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De 15 jogos, o Flamengo venceu 11 e empatou quatro.
Análise: campeão que não sofreu, Flamengo consolida novos protagonistas para “início de 2024”
Apesar de magra, vitória consolida campanha quase que perfeita de um time avesso ao sofrimento
A conquista do 38º título carioca do Flamengo tem como marca o que Tite prega diariamente: E-Q-U-I-L-Í-B-R-I-O. A vitória por 1 a 0 sobre o Nova Iguaçu é um retrato de um time que negou-se a sofrer durante todo o campeonato. Você lembra de algum jogo no estadual em que o time levou sufoco? Claro que não. Pois este é o Flamengo do gaúcho de 62 anos.
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De 15 jogos, o Flamengo venceu 11 e empatou quatro. Teve o melhor ataque (29 gols), a defesa menos vazada (um sofrido) e o artilheiro – Pedro, com 11 gols. Para completar, terminou como time mais disciplinado, com 27 cartões – um vermelho, de Thiaguinho, em jogo dos jovens contra o Nova Iguaçu, no primeiro turno.
O desafio agora é manter a segurança e o equilíbrio apresentadas em campeonatos muito mais duros, como o Brasileiro e a Libertadores. O “ano começa de verdade” a partir desta segunda-feira.
Confiança sobra, e novos protagonistas se apresentam e distanciam o atual Flamengo daquele de 2019. E, acreditem, isso é bom. Ter aquela equipe espetacular na lembrança abre espaço para o nascimento de uma que traz novos prazeres ao seu torcedor, como o de não passar sufoco e de voltar a ir ao Maracanã com a certeza das vitórias. Times diferentes, porém eficazes.
Os novos “caras”
Pedro é cercado pela criançada na entrada do gramado antes de ganhar seu nono título pelo Flamengo — Foto: Fred Gomes
“O cara” em 2022, Pedro teve o posto de titular absoluto tirado durante a desastrosa gestão de Sampaoli, mas retomou a confiança com Tite e é definitivamente o homem-gol do Flamengo. Já era mesmo quando Gabigol não estava suspenso. É um ídolo consolidado, amado pelas crianças e que, pelo terceiro ano seguido, tem média de gols altíssima (0,93 por jogo – 14 marcados em 15 partidas). Goleador do Flamengo em 2022 e 2023, chegou à segunda artilharia de competições pelo clube do coração. A primeira tinha sido conquistada no tri da Libertadores.
Na defesa, mais um jogador se afirmou. Se no ano passado, Fabrício Bruno virou peça fundamental tanto em campo quanto na postura de líder para dar cara a tapa nos momentos ruins, Léo Pereira vive um 2024 iluminado. Com três gols marcados, é um dos vice-artilheiros da equipe, porém o mais marcante de seu futebol é o quanto tem se apresentado para a construção.
Idolatrado, Léo Pereira é cercado por jornalistas e fãs após título pelo Flamengo — Foto: Fred Gomes
Seguro no sistema defensivo, o zagueiro tem utilizado a grande qualidade técnica tanto para efetuar lançamentos quanto para aparecer como um meia e tentar o último passe. Não bastasse isso, o sorriso fácil, o carisma e até mesmo o romance com Karoline Lima têm ajudado a ratificá-lo como ídolo. O Karolino ou o “Thor da Liga da Justiça” está nos braços da torcida.
De la Cruz jogou demais no Campeonato Carioca — Foto: André Durão
E é impossível falar desse Campeonato Carioca sem mencionar o quanto De la Cruz transformou o Flamengo. Ritmista da equipe, ele é o remédio contra a apatia. Num jogo como o deste domingo, com o campeonato resolvido e em que o time dosava energias, ele surgia como um raio e acelerava o ritmo para oferecer aos mais de 65 mil presentes uma partida mais interessante.
Na opinião do autor deste texto, De la Cruz foi o craque do Campeonato Carioca, apesar de não ter marcado gols e nem ter sobrado em assistências – deu apenas uma. Os quase R$ 80 milhões foram muito bem pagos. No jogo deste domingo, apesar de não ter feito uma grande partida, mostrou o quanto é onipresente tanto para marcar – foi o líder de desarmes ao lado de Arrascaeta e Ayrton – como para pisar na área e levar perigo.
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O jogo: sem sustos até mesmo em ritmo lento
O primeiro tempo da magra vitória por 1 a 0 foi em ritmo muito lento. Com um Flamengo permissivo, que viu o Nova Iguaçu fazer uma pressão alta eficaz por cerca de uns 20 minutos, mas que ao mesmo tempo não ocasionou grandes arranhões.
Como disse Léo Pereira no intervalo, o Flamengo insistiu muito nos lançamentos e não buscou as trocas de passes. Destaque do time na etapa, fez a leitura certa de que o time precisava se aproximar mais.
Apesar da observação do zagueiro, os melhores lances do Flamengo no primeiro tempo nasceram de lançamentos do próprio Léo, de Rossi e de Fabrício Bruno. Cebolinha parou no travessão e Arrascaeta no goleiro.
A cereja no bolo
Se o Flamengo tem novos personagens para chamar de ídolo, o justíssimo título de campeão carioca não poderia ter um melhor dono para o gol derradeiro. Bruno Henrique é muito amado pelos rubro-negros e tinha seu nome gritado euforicamente. É um fato de que o momento em que a torcida cantou mais alto neste domingo foi quando pediu sua entrada a Tite.
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O gol já estava maduro. Pedro já tinha deixado Arrascaeta e Everton Cebolinha na cara com dois lindos passes, mas eles não aproveitaram. Cebolinha ainda acertou a trave em outro chute e rolou para De la Cruz perder chance na pequena área. Era questão de segundos o zero sair do placar, mas tinha que ser com alguém que ajudou – e muito – a mudar o Flamengo de patamar.
A histeria por Bruno Henrique foi cessada aos 25 do segundo tempo, quando Tite o colocou em campo. Quatro minutos depois, a catarse veio com o golaço do camisa 27, uma linda jogada para fechar com chave de ouro a irretocável campanha rubro-negra.
Bruno Henrique comemora gol em Flamengo x Nova Iguaçu — Foto: André Durão / ge
Léo Pereira, que tinha pedido para o time usar menos as ligações diretas, resolveu tirar um lindo lançamento da cartola. Ayrton Lucas chegou inteiro ao fundo e cruzou para Bruno Henrique acertar um chutaço de esquerda. De prima. O gol do campeonato.
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Campeonato esse que tem seu valor questionado anualmente, mas que foi fundamental para devolver casca ao Flamengo após um ano terrível. O time chega para Libertadores e Campeonato Brasileiro na condição de favorito. Um favorito equilibrado, um favorito renovado e um favorito avesso ao sofrimento.
Com novos protagonistas, o coletivo implementado por Tite e sua comissão técnica fez o Flamengo se tornar um campeão completamente incontestável.
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Tite beija a esposa, Rose, após entrevista no campo de jogo — Foto: Fred Gomes
Por Fred Gomes — Rio de Janeiro