Esporte
Domènec Torrent, o espanhol ainda peca, principalmente nas substituições.
Equipe joga com maior mobilidade, comanda as ações em boa parte do empate com o Grêmio, mas segue morna, sem agressividade e sofre com má fase dos atacantes
Análise: Flamengo evolui, mas segue devendo no pós-volta, e culpa não é apenas de Domènec
Rodrigo Caio foi certeiro antes do intervalo: “Precisamos ser mais agressivos”.
E é exatamente essa característica que parece faltar ao Flamengo na volta do futebol durante a pandemia. Até por isso, colocar somente na conta de Domènec Torrent o início ruim no Brasileirão seria não só cômodo como injusto. E o empate com o Grêmio mostrou isso.
A inoperância ofensiva leva a uma análise crua de que o Flamengo fez uma péssima partida. Não. Como time, não fez. Mas alguns jogadores importantes voltaram a jogar mal e prejudicaram o todo. Bruno Henrique e Gabriel principalmente.
A dupla de ataque não vive bom momento técnico, e o gol de pênalti que colocou ponto final ao jejum de Gabriel ao menos serve de alento por dias melhores. O camisa 9 até corre de um lado para o outro, abre espaços, ajuda como dá. BH vive momento pior.
E não dá para dizer que são somente dois jogadores. São os dois mais decisivos para o ano mágico de 2019. Ao torcedor e a Domènec, resta esperar a má fase passar.
O espanhol ainda peca, principalmente nas substituições. A impressão é de que há pouco conhecimento do material humano que tem nas mãos. A falta de tempo para treinar com quatro jogos e duas viagens em praticamente duas semanas atrapalhou.
Mas mesmo sem castigar muito o Grêmio (9 x 10 em finalizações, com 62% de posse de bola), o Flamengo teve bons momentos, trocas de passes e domínio territorial na noite de quarta no Maracanã. No primeiro tempo em especial.
Bruno Henrique não vive bom momento e foi facilmente marcado por Pedro Geromel — Foto: André Durão
O que se viu em campo foi um time muito mais móvel e articulado no meio-campo e no ataque. Faltou, porém, capacidade de decisão a partir da intermediária ofensiva.
Ribeiro e Arrascaeta até tiveram lampejos de criatividade, mas não encontraram atacantes inspirados. A saída de bola também funcionou melhor, Arão e Gerson deram dinâmica, e a preocupação ficou por conta de Diego Alves.
O goleiro vacilou algumas vezes e recebeu orientação de Dome ainda no gramado ao apito final. Ajustes finos que o espanhol tenta fazer com o tempo que é possível.
A comparação com 2019 é cruel, mas o Flamengo que inicia o Brasileirão está abaixo do normal seja qual for o parâmetro. Dome e jogadores sabem e dividem responsabilidade por vitórias que vão significar algo mais importante do que três pontos: tempo para trabalhar.
Por Cahê Mota — Rio de Janeiro / Globoesporte.globo.com