SIGA O 24H

Internacional

Donald Trump em seu discurso de abertura da convenção do Partido Republicano

Publicado

em

Compartilhar isso...

Na ilha da fantasia de Trump

Convenção republicana pinta retrato distorcido dos EUA e de seu presidente, apresentado como modelo de estadista, negociador e guardião dos valores americanos.

O retrato distorcido dos Estados Unidos de seu presidente dominou a primeira noite da convenção republicana. Nesta ilha da fantasia, distante do mundo real, ficaram de fora os mais 170 mil mortos pela pandemia do novo coronavírus e 16 milhões de desempregados. Donald Trump surge como um modelo de estadista, negociador, defensor dos negros e guardião dos valores americanos.

Sem celebridades ou figuras de proa do partido, a convenção abdica de uma plataforma política, girando repetidamente em torno do culto à personalidade do presidente. Mas o pano de fundo é o desespero. Se a presidência de Trump refletisse o retrato pintado pelo partido, ele não precisaria recorrer com tanta insistência à carta da fraude eleitoral.

Formalmente indicado candidato republicano nesta segunda-feira, o presidente está nove pontos atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas nacionais. Enquanto era aclamado por uma parcela de delegados, ele apareceu de surpresa em Charlotte, na Carolina do Norte, para advertir, sem meias palavras, de que, se perder em novembro, é porque a eleição terá sido roubada pelo partido adversário.

“O que eles (democratas) estão fazendo é usar a Covid para roubar uma eleição, para fraudar o povo americano — todo o nosso povo — de uma eleição justa e livre.”

Trump atiçou a sua base com mais uma fantasia — a de cumprir mais do que dois mandatos e permanecer 12 anos no poder. Os republicanos deram voz a um casal de Saint Louis que ganhou o estrelato por apontar armas aos manifestantes do Black Lives Matters que passavam diante de sua casa durante os protestos antirracistas.

Alçados ao palco da convenção virtual, Mark e Patricia McCloskey repetiram outra tese desconectada da realidade — a de que os democratas vão abolir os subúrbios americanos: “Portanto, não se engane: não importa onde você more, sua família não estará segura na América dos democratas radicais”.

Nesta inusitada campanha, sem virtual e sem o termômetro dos comícios eleitores americanos são conduzidos a duas visões contrastantes do país. Em ambas, também por razões distintas, prevalece o roteiro do medo independentemente do partido político.

Democratas associam a permanência de Trump na Casa Branca como ameaça crucial à democracia. Republicanos vinculam a eleição de Biden à vitória do socialismo e dos radicais de esquerda. É fácil apontar quem prefere a ilha da fantasia.

Por Sandra Cohen / Foto: Carlos Barria/Reuters / G1.globo.com

COMENTÁRIOS

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade