Internacional
Bolsonaro e Biden têm, nos EUA, o primeiro encontro bilateral
Bolsonaro diz que governo faz ‘busca incansável’ por desaparecidos na Amazônia
Presidente falou nesta sexta (10) em Los Angeles, durante a Cúpula das Américas. Governo brasileiro tem sido alvo de cobrança internacional por buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (10), durante a IX Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA), que o governo brasileiro faz “busca incansável” pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos desde domingo (5) na Amazônia.
O governo brasileiro tem sido alvo de pressão internacional por mais empenho nas buscas por Phillips e Pereira.
Mais cedo nesta sexta, o Alto Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos pediu ao governo brasileiro que “redobre” os recursos e esforços disponibilizados nas operações de buscas.
A porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, criticou a demora do governo brasileiro para iniciar as buscas.
“Desde o último domingo, quando tivemos informação que dois cidadãos – um britânico, Dom Phillips, e um brasileiro, Bruno Araújo – desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, naquele mesmo domingo, nossas Forças Armadas e a Polícia Federal têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, disse Bolsonaro.
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O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal “The Guardian”, e o indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto da comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte.
O indigenista e o jornalista foram vistos pela última vez por volta das 6h de domingo (5). De lá, eles partiram para Atalaia do Norte, uma viagem que dura aproximadamente duas horas. Mas não chegaram ao destino.
Segundo o “The Guardian”, jornal para o qual Dom Phillips presta serviço, ele “está trabalhando num livro sobre o meio ambiente com apoio da Alicia Patterson Foundation”.
Bruno Araújo Pereira foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por muitos anos. Ele é um dos servidores da Funai com mais conhecimento sobre indígenas isolados e de recente contato. Atualmente, ele estava licenciado da fundação.
Segundo informações da Univaja, o indigenista recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.
Economia e democracia
No discurso, Bolsonaro afirmou que a cúpula é oportunidade para tratar de desafios do pós-pandemia, do desenvolvimento sustentável, da democracia e dos direitos humanos.
“Estamos atentos aos problemas econômicos que afetam o mundo, como inflação e o desemprego. E, principalmente, ao bem mais precioso para o ser humano, a sua liberdade, aí incluídos a liberdade de expressão, de trabalho e de culto religioso”, disse Bolsonaro.
Deus e família
Pré-candidato à reeleição, Bolsonaro afirmou aos líderes do continente que o governo brasileiro acredita em Deus e defende a família, discurso semelhante ao que o presidente costuma fazer a seus apoiadores.
“Neste ano, em que o Brasil comemora 200 anos de independência, afirmamos que temos um governo que acredita em Deus, respeita seus militares e é favorável à vida desde sua concepção. Defenda a família e deve lealdade a seu povo. No Brasil, já se entende que a liberdade é um bem maior que a própria vida”, declarou.
O presidente também disse querer deixar uma “mensagem de compromisso” do Brasil com a integração entre países do continente e com uma região “próspera de democrática”.
Programação
A programação da Cúpula das Américas começou na segunda (6). A primeira sessão plenária com chefes de Estado aconteceu nesta quinta (9), e a segunda, nesta sexta (10).
Alguns líderes de países do continente, no entanto, não participaram. Os Estados Unidos excluíram Cuba, Nicarágua e Venezuela, por exemplo, e o México decidiu não participar.
Bolsonaro e Biden têm, nos EUA, o primeiro encontro bilateral
Encontro com Biden
Bolsonaro desembarcou nos Estados Unidos nesta quinta (9) e se reuniu com o presidente Joe Biden. O presidente brasileiro apoiou a reeleição de Donald Trump, derrotado por Biden.
Este foi o primeiro encontro de Bolsonaro com Biden e, antes da reunião privada, o presidente brasileiro disse a Biden sentir que “por vezes” a soberania da Amazônia é ameaçada.
Em 2020, durante a eleição americana, Biden disse que, se eleito, iria propor o repasse de recursos da comunidade internacional para o Brasil proteger a Amazônia. Semanas depois, Bolsonaro disse, ao se referir à região, que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”.
Antes da fala de Bolsonaro, nesta quinta-feira, Biden disse a ele que o Brasil fez “sacrifícios reais” para proteger a Amazônia e que o restante do mundo deveria ajudar a financiar a preservação da floresta.
Para Joe Biden, preservar a Amazônia é uma “responsabilidade internacional” porque o mundo se beneficia da proteção da floresta.
Por Fábio Amato, Guilherme Mazui, Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília