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Destruição histórica: Fogo já consumiu mais de 180 mil hectares do pantanal em junho

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Estudo mostra que 1 a cada 4 hectares de terra pegou fogo no Brasil nos últimos 40 anos

Mais de dois terços da área afetada pelo fogo no Brasil estavam em locais de vegetação nativa. Juntos, o Cerrado e a Amazônia concentraram cerca de 86% da área queimada pelo menos uma vez no Brasil.


Segundo a pesquisadora e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, a Amazônia enfrenta um risco maior com a repetição de incêndios, já que a vegetação “não é adaptada ao fogo”. Assim, a biodiversidade e a degradação da vegetação somadas à seca e às chuvas escassas são “insuficientes para reabastecer o lençol freático, intensificando a vulnerabilidade da região”.

O documento explica que na Amazônia “o fogo é causado principalmente pelo desmatamento e práticas agrícolas. Como se trata de um bioma extremamente sensível ao fogo, o resultado é uma grande perda de biodiversidade.”

Com relação ao Cerrado, o bioma é adaptado ao fogo e depende de queimadas naturais e controladas para manter o ecossistema. Entretanto, outros incêndios podem prejudicar o bioma.

“O bioma tem sofrido com altas taxas de desmatamento, o que resulta no aumento de queimadas e no risco de se tornarem incêndios descontrolados, alterando o regime natural do fogo. Essas mudanças impactam negativamente o equilíbrio ecológico, pois o fogo, embora seja um componente natural do Cerrado, está ocorrendo com uma frequência e intensidade que a vegetação não pode suportar”, alerta Vera Arruda, coordenadora técnica do MapBiomas Fogo e mestre em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB).

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Pantanal

O Pantanal foi o bioma que mais queimou de modo proporcional à sua área nos últimos 40 anos, com 9 milhões de hectares. Embora sejam apenas 4,5% do total nacional, o valor representa 59,2% de todo o bioma.

No ano passado, foram mais de 600 mil hectares queimados no Pantanal. De setembro a dezembro, foi o período que concentrou 97% do fogo.

O mês de novembro, sozinho, registrou 60% do total da área queimada.

O Pantanal também é um bioma adaptado ao fogo, mas tem enfrentado incêndios intensos. Além das queimadas que dispararam neste ano, o bioma também sofre com seca extrema.

O governo federal assinou um pacto com os estados do bioma para executar ações de proteção e também criou uma sala de situação para acompanhar a seca e os incêndios de 2024.

Caatinga

Segundo o documento, a área queimada na Caatinga entre 1985 e 2023 foi de quase 11 milhões de hectares. Isso equivale a 6% do total nacional e 12,7% do bioma.

Na Caatinga, as queimadas vieram pelo manejo agrícola e por secas prolongadas, “com muitas espécies vegetais mostrando adaptações ao fogo”.

Mata Atlântica

Na Mata Atlântica, foram cerca de 7,5 milhões de hectares, o que equivale a 4% do total nacional e 6,8% em relação à extensão do bioma.

A Mata Atlântica é “altamente sensível ao fogo e a fragmentação florestal e urbanização vêm aumentando a vulnerabilidade a incêndios”, avalia o MapBiomas.

Pampa

No Pampa, foram 518 mil hectares, ou 2,7% de seu território. Nesse bioma predomina a vegetação campestre, e as queimadas são pequenas e pouco frequentes. O pastejo dos rebanhos bovinos ajuda no baixo acúmulo de biomassa inflamável na região. As maiores queimadas costumam ocorrer em anos do fenômeno climático La Niña.

Cicatrizes do fogo

Além do total de áreas queimadas, os pesquisadores contabilizaram o tamanho da área por onde o fogo se alastrou e deixou marcas. Essa análise é feita por sistemas de monitoramento por satélite, com uso de inteligência artificial. É a relação do fogo com o tipo de solo do bioma.

“Os territórios com áreas queimadas entre 10.000 e 50.000 hectares são predominantes no Pantanal, com cerca de 25% das áreas afetadas. Já no caso do Cerrado, predominam queimadas em áreas entre 1.000 e 5.000 hectares, que respondem por 20% do total. Na Amazônia, predominam as áreas entre 100 e 500 hectares, que representam cerca de 20% do total afetado pelo fogo nesse bioma. Áreas inferiores a 10 hectares ou entre 10 e 50 hectares são predominantes na Caatinga e Mata Atlântica. No caso do Pampa, mais de 54% das áreas queimadas são menores que 10 hectares”, ressalta o levantamento.

Por Kellen Barreto, TV Globo — Brasília

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