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Assembleia geral da Libra, em São Paulo, na sexta-feira passada

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Em nova oferta à Libra, Mubadala propõe pagar R$ 4 bilhões mesmo sem adesão de todos os clubes

Caso pelo menos 18 clubes aceitem os termos do fundo árabe, com pelo menos sete dos dez maiores, negócio será levado adiante. Movimento é nova tentativa de esvaziar o Forte Futebol

Interessado em se tornar sócio da futura liga de clubes do futebol, porém travado pelo impasse entre Libra e Forte Futebol, o Mubadala apresentou nova oferta aos integrantes da Libra. É o movimento mais agressivo feito em meses pelo fundo dos Emirados Árabes.

Em reunião realizada na última sexta-feira, em São Paulo, dirigentes aprovaram os termos do acordo e passaram a fazer ajustes na minuta contratual. Pequenas mudanças vêm sendo feitas desde então.

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Capelo explica nova proposta do Mubadala à Libra, para que fundo árabe se torne sócio da liga

O valor global se mantém inalterado, em R$ 4,75 bilhões, para a hipótese em que pelo menos 34 clubes assinam contrato – tratada como ideal pelos investidores. A novidade está na inserção de cenário parcial, no qual serão pagos R$ 4 bilhões, caso o número de clubes fique entre 18 e 33.

Existe condição para que o cenário parcial se confirme. Pelo menos sete dos dez clubes com maiores valores previstos precisam aceitar o acordo. Em termos práticos, significa dizer que o contrato com o Mubadala só será válido se for assinado por sete dos seguintes clubes:

  • Flamengo
  • Corinthians
  • Palmeiras
  • São Paulo
  • Cruzeiro
  • Grêmio
  • Santos
  • Vasco
  • Botafogo
  • Bahia

Na hipótese dos R$ 4 bilhões, o valor será pago pela investidora independentemente da quantidade de clubes a assinar a proposta. Ou seja, caso apenas 18 clubes participem do negócio, eles receberão a parte que caberia inicialmente, mais os valores que seriam pagos aos rivais.

Além disso, foi incluído na proposta o pagamento de R$ 3 milhões a cada clube, como “sinal de boa vontade”. Caso os termos sejam aceitos, o valor será depositado nas contas dos clubes em até 30 dias após a assinatura da oferta vinculante (que gera obrigações entre as partes).

Esses detalhes constam do novo MOU (sigla em inglês para “memorando de entendimento”), a ser assinado pela Libra com o Mubadala. O documento indica acordo entre duas ou mais partes, com um propósito em comum entre elas, em estágio preliminar à assinatura definitiva.

Assembleia geral da Libra, em São Paulo, na sexta-feira passada — Foto: Reprodução

Assembleia geral da Libra, em São Paulo, na sexta-feira passada — Foto: Reprodução

O procedimento se tornou novamente necessário, para que o fundo árabe tenha exclusividade sobre a fundação da liga por iniciativa da Libra, pois o MOU que havia sido assinado expirou recentemente.

Entre as pequenas mudanças contratuais que vêm sendo discutidas desde a reunião entre cartolas, está o prazo de validade do novo acordo. Inicialmente, o Mubadala teria exclusividade por 90 dias, até que o negócio fosse concretizado. Após negociação, o período passou a 60 dias.

Mubadala é um fundo de investimentos dos Emirados Árabes, cujo dinheiro é proveniente do fundo soberano do país. A subsidiária da empresa no Brasil, que também conta com recursos de investidores nacionais, é a responsável por negociar a compra de parte da futura liga.

O intuito dos investidores, ao se tornarem sócios da liga, é recuperar o investimento e lucrar no longo prazo, na medida em que receberão 20% das futuras receitas do Campeonato Brasileiro.

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Bastidores da reunião

A reunião entre dirigentes em São Paulo, na última sexta, sacramentou a mudança no mínimo garantido a que os clubes terão direito na futura liga.

Inicialmente, apenas Flamengo e Corinthians tinham a segurança contratual de que os valores recebidos por eles, por meio da liga, seriam no mínimo iguais aos que já recebem. A decisão conjunta foi pela extensão do benefício a todos os clubes, com base nas cifras atuais.

Na prática, a mudança beneficia quem manteve mínimos garantidos nos contratos com a Globo, Grêmio e Palmeiras, em relação aos direitos do pay-per-view. Como outros clubes abdicaram de seus mínimos anos atrás, os valores deles são proporcionalmente mais baixos.

Outra alteração relevante, ainda nessa linha, é que o mínimo garantido passa a valer sobre a “receita líquida” da liga, já descontados os 20% que deverão ser repassados ao Mubadala.

No encontro entre dirigentes, houve mais uma vez antagonismo entre dirigentes de Flamengo e Palmeiras. Participaram por teleconferência Rodolfo Landim, Rodrigo Dunshee de Abranches e Gustavo Oliveira, por parte rubro-negra, e Leila Pereira, pela alviverde, presencialmente.

Representantes do clube carioca voltaram a um ponto que estava dado como superado: eles queriam que o fundo árabe desse garantias de que o valor dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro não seria menor do que o atual. Caso a quantia arrecadada futuramente ficasse abaixo da presente, o Mubadala teria de cobrir a diferença.

A reivindicação rubro-negra foi recusada pelo fundo. Então, Leila voltou a divergir da posição dos adversários. A cartola vem adotando posição antagônica ao Flamengo desde o início do ano.

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Leila Pereira dispara contra o Flamengo na Libra: “Precisa uma mulher bater na mesa e dizer: acorda!”

Entenda a formação dos blocos

Para entender o estado atual das negociações pela fundação da liga, cabe recapitular o que aconteceu de mais importante – e como se formaram grupos antagônicos de dirigentes.

No início, os clubes negociavam juntos a criação do bloco. Em junho de 2021, quando cartolas enviaram carta à CBF comunicando a intenção de fundar uma liga, todos se sentavam à mesma mesa.

Dirigentes racharam pouco mais de um mês depois. Em reunião virtual, ainda durante a pandemia do coronavírus, Mario Celso Petraglia, do Athletico-PR, chegou a dizer que teria “metido um tapa na cara” de Guilherme Bellintani, do Bahia, caso o encontro fosse presencial.

A partir do momento em que cartolas se dividiram em grupos, começou uma corrida entre eles pela melhor proposta por parte de um investidor. A Libra conseguiu a proposta do Mubadala. O Forte Futebol, na sequência, chegou a um acordo com o fundo americano Serengeti.

Desde então, representantes de um grupo tentam convencer membros do outro a trocar de lado. Aconteceu uma vez só até hoje, quando o Sampaio Corrêa trocou o Forte pela Libra.

Um dos argumentos mais fortes do Forte Futebol era justamente a existência de um cenário parcial. A Serengeti propôs pagar R$ 4,85 bilhões pelos direitos de 36 ou mais clubes, ou, caso houvesse apenas a assinatura de 22 a 35 clubes, o pagamento seria de R$ 2,2 bilhões.

No jogo em que cada grupo tenta convencer o outro de que sua proposta é melhor, o Forte tinha vantagem da oferta parcial. Seus dirigentes não precisariam convencer a mudar de posição todos do outro lado, pois receberiam os R$ 2,2 bilhões mesmo no pior cenário.

É neste ponto que a nova proposta do Mubadala cobre a vulnerabilidade da Libra. Agora, mesmo que apenas os 18 clubes que a formam atualmente confirmem a adesão, haverá o pagamento de R$ 4 bilhões – cifra muito superior à acenada pelo Serengeti aos clubes do Forte.

O discurso de todos os envolvidos na negociação continua a ser de que a liga deve ter todos os 40 clubes das Séries A e B. O ponto de interrogação está na possível desistência de algum investidor, Mubadala ou Serengeti, caso não haja liga de fato, mas blocos comerciais de clubes.

Quem é quem

São membros da Libra: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

São membros do Forte: ABC, Athletico, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.

@rodrigocapelo

Por Rodrigo Capelo

Ge.globo.com

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