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Saúde

Embalagem da vacina CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan

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‘A Sinovac quer entender por que tivemos um resultado, e, em outros países, outro’, diz secretário sobre atraso dos dados

Jean Gorinchteyn disse em entrevista que não houve frustração sobre os resultados da CoronaVac e mantém o calendário estadual de imunização, com início em 25 de janeiro. Na quarta-feira (23), o governo do estado adiou novamente a divulgação dos dados sobre a eficácia.

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse nesta quinta-feira (24) que a CoronaVac tem eficácia superior ao mínimo exigido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 50%, e que o atraso da divulgação dos dados ocorre porque a Sinovac, empresa chinesa que produz a vacina em parceria com o Butantan, quer saber por que houve resultados diferentes nos países que fizeram os testes.

“A informação que nós, da Secretaria da Saúde, temos é de que ela [CoronaVac] é superior, bem superior, aos níveis mínimos desejados [50% de eficácia é o mínimo recomendado pela OMS)]. A única questão que não passaram são os números percentuais. A Sinovac [farmacêutica chinesa, parceira do Instituto Butantan na produção da vacina], pelo fato de termos variáveis de resultados em outros países; ela quer entender por que tivemos um resultado, e, em outros países, outro”, disse Jean Gorinchteyn em entrevista ao SP1.

Mais tarde, em entrevista à CBN, o secretário afirmou que, diferentemente do anunciado pela Turquia, a eficácia não atingiu 90% nos testes feitos no Brasil.

“Para se ter uma ideia, a vacina da gripe tem uma variação, dependendo de cada uma das faixas etárias, de proteção, que vai de 40% até 80% em determinados grupos. Então, nós sabíamos que a efetividade jamais atingiria 90%. Mas o que nós não imaginávamos é que a empresa queria, e objetivava, uma unicidade, um resultado muito próximo em todos os países e não somente em um ou outro país”, disse.

“Não atingiu 90% e mesmo não tendo atingido isso, valores menores, esses valores menores já nos dão, que é acima de 50%, nós não sabemos o quanto acima de 50%, se foi 60%, 70% ou 80%, mas eles estão em níveis que nos permitem fazer uma redução de impacto de doença na nossa população”, completou.

Em nota, o Instituto Butantan disse que “não comenta informações relativas a contratos da Sinovac com outros países” (veja a nota completa abaixo). O comunicado foi publicado após oficiais do governo da Turquia anunciarem que os testes da CoronaVac no país teriam obtido eficácia de 91%.

“A gente sabe que toda vacina que não é formulada por vírus vivo tem eficácia menor. Assim o é porque lidamos com fragmentos virais. O seu poder, que chamamos de imunogenicidade, o seu poder de proteção é um pouco menor, e é por isso que esses dados estão sendo avaliados – para garantir toda a transparência. Temos dados aqui que são, com certeza, diferentes dos de fora”, continuou o secretário.

A previsão inicial de divulgar a eficácia do imunizante era no dia 15 de dezembro, mas foi adiada para quarta-feira (23). Contudo, o anúncio foi postergado novamente ontem, embora o diretor do instituto, Dimas Covas, já tenha garantido que o estudo de fase 3 comprovou que a vacina contra a Covid-19 é segura e eficaz.

“Não houve nenhuma frustração. A frustração foi que nós queríamos saber números, o quanto [eficaz]. Isso ainda não tivemos. Mas, pra nós, como gestores públicos e médicos, ter uma vacina superior a 50, 60, 70%, é importante. É esta a única forma que teremos de diminuir casos graves, internações e mortes. O Programa Estadual de Imunização está previsto e acontecerá no dia 25 de janeiro”, completou.

Embalagem da vacina CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan — Foto: Instituto Butantan

Embalagem da vacina CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan — Foto: Instituto Butantan

Em nota, o Butantan afirma que “atendeu a um pedido da biofarmacêutica visando unificação de dados de eficácia da vacina” e que “os testes clínicos realizados no Brasil com 13 mil voluntários, a vacina já se mostrou extremamente segura e em patamar de eficácia acima do indicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde)”.

“Trata-de de um grande avanço, porque a vacinação em massa por meio do imunizante já garantiria expressivas reduções no número de internações por complicações relativas ao coronavírus”, completa o Butantan.

Histórico

Para que a vacina comece a ser distribuída é necessário que o Instituto Butantan envie o relatório à Anvisa, e que o órgão aprove o uso do imunizante.

Se aprovada, a CoronaVac pode se tornar a primeira vacina contra o novo coronavírus disponível no Brasil. Pelo cronograma do governo de São Paulo, a vacinação no estado deve começar no dia 25 de janeiro.

O acordo entre o laboratório chinês e o Instituto Butantan foi anunciado pelo governo de São Paulo em junho e prevê, além do envio de doses prontas, os insumos e tecnologia para que a vacina possa ser produzida e comercializada pelo Butantan.

No Brasil, a vacina foi testada em 16 centros de pesquisas, em sete estados e no Distrito Federal.12,5 mil voluntários brasileiros participaram dos testes.

Até ó final de dezembro, o governo paulista deve ter 10,8 milhões de doses prontas para aplicação. O maior lote de insumos chegará a São Paulo nesta quinta (24).

No dia 9 de dezembro, o Instituto Butantan começou o processo de envase da vacina a partir da matéria-prima importada da China. A produção é feita na fábrica do Butantan, que tem 1.880 metros quadrados, e contará com o reforço de 120 novos profissionais, além dos 245 que normalmente atuam no instituto.

Equipe inspetora da Anvisa e observadores do Butantan à esquerda e alta direção da empresa Sinovac à direita — Foto: Pearson/Anvisa

Equipe inspetora da Anvisa e observadores do Butantan à esquerda e alta direção da empresa Sinovac à direita — Foto: Pearson/Anvisa

Por SP1 e G1 SP — São Paulo

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