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Dois técnicos gaúchos viveram protagonismo no fim de semana em divisões diferentes e por razões diferentes.

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As razões e a falta delas no futebol brasileiro

Dois técnicos gaúchos viveram protagonismo no fim de semana em divisões diferentes e por razões diferentes. Um faz campanha espetacular no América-MG, vice-líder da Série B. O outro acaba de ser demitido melancolicamente pelo Bahia, que está uma posição acima do Z-4 na Série A.

Lisca foi ao microfone depois do empate com a Chapecoense e, embora exaltado, ficou no limite das fundadas razões que tinha para dar o discurso que deu. Quando, por infeliz coincidência, repetem-se erros graves contra um mesmo time, quem se vê prejudicado tem direito de expor sua insatisfação com o proporcional tom de voz.

Lisca, técnico do do América-MG — Foto: Reprodução TV Coelho

Lisca, técnico do do América-MG — Foto: Reprodução TV Coelho

Lisca já havia sofrido prejuízo contra o Cruzeiro, quando perdeu o jogo no Independência. Ontem, o erro do auxiliar foi bisonho e impediu a virada do América-MG sobre a líder Chapecoense, o que significaria possibilidade aumentada de título da Série B pelo time mineiro. Fosse isolado, iria para a conta do erro humano. Lisca cita oito erros, não vou bancar que tenha razão em todos os lances alegados. Mas nas duas partidas que acabo de citar, o prejuízo foi devastador. Não para efeito de acesso à Primeira Divisão e sim para colocar faixa no peito.

Lisca não deu entrevista, fez um pronunciamento com a voz exaltada e terminou o texto com um “Chega!!!” veemente. O universo da arbitragem não tem bom resultado nas duas séries, inegável e triste realidade. A Série B não tem VAR, o apito fica absoluto e sem reparação de erro. Lisca não tinha razão como técnico do Caxias e depois do Juventude ao reclamar de erros de Márcio Chagas da Silva no apito contra Grêmio e Inter em dois campeonatos gaúchos. Nem ele nem ninguém terá razão sempre. Desta vez, porém, Lisca está coberto de motivos para explodir no limite em que ficou. Agiu como se fosse presidente do clube, tem dimensão para tanto onde está trabalhando. Agora, fica à espera das consequências.

Gerson discute com Mano Menezes em Flamengo x Bahia — Foto: Jorge Rodrigues / Agência Estado
Gerson discute com Mano Menezes em Flamengo x Bahia — Foto: Jorge Rodrigues / Agência Estado

O outro gaúcho vive dias melancólicos na carreira. Mano Menezes, de tanto conhecimento tático, grandes títulos e injusta demissão na seleção brasileira, parou no tempo constrangedoramente. Suas queixas reiteradas quanto ao árbitro excedem e ontem, contra o Flamengo, comprou uma briga ruim com Gérson, do Flamengo, que saiu de si quando ouviu “cala a boca, negro” do colombiano Benitez.

Não vejo como Gérson inventasse algo tão grave e fosse tão bom ator para se comportar como se comportou logo depois. É nesta hora que Mano intervém de modo infeliz, cogita suposta malandragem de Gérson, como se quisesse se beneficiar do episódio, e conclui de forma mais triste ironizando o embate do jogador do Flamengo com Daniel Alves nos confrontos com o São Paulo.

No amador de Passo do Sobrado a frase já seria obsoleta, imagine em futebol profissional. Mano foi demitido do Bahia. Além do fato domingueiro, a campanha ruim diante do elenco que tem em mãos e a eliminação na Sul-Americana pelo Defensa y Justicia compuseram o combo que o vitimou. Mano Menezes precisa rever a carreira que já foi tão bem-sucedida. Que o faça antes que ele mesmo a inviabilize para o futuro.

Por Maurício Saraiva — Porto Alegre / Globoesporte.globo.com

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