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Dos cinco empates da 23ª rodada, Botafogo, Bragantino, Cuiabá e Athletico-PR ficaram mais próximos da vitória

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Nos empates da rodada, Botafogo, Bragantino, Athletico e Cuiabá ficaram mais próximos da vitória

Já no jogo entre Palmeiras e Flamengo, as equipes tiveram produções praticamente iguais segundo o indicador de expectativa de gol (xG). Leia análises

Dos cinco empates da 23ª rodada, Botafogo, Bragantino, Cuiabá e Athletico-PR ficaram mais próximos da vitória que seus adversários. Já no jogo entre Palmeiras e Flamengo, a impressão do atacante Dudu estava correta: o jogo foi muito igual de acordo com o que as equipes produziram.

O indicador de expectativa de gol (xG) ajuda a contar a história das partidas melhor que as demais estatísticas de finalizações, pois se entende que duas finalizações nem sempre fornecem o mesmo perigo para o adversário, como por exemplo uma feita do meio de campo e uma de pênalti. Por isso, cada finalização recebe um valor diferente, de acordo com suas características, mas levando principalmente em conta a distância e o ângulo de cada uma delas (veja metodologia no final do texto).

Palmeiras (1,31) 1-1 (1,34) Flamengo

O Palmeiras produziu uma expectativa de gol de 1,31 xG com 18 finalizações: uma da pequena área, oito da grande área e nove de fora da área. Já o Flamengo produziu uma expectativa de gol de 1,34 xG com 11 finalizações: duas da pequena área, sete da grande área e duas de fora.

Finalizações de fora da área tem uma probabilidade muito menor de serem convertidas em gol. De 42 mil finalizações coletadas desde a edição de 2013 pelo Espião Estatístico, somente 1.202 viraram gol (2,9 gols a cada 100 chutes de fora) e uma delas foi a do empate do Palmeiras com Raphael Veiga.

Bragantino (3,25) 1-1 (1,17) Ceará

O jogo dos pênaltis. Contabilizando somente os que valeram, foram três no confronto. O pênalti é o tipo de finalização que tem a maior probabilidade de ser convertido em gol. De 1.027 pênaltis cobrados e coletados pelo Espião Estatístico desde 2013, 787 viraram gol (76,6% das vezes). O Bragantino teve dois e converteu um. O Ceará teve um e converteu e o placar ficou igual.

O Bragantino finalizou 27 vezes na partida e poderia ter feito mais de três gols no Ceará, como o indicador de xG sugere (3,25 xG): dois pênaltis, duas finalizações da pequena área, sete da grande área e 16 de fora da área. Já o Ceará finalizou oito vezes: o pênalti, uma finalização da pequena área, duas da grande área e quatro de fora.

Athletico-PR (1,77) 1-1 (1,17) América-MG

O Athletico-PR produziu o suficiente para marcar quase dois gols (1,77 xG) em 18 finalizações (mais o ataque que resultou no gol contra de Éder): uma da pequena área, oito da grande área e nove de fora. O América-MG produziu uma expectativa mais próxima do gol marcado (1,17 xG) com 14 tentativas: nove da grande área e cinco de fora da área.

Desde 2013, o Espião Estatístico coletou 705 tentativas de finalização de voleio ou de bicicleta e o gol de Henrique Almeida foi apenas o 63º (8,9% das vezes) em mais de 3.600 jogos já disputados.

Atlético-GO (0,39) 1-1 (1,77) Cuiabá

O Cuiabá produziu mais, mas muito por conta do gol tomado próximo aos 30 minutos da primeira etapa. Correu atrás do prejuízo e conseguiu empatar já no final. O Atlético-GO só finalizou seis vezes na partida (somente mais três depois do gol): metade da grande área e metade de fora.

Já o Dourado finalizou 24 vezes: 11 da grande área e 13 de fora. A melhor chance da partida foi nos acréscimos com Alesson, sendo salva por Hayner após rebatida do goleiro Walter (quando linha cinza do gráfico abaixo sobe com maior inclinação).

Juventude (1,06) 2-2 (1,98) Botafogo

O Juventude marcou logo cedo e foi a partir dos 35 minutos do primeiro tempo que o Botafogo o ultrapassou, de acordo com o indicador de xG. Foram 10 finalizações do Juventude (uma da pequena área, cinco da grande área e quatro de fora) que resultaram em uma expectativa de 1,06 xG.

Já o Botafogo tentou o gol em 16 oportunidades: uma da pequena área, oito da grande área e sete de fora. Das sete finalizações de fora, duas foram de Lucas Fernandes. O meia é o único jogador da competição que finalizou mais de 30 vezes e ainda não marcou gol, muito por conta de suas inúmeras tentativas de fora da área.

Atlético-MG (2,14) 0-1 (0,51) Goiás

O Atlético-MG produziu o suficiente para marcar dois gols (2,14 xG) em 25 tentativas: uma da pequena área, 15 da grande área e nove de fora. A bola mais uma vez não entrou e o Galo é a terceira equipe com ataque mais ineficiente da competição (marcou menos gols do que o indicador de xG sugere), como mostra a tabela da competição no final do texto.

Não obstante, é a equipe com defesa mais ineficiente (tomou mais gols do que as suas finalizações cedidas sugerem). Não foi diferente contra o Goiás, que marcou um gol com metade de chances criadas (0,51 xG) e com apenas cinco finalizações: o gol da grande área e outras quatro finalizações de fora.

Fluminense (1,44) 5-2 (0,33) Coritiba

Gols de falta direta são raros e dois numa mesma partida mais ainda. De 5.736 faltas diretas coletadas pelo Espião Estatístico desde 2013, somente 233 viraram gol (1 gol a cada 25 tentativas). O confronto foi somente o décimo de 2013 para cá em que tivemos dois ou três gols de falta. As duas últimas vezes ocorreram em 2021 em São Paulo 2 x 1 Grêmio e Grêmio 4 x 3 Atlético-MG.

Destaque ainda para a eficiência do Fluminense no ataque: 13 finalizações (10 de dentro da área) que resultaram em uma expectativa de gol de 1,44 xG e cinco gols marcados. O Coritiba finalizou sete vezes (quatro da grande área e três de fora), produziu uma expectativa baixa de 0,33 xG e marcou dois.

Fortaleza (0,93) 1-0 (0,24) Corinthians

Expectativas de gol (xG) muito próximas do que as equipes marcaram na partida. O Fortaleza produziu 0,93 xG (e marcou um) com 13 tentativas (seis da grande área e sete de fora), enquanto o Corinthians produziu a menor expectativa de gol da rodada (apenas 0,24 xG) com sete finalizações (três da grande área e quatro de fora) e somente uma em direção ao gol.

Santos (1,82) 1-0 (1,29) São Paulo

O Santos produziu uma expectativa próxima de dois gols (1,82 xG) com 13 finalizações (o gol da pequena área, seis da grande área e seis de fora). Somente quatro finalizações no segundo tempo. Atrás do placar, o São Paulo buscou mais o jogo e produziu o suficiente para marcar mais de um gol (1,29 xG) com 18 finalizações (10 da grande área e oito de fora), mas acabou não marcando. O Tricolor pouco agrediu o Santos na primeira etapa, como mostra a linha cinza no gráfico abaixo até o minuto 45.

Avaí (0,71) 0-1 (2,29) Internacional

Antes do pênalti no final do jogo, o Inter foi quem estava mais próximo do gol. Produziu 2,29 xG com um pênalti, 10 finalizações da grande área e três de fora. Já o Avaí produziu 0,71 xG com nove finalizações (seis da grande área e três de fora).

Simulando 10.000 vezes cada finalização da partida, o Internacional sairia com os três pontos em 73% das vezes (como de fato aconteceu), o empate ocorreria em 17% das vezes e a vitória do Avaí ocorreria em 10% das vezes. Com isso, é possível calcular a expectativa de pontos (xP): para o caso do Internacional, seriam 2,36 xP (3 pontos x 73% + 1 ponto x 17%), enquanto a realidade foram os três pontos da vitória.

Essas probabilidades podem ser encontradas à direita de cada gráfico e, por fim, podemos ver quem são as equipes mais e menos eficientes em questão de pontos, gols marcados e gols sofridos na tabela abaixo. Vale lembrar de que o futebol é o esporte em que o acerto é mais raro (neste caso o gol) e isso faz com que nem sempre o placar final de um jogo seja condizente com a performance das equipes em campo.

Você pode encontrar gráficos e análises de demais jogos no Twitter do Espião Estatístico

Metodologia

O indicador de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG) é uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência mais de 89 mil finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em mais de 3,6 mil jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

Como exemplo, a cada cem finalizações da meia-lua, apenas sete viram gol. Então, considerando somente a distância do chute, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce, por outro exemplo, se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada finalização de cada equipe recebe um valor e é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

* Bruno Imaizumi é economista parceiro da equipe do Espião Estatístico, que é formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson e Valmir Storti.

Por Bruno Imaizumi* — São Paulo

Ge.globo.com

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