Esporte
Camisa 10 observou de perto confusão nas arquibancadas
Messi tira time de campo no Maracanã e divide brasileiros entre vaias e aplausos
Em provável despedida do estádio onde viveu dor e glória históricas, craque mostra pulso de capitão diante de confusão nas arquibancadas. Em campo, veterano tem atuação apagada
A expressão “tirar o time de campo” saiu do futebol para entrar no cotidiano com significado de desistir, voltar atrás ou até mesmo se despedir. E ela pode resumir bem a noite que deve ficar marcada como o adeus de Messi ao Maracanã, em vitória sobre o Brasil, na noite de terça-feira. Além do sentido figurado, da provável despedida do craque ao estádio onde foi vice-campeão do mundo em 2014 e campeão da América sete anos depois, a expressão também cabe literalmente para o momento inusitado que o astro viveu neste 21 de novembro de 2023.
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Após o jogo, Messi comemora com a torcida a vitória da Argentina no Maracanã
O momento mais marcante da noite para Messi foi quando fez valer sua voz como capitão, líder e ídolo de uma geração da seleção argentina. E tudo aconteceu antes mesmo de a bola rolar. A confusão nas arquibancadas entre argentinos e brasileiros gerou preocupação entre os atletas. E, ao ver de perto a atuação policial contra os fãs visitantes, Messi comandou os companheiros rumo aos vestiários.
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A decisão de sair de campo diante das cenas lamentáveis atrasou o início da partida. Mas quando tudo se resolveu e a bola enfim rolou no Maracanã, Messi dividiu as reações. Foi alvo de vaias e xingamentos, mas também arrancou aplausos daqueles que sabem que podem não voltar a ver um jogador lendário em terras brasileiras.
Messi celebra vitória da Argentina junto a torcedores — Foto: Getty Images
Discussão, massagem e substituição
A primeira aparição de Messi no campo do Maracanã, no momento do aquecimento, foi em meio a intensas vaias, direcionadas, na verdade, para toda a seleção argentina. Mas o anúncio das escalações, minutos depois, mostrou que havia boa parte do público brasileiro disposto a reverenciar um ícone do esporte. Os nomes argentinos foram lidos sem grandes reações, mas o de Messi despertou alguns aplausos, mesmo com o craque nos vestiários naquele momento.
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O camisa 10 entrou em campo no tradicional protocolo, ouviu o hino argentino e, quando se preparava para uma foto que seria histórica, saiu em disparada com os companheiros diante da briga nas arquibancadas do Setor Sul do Maracanã. Messi acompanhou tudo de perto e se mostrou inconformado com a atuação de alguns policiais. Então, pulou a placa de publicidade de volta para o campo e começou a andar em direção aos vestiários. Acenou para os companheiros fazendo sinal de negativo, depois usando a mão para chamá-los a segui-lo. E, olhando ao redor, tentou orientar a todos: “Nos vamos”. Eles foram.
Camisa 10 observou de perto confusão nas arquibancadas — Foto: Getty Images
Antes de deixar o campo, Messi viu Rodrygo conversando com De Paul. Chegou perto do jovem do Real Madrid, segurou forte seu pescoço e falou algo que desagradou o brasileiro. Depois, caminhou de vez para os vestiários – quando ouviu a primeira grande reação contrária na noite: a torcida brasileira entoou um sonoro “Ei, Messi, vai tomar *****!”.
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O nome do argentino acompanhado pelo mesmo xingamento foi também a escolha dos fãs brasileiros para reagir quando a Argentina voltou para o gramado para reiniciar a partida, junto a fortes vaias. A bola rolou, e o camisa 10 mostrou estar acelerado, dividindo forte a primeira bola do jogo, logo na saída. Mas aquela alta rotação não virou rotina.
Depois de ser parado por Carlos Augusto na primeira tentativa de arrancada, Messi buscou fugir da marcação brasileira. Inicialmente, se posicionou como homem mais à frente do ataque, observado por Gabriel Magalhães. Depois, recuou e tentou ficar centralizado, trazendo a marcação para liberar os companheiros para avançarem.
Depois um começo de jogo quente, o capitão argentino tentou manter a serenidade. Aos 19, uma pequena confusão se formou no campo após dividida entre Marquinhos e Mac Allister. Messi veio de longe, caminhando com calma, e acompanhou o desenrolar da questão. Dez minutos depois, acendeu um alerta: veio para a beira do campo e recebeu massagem na coxa direita. Mas seguiu atuando.
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Ao fim do primeiro tempo, saiu do gramado de forma muito rápida, dando um trote para os vestiários. Na volta para o campo, foi o último a entrar. E seguiu isolado da partida no segundo tempo, principalmente quando o Brasil atacava – sempre tentando manter sua famosa estratégia de “se fingir de morto” para ser acionado e mostrar seu talento.
Entretanto, Messi pouco conseguiu tocar na bola. Aos 16, teve sua chance de marcar, ao receber na entrada da área e tentar um chute que acabou bloqueado pela zaga. Daquela posse de bola sairia o escanteio que resultaria no gol da Argentina. Messi não foi quem cruzou para Otamendi marcar, mas, sim, Lo Celso. Coube ao camisa 10 correr para abraçar os amigos.
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Aos 31 minutos, subiu a plaquinha que pode ter decretado o fim da trajetória de Messi no Maracanã, um palco onde sentiu a dor de perder uma final de Copa do Mundo e depois atingiu a redenção do primeiro título com a Argentina. Inicialmente, foi vaiado pelas arquibancadas. Mas muitos brasileiros quiseram oferecer ao craque aplausos dignos de sua carreira.
Ao apito final, o camisa 10 correu para comemorar com os companheiros mais um feito histórico da geração que será marcada por seu rosto. Mais uma vez, caminhou junto aos outros até o Setor Sul – mas agora não para observar uma confusão, e, sim, celebrar uma grande vitória junto aos fãs. Quando os hermanos iniciaram provocações ao Brasil, cantando a música “Decime que se siente”, se afastou, observou mais isolado. Depois, foi trazido para o “bolo” de volta.
O astro deixou o campo sem exibir muito do futebol que faz brasileiros o idolatrarem acima de uma rivalidade histórica. Mas com a certeza de que o lendário Maracanã e a torcida local terão para sempre muito o que recordar sobre Lionel Messi. Gostem eles ou não.
Torcedor brasileiro exibe homenagem a Messi: astro dividiu opiniões no Maracanã — Foto: Getty Images
Por Jorge Natan — Rio de Janeiro
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