Esporte
Éverton Cebolinha custou 20 milhões de euros aos portugueses
Extensão de contrato, Copa e compra no futuro: a estratégia do Flamengo em negócio “muito difícil” por Cebolinha
Braz e Spindel usam receita antiga de empréstimo inicial para depois fazer maior investimento. Desafio é amolecer Benfica com oferta de um ano a mais no vínculo atual sem custos visando valorização do ativo
“Muito difícil”, mas não impossível. É com esse pensamento, sem ter muito a perder, que o Flamengo chega à Europa em busca daquele que é o reforço dos sonhos de Paulo Sousa: Éverton Cebolinha.
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O treinador reforçou aos dirigentes o quanto o ex-atacante do Grêmio se encaixa perfeitamente na lacuna existente no setor ofensivo rubro-negro, e Marcos Braz e Bruno Spindel têm uma estratégia bem definida para tentar quebrar a rigidez do Benfica na negociação. O “muito difícil” soa até como uma definição sutil diante da postura dos portugueses em um primeiro momento, mas o Flamengo conta com o desejo do jogador no processo de persuasão.
A estratégia rubro-negra passa diretamente pela vontade de Cebolinha, o que o faria oferecer uma extensão de um ano de contrato com os portugueses visando a cessão por empréstimo. Neste cenário, o atacante aceitaria ampliar gratuitamente o vínculo até o fim de 2026 para que o Benfica não tenha prejuízo no patrimônio.
A estratégia é a mesma utilizada para convencer o Lyon a liberar Thiago Mendes no meio de 2021, mas não funcionou. Na ocasião, o volante foi além e ofereceu dois anos gratuitos a mais no vínculo com os franceses, que se mantiveram firmes. A experiência faz o Flamengo frear qualquer otimismo e entender que tudo depende dos projetos do Benfica para o jogador.
Everton Cebolinha – Brasil x Equador – Copa América — Foto: Pedro Vilela/Getty Images
Em resumo, Éverton ofereceria aos portugueses o ano de contrato que seria cumprido agora no Flamengo, que ainda pagaria pelo empréstimo de um ano. É a alternativa encontrada entre as partes para que a negociação avance sem a necessidade de um alto investimento imediato para compra do jogador.
O Flamengo deseja manter o que tem sido padrão desde o início da gestão: contratar inicialmente por empréstimo para só depois investir alto na compra. Foi assim com Gabriel e Pedro, maiores compras da história do clube por 16,5 e 14 milhões de euros respectivamente, e também nas tratativas por Thiago Maia e Andreas Pereira.
Neste cenário, o clube não vê sentido – e não tem condições – em desembolsar quase 20 milhões de euros por Cebolinha, o que o transformaria na maior compra da história do futebol brasileiro. Por outro lado, entende que a alternativa apresentada é razoável para que o Benfica ao menos aceite abrir negociações.
Éverton Cebolinha custou 20 milhões de euros aos portugueses há menos de dois anos e o clube deseja ao menos recuperar o investimento. A estratégia para flexibilizar os portugueses tem um empecilho direto: a Champions League.
Praticamente sem chances de título português, o Benfica terá pela frente o Ajax pelas oitavas de final e entende que o brasileiro é parte determinante para avançar no confronto. O Flamengo projeta apresentar as opções e aguarda o feedback benfiquista.
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Para convencer Everton, o Flamengo entende que a volta ao futebol brasileiro por uma temporada o colocará de volta na disputa por uma vaga na Copa do Mundo de 2022. No início do ciclo, o jogador chegou a ser um dos grandes nomes da conquista da Copa America de 2019:
– É atleta que foi de seleção brasileira e existe a Copa do Mundo. Acho que todo atleta que foi convocado nos últimos anos acredita que pode ser chamado para a Copa. Acredito que esse possa ser um dos pontos que façam a pessoa pensar num retorno ao Brasil, mas não temos nada definido. – disse Marcos Braz na coletiva de apresentação de Marinho.
A subida de crescimento de Éverton com a camisa do Benfica recentemente tornou a negociação ainda mais delicada. O atacante fez dois gols nos últimos três jogos e voltou a ser titular absoluto da equipe.
Com uma estratégia em mente e um pedido de Paulo Sousa, o Flamengo tentará dobrar o Benfica sem nada a perder. Afinal, “muito difícil” não é impossível.
Por Cahê Mota — Rio de Janeiro
Ge.globo.com