tricolor no escanteio foi falho em quase gol de Alan Santos — Foto: ge
Ofensivamente, mesmo com um ataque bastante modificado, sem Fred e Arias, o Fluminense até que conseguiu criar. Foram quatro oportunidades (duas de bola parada) que o time teve para marcar: o gol de Bobadilla cara a cara com o goleiro aos nove minutos; a cabeçada certeira de Luiz Henrique aos 17; o chute mascado de Martinelli na área após boa jogada de Caio Paulista, aos 43; e a cabeçada do centroavante paraguaio que passou bem perto, aos 19 do segundo tempo.
Veja a defesaça de Marcos Felipe em cabeçada de Alan Santos
À medida que a Chapecoense se arriscou e colocou mais jogadores de ataque, o Fluminense recuou demais, perdeu o meio de campo e ficou sem saída de contra-ataque. E as alterações mais uma vez não surtiram efeito, exceto Caio Paulista, que substituiu o lesionado Luccas ainda no primeiro tempo. Nenê entrou na ponta, onde não tem muita velocidade; Abel Hernández foi mais um lateral-esquerdo para dobrar a marcação com Danilo Barcelos; e Nonato e Wellington nada acrescentaram no fim.
Bobadilla foi o melhor em campo e fez sombra para Fred — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC
Um fato curioso é que Caio Paulista, antes da lesão, virou titular absoluto e principal jogador com Roger Machado como ponta-direita. Nesta volta ao time, entrou como ponta-esquerda onde estava Lucca e lá ficou até o fim, mesmo após a saída de Luiz Henrique no segundo tempo. Imaginando a possível dobradinha com Arias, a tendência é que Caio retorne para o lado direito.
Caio Paulista voltou ao time depois de 11 jogos fora — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC
Por mais que a atuação tenha sido preocupante na Arena Condá, o saldo foi positivo além dos importantes três pontos: Bobadilla aproveitou a brecha para mostrar oportunismo e bom pivô e se consolida à frente de Abel Henrández como sombra de Fred; Marcos Felipe parece ter recuperado a confiança que vinha demonstrando; e Caio Paulista jogou quase a partida inteira e suportou bem o ritmo, mesmo depois de tanto tempo parado por lesão.
O próximo compromisso promete ser um bom sarrafo para este ainda inconstante Fluminense: o time de Marcão recebe o também irregular São Paulo no domingo, às 20h30 (de Brasília), no Maracanã, adversário que o clube não vence desde 2019. Os jogadores retornam de Chapecó nesta quarta-feira, tiram o restante do dia de folga e se reapresentam na manhã de quinta no CT Carlos Castilho. Com 25 pontos, o Tricolor é o sétimo colocado do Brasileirão.
Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
Ge.globo.com