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Bolsonaro chega para pronunciamento no Planalto

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Silêncio de Bolsonaro surpreende até aliados, que veem presidente em ‘mundo paralelo’

Além de quase não sair da residência oficial, chefe do Executivo deixou de falar regularmente via WhatsApp com os assessores, que atribuem postura a preocupação com o futuro perante a Justiça e inconformismo com a derrota nas eleições.

Desde que foi derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se recolheu e decidiu falar publicamente apenas após a pressão de aliados – ministros do Centrão e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fazem parte deste grupo.

Após fazer duas declarações curtas – uma, para reconhecer a derrota; outra, para pedir que bolsonaristas parassem de bloquear rodovias –, e participar de um encontro com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro voltou para o silêncio.

O presidente tem causado surpresa até no núcleo mais próximo, já que ao longo do mandato Bolsonaro transformou os palácios– principalmente o da Alvorada, residência oficial – em palcos para seus discursos barulhentos e conspiratórios.

Ministros do governo relataram ao blog que Bolsonaro diminuiu significativamente até mesmo as mensagens de WhatsApp – meio de comunicação preferido do presidente – a assessores e aliados.

Nos bastidores, além da dor na perna causada por uma inflamação, o recolhimento de Bolsonaro é atribuído por aliados a um inconformismo por ter perdido e à preocupação crescente com o seu futuro e o dos aliados na Justiça.

Como tinha para si que ganharia a eleição, Bolsonaro não se preparou para um mundo sem foro privilegiado e sem poder e, relatam aliados, só se deu conta durante a apuração do domingo do 2º turno de que estaria descoberto juridicamente e politicamente. 

Bolsonaro quer manter viva a ideia de que foi injustiçado, mesmo que em voo solo, já que, nessa tática, foi abandonado por todos os aliados. Até porque, como afirmam, com ela o presidente coloca todas as eleições de bolsonaristas em suspeição, incluindo as de seus filhos, que vão continuar a gozar de foro privilegiado.

Como o blog revelou, na conversa que teve com ministros do STF na semana em que falou pela primeira vez após a derrota, Bolsonaro ouviu que os integrantes da Corte não tinham espírito de retaliação.

Mas Bolsonaro não se convenceu e teme que a fala valha apenas para o que se sabe sobre possíveis omissões e irregularidades na superfície. Ou seja: Bolsonaro não tem garantias de que não será alvo da Justiça, assim como seus aliados, como o ministro da Justiça Anderson Torres, os filhos e os empresários que patrocinaram atos golpistas. 

Ministros do STF consultados pelo blog reiteram que a ideia – revelada pelo blog em agosto – de um pacto de governabilidade entre Congresso, governo eleito, Judiciário e governo derrotado de se aprovar uma espécie de cargo de senador vitalício, o que beneficiaria Bolsonaro, “vai e vem”.

Mas, diante da postura combativa e nada republicana de Bolsonaro com o resultado das eleições, líderes do Congresso têm dito ao Palácio do Planalto que não há clima nem ambiente para se aprovar uma tal proposta, e que ela depende de clima de pacificação.

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Apoio do PL a Bolsonaro vai ser emprego, não golpismo

Enquanto Bolsonaro não define como atuará publicamente, o presidente ainda busca qualquer medida do PL para tentar impugnar as eleições. O partido tem dito o que Bolsonaro quer ouvir, mas, na prática, está no futuro: em 2023, no governo Lula, com quem o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, não quer confusão.

Já que não vai entregar o combo golpista a Bolsonaro, o PL pretende entregar não só um conforto, mas um salário, um emprego mesmo, para que o presidente tenha como custear uma nova moradia em Brasília.

blog apurou junto a fontes da transição de Lula que, até agora, não há nenhuma sinalização nem de Bolsonaro nem do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a quando o presidente pretende desocupar o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto. 

O PL informou ao blog que o partido ainda está procurando uma casa e que Valdemar ficou de conversar com Bolsonaro na semana que vem.

Dois mundos

Na visão de um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro, hoje, existem dois mundos para Bolsonaro. O real, que recebe Lula na COP 27, que tem os presidentes do Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, cumprimentando o presidente eleito em janeiro e que vai vestir a faixa presidencial em janeiro.

E tem o outro, o paralelo, dos “Allan dos Santos, das [Carla] Zambellis… que faz muito barulho, dizendo que não vai deixar ninguém subir a rampa [do Planalto] mas que não leva a lugar algum. Talvez, na verdade, os leve para o banco dos réus”, como diz ao blog um ministro do governo Bolsonaro.

É nesse segundo mundo, diz o auxiliar, que Bolsonaro parece querer viver. Anterior Próximo

Por Andréia Sadi

São Paulo

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