Internacional
Conflito provoca extrema preocupação internacional por causa do poderio militar de Irã e de Israel
Mísseis poderosos, orçamentos bilionários e disparidade nos caças: o arsenal aéreo de Israel e Irã; INFOGRÁFICO
Os países vivem escalada de tensões. O Irã fez um ataque direto inédito contra Israel no sábado (13), que, segundo a imprensa americana, revidou nesta quinta (18). A agressão iraniana é uma resposta ao bombardeio israelense ao consulado do Irã em Damasco, na Síria, que matou um comandante da Guarda Revolucionária.
Menos de uma semana após o ataque de 300 drones e mísseis do Irã contra Israel, explosões foram ouvidas em território iraniano na noite de quinta-feira (18).
O ataque, atribuído a Israel por um oficial americano ouvido pelo “New York Times”, atingiu uma base militar na cidade de Isfahan, que tem instalações nucleares, porém não causou grandes estragos.
Os dois países vivem em uma escalada de tensões sem precedentes desde que o consulado iraniano na Síria foi atacado, em 1 de abril, matando o chefe da Guarda Revolucionária, braço mais poderoso do Exército e após a Revolução de Islâmica de 1979 no Irã. Veja aqui a cronologia da crise.
Como Israel e Irã não dividem fronteira, um eventual conflito aberto entre os países poderia acontecer pelo ar, com o uso de jatos, caças e outras aeronaves e o lançamento de mísseis. O bombardeio realizado pelo Irã no sábado (13) é um exemplo.
O g1 preparou um infográfico que descreve e detalha os principais mísseis e caças que Israel e Irã possuem, além de outros números militares dos dois países, segundo levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) em fevereiro de 2024.
O professor de Relações Internacionais e pesquisador Vitelio Brustolin também deu detalhes sobre os arsenais dos dois países (Veja mais abaixo)
Foto: Arte g1
Foto: Arte g1
Foto: Arte g1
Foto: Arte g1
As diferenças entre os arsenais
O professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard Vitelio Brustolin disse ao g1 que os arsenais aéreos de Israel e Irã tem algumas diferenças: enquanto Israel possui mais tecnologia, Irã tem uma quantidade maior de equipamentos.
Segundo Brustolin, os caças de Israel são melhores e mais novos que os do Irã. O país governado por Benjamin Netanyahu tem aeronaves de última geração importadas dos Estados Unidos, seu maior aliado. Em contrapartida, o Irã é o segundo país mais sancionado do mundo, atrás apenas da Rússia –que invadiu a Ucrânia em 2022 e está em guerra desde então.
Enquanto Israel tem caças de última geração, como o F-35, a frota do Irã é composta por jatos mais antigos ou obsoletos, de modelos F mais antigos e caças da União Soviética, nos modelos SU-22 e SU-24. A Força Aérea israelense tem 39 caças F-35 e foi o primeiro país do mundo a operar esse modelo, fabricado pelos EUA.
“Israel controla os céus do Oriente Médio desde a Guerra dos Seis Dias [conflito entre Israel e países árabes em 1967]. O país não tem profundidade territorial, então precisa ter uma estratégia em caso de ataque iminente, e a aviação é muito importante para isso”, afirmou Brustolin.
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Entretanto, o Irã é uma potência militar no Oriente Médio: tem o segundo maior efetivo militar da região, com 610 mil militares na ativa, orçamento militar anual de US$ 44 bilhões (R$ 232,6 bilhões) em 2022, mísseis poderosos — como o Sejil e o Kheibar — e 13 vezes mais veículos de artilharia e lançadores de mísseis que Israel, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).
Veículos de artilharia, lançadores de mísseis, navios e jatos podem carregar e lançar os mísseis de que Israel e Irã dispõem, aumentando o alcance.
Ainda segundo o IISS, Israel tem um orçamento militar anual de US$ 19,4 bilhões (R$ 102,5 bilhões) em 2022 e efetivo de 169,5 mil militares na ativa e 465 mil reservistas. O Irã tem 350 mil reservistas.
Ainda segundo Vitelio Brustolin, “não há nem comparação” entre os sistemas de defesa aéreo de Israel e Irã. As defesas israelenses são mais avançadas, com os sistemas Seta, Domo de Ferro e Viga de Ferro. Já as iranianas são compostas principalmente de sistemas S300, de médio e curto alcance.
Veja abaixo um detalhamento do contingente de caças dos países, segundo levantamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).
Israel tem 340 caças, entre eles os seguintes modelos e versões:
- 196 F-16 (modelos C, D e I);
- 75 F-15 (modelos A, B, C, D e I);
- 39 F-35 (modelo I Adir).
O Irã dispõe de 273 caças, entre eles os seguintes modelos e versões:
- 69 F-5;
- 55 F-4;
- 35 Mig-29;
- 29 SU-24;
- 18 F-7;
- 12 Mirage F-1;
- 10 F-14;
- 8 SU-22 (da Guarda Revolucionária iraniana);
- Ao menos 6 RF-4E;
- Até 6 HESA Azarakhsh;
- 6 HESA Saegheh;
- 3 P-3F.
Capacidade nuclear
Segundo Brustolin, o Irã não quer uma guerra aberta contra Israel porque o país governado por Benjamin Netanyahu tem cerca de 90 ogivas nucleares e tem os Estados Unidos como seu principal aliado.
As ogivas nucleares israelenses podem ser carregadas em mísseis modelo Jericho 2. Israel tem cerca de 24 desses mísseis, segundo a IISS. Outros meios de entrega, de acordo com a instituição, das ogivas são alguns caças F-15 e F-16, além de supostamente submarinos da classe Dolphin/Tanin.
Por outro lado, além dos jatos, o Irã produz drones de alta tecnologia, como o Shahed-136, utilizado no ataque a Israel, e o Mohajer 10, lançado em agosto de 2023, e que tem um alcance de 2.000 quilômetros e capacidade para viajar por 24 horas e carregar 300 quilos de explosivos.
Ainda segundo Brustolin, o Irã tem um programa nuclear avançado e pode estar próximo de ter uma bomba nuclear. Em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU reportou que o país estava enriquecendo Urânio, principal matéria-prima de uma ogiva. O local bombardeado por Israel nesta quinta (18) foi próximo à base militar de Natanz, em Ishafan, que tem instalações nucleares.
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Histórico
A escalada na crise começou no dia 1º de abril.
- Naquele dia, um ataque israelense matou um comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã e outras seis pessoas na Síria.
- O bombardeio atingiu a missão diplomática do Irã em Damasco e foi conduzido por aviões militares.
- À época, Israel evitou comentar o caso, mas fontes da Defesa israelense confirmaram a autoria do bombardeio ao jornal “The New York Times”.
“Ação agressiva e desesperada”: Um dia depois do ataque, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança e disse que Israel iria se arrepender do ataque.
- Na mesma linha, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que o bombardeio não ficaria sem resposta.
- Ao Conselho de Segurança da ONU, o Irã disse que tinha o direito de revidar o ataque de Israel e pediu que o órgão fizesse uma reunião de emergência para discutir a agressão.
Tensão: Nos dias seguintes, começaram a pipocar informações sobre a possibilidade efetiva de uma resposta do Irã. O governo dos Estados Unidos, inclusive, demonstrou preocupação diante da ameaça.
- No dia 10 de abril, o aiatolá Ali Khamenei voltou a prometer uma resposta contra Israel durante um discurso de encerramento do mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã.
- O líder supremo do Irã disse que o regime israelense deveria ser punido.
- Momentos depois, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, respondeu Khamenei e o marcou em uma rede social.
- “Se o Irã lançar um ataque do próprio território, Israel vai responder e atacar o Irã“, escreveu Katz.
- Na quinta (18), Israel atacou o Irã, segundo a imprensa americana.
Aiatolá Ali Khamenei abraça familiar de membro da Guarda Revolucionária morto em ataque de Israel — Foto: West Asia News Agency via Reuters
Conflito provoca extrema preocupação internacional por causa do poderio militar de Irã e de Israel — Foto: Reprodução/TV Globo
Por Artur Alvarez, Kayan Albertin, Bárbara Miranda, Luisa Rivas, Guilherme Luiz Pinheiro, Wagner Magalhães, Ana Moscatelli, Dhara Assis, Bianca Batista, Juan Silva, g1
Thearry
10 de novembro de 2024 no 18:50
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