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Catar aguarda pela Copa do Mundo de 2022

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A Copa no Deserto: investimentos, estádios e Xavi, o Catar aguarda pelo mundo inteiro em 2022

País prepara grande infraestrutura para o próximo Mundial, mas precisa vencer desafios antes do torneio. Um deles é a crise política com os vizinhos árabes

Faltam quatro anos para a Copa do Mundo do Catar, a primeira que será organizada por um país árabe. Há exatamente oito anos, a Fifa definia a sede para 2022. E por falar na região árabe, começa neste domingo uma série de cinco episódios no Esporte Espetacular sobre alguns dos principais países do Oriente Médio, pois daqui a algum tempo o mundo todo vai se encontrar na Copa do Deserto em um território de situação geopolítica delicada. Que envolve diferenças políticas, econômicas e até religiosas. A Copa no Deserto.

Considerado um dos países mais ricos o mundo, o Catar vem transformando ambientes de completo deserto e calor extremo em locais modernos e com grandes construções. O país ganhou na loteria da geologia com as descobertas de jazidas de petróleo, mas principalmente gás, que permitiu uma completa transformação e crescimento. Séculos viraram décadas ou apenas anos, tudo mudou. A velocidade foi imensa, e bosques e arranha céus brotaram na paisagem. Deixou de andar de camelo, literalmente, para passear de Ferrari.

Catar aguarda pela Copa do Mundo de 2022 — Foto: Rodrigo Cerqueira

Catar aguarda pela Copa do Mundo de 2022 — Foto: Rodrigo Cerqueira

Se a Copa é uma grande oportunidade para o Catar e para o mundo, vários craques já “descobriram” o país. Um deles é o atacante brasileiro naturalizado catari Rodrigo Tabata, do Al-Rayyan. Aos 38 anos e com passagem pela seleção do país, ele é ídolo. E avalia o que a Copa pode surpreender no Oriente Médio.

– A gente agora vive essa transformação do país em preparação para a Copa, e eu tenho certeza que será uma das Copas que ficará marcada na história – deixa claro Tabata.

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O Catar também atraiu craques pagos a peso de ouro para viverem o crepúsculo de suas carreiras nos clubes locais. Foi o caso do meia Xavi. Depois de 17 anos como um símbolo do melhor Barcelona da história, foi viver seus últimos anos de jogador numa realidade diferente. E adorou.

– O objetivo principal é se abrir um pouco mais para o mundo através do esporte. E eles têm conseguido, fizeram o Mundial de atletismo, ginástica, handebol e agora a Copa do Mundo. É uma ideia muito inteligente – avalia Xavi, que é um dos maiores garotos-propaganda do Catar para 2022.

O grande crescimento de infraestrutura impulsionado pelos milhões de dólares com a exploração do gás ajudou o país a conseguir ganhar a eleição para organizar a Copa do Mundo de 2022. Apesar da modernidade dos oito estádios que receberão os jogos, além de um novo sistema de metrô em Doha, novas rodovias e milhares de obras de infraestrutura, o país não quer deixar de mostrar para o mundo sua cultura. Para propagar o Catar pelo mundo, uma das grandes responsáveis foi a rede de televisão Al Jazeera. No esporte, A Bein. E se tradição é o lema, o programa esportivo de maior sucesso por lá é da Al Kass, no qual os participantes aparecem em um típico cenário árabe.

Mesa redonda leva ao ar a cultura do Catar — Foto: Rodrigo Cerqueira

Mesa redonda leva ao ar a cultura do Catar — Foto: Rodrigo Cerqueira

O formato mostra a essência do cotidiano árabe. A conversa de todos recostados, no chão, sobre tapetes belíssimos. Uma herança de uma época em que todos os povos da região eram nômades, pobres, portanto onde era complicado carregar mobília. Mas na mesa redonda que a Al Kass mostra para o mundo, os equipamentos são modernos, dinheiro não é problema. E o convite para a Copa de 2022 sai da telinha para o mundo.

– O Catar é para todos. Não só para os muçulmanos. E damos as boas-vindas para todos. Esse país quer mandar uma mensagem para o mundo, mostrar como nós gostamos de paz. Queremos dizer para todos que o Oriente Médio é a melhor região do mundo – afirmou Khaled Jassem, apresentador do programa na Al Kass.

Se a ideia dos cataris e programas esportivos é mostrar o país ao mundo, um grande desafio é convencer os torcedores do mundo para uma viagem ao maior evento esportivo que será organizado por um país árabe. Mesmo com toda segurança que existe por lá porque não há a realidade explosiva de outros países do Oriente Médio. Embora a procura por turistas seja grande, a grande número de estrangeiros e solo catari é por um simples motivo: trabalho. É um grande canteiro de obras.

Doha, uma cidade nova e ainda em construção — Foto: Rodrigo Cerqueira

Doha, uma cidade nova e ainda em construção — Foto: Rodrigo Cerqueira

Cerca de 2,7 milhões de pessoas vivem no Catar, porém pouco mais de 10% são cataris. A maioria restante vem de Índia, Bangladesh e Nepal. Muitos são fundamentais na construção de um novo país, portanto, também da Copa do Mundo. O calor – no verão as temperaturas chegam a 50 graus – é um dos maiores adversários. Até por isso, os jogos não serão disputados entre junho e julho, o Mundial será entre novembro e dezembro. Nessa época, é possível encontrar até 25 graus ao anoitecer. O calor não será sentido dentro dos estádios, os oito que receberão os jogos são climatizados, todos têm ar-condicionado até para os fãs.

Lusail, estádio da final da Copa de 2022 — Foto: Rodrigo Cerqueira

Do total de oito estádios, sete são completamente novos, um foi reformado e já está pronto: o Khalifa. Entre os novos estádios, o único que ainda não teve o projeto revelado (será este mês), mas está em construção, é o Lusail. Palco da abertura e da final. A capacidade será para 80 mil torcedores.

Antes de a bola rolar, faltando quatro anos, hoje o que mais preocupa no Catar é o boicote que sofre de seus vizinhos árabes. O país foi acusado de estar ao lado de terroristas, algo que o governo negou. Fronteiras fechadas, povos isolados. Para o editor-chefe do principal jornal do país, o “Al Watan”, esse boicote vai deixar sequelas.

– Acho que até a Copa, ainda tem quatro anos, os governos vão resolver suas diferenças. Mas entre os povos isso vai demorar mais. Meus primos, por exemplo, que vivem no Bahrein e nos Emirados Árabes, não falam mais comigo – disse Fahad Al Emad, editor do “Al Watan”.

Por Marcos Uchôa e Rodrigo Cerqueira — Doha, Catar

Ge.globo.com

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