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Explosão em restaurantes de Teresina

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Delegado pede que inquérito de explosão de restaurantes em Teresina seja arquivado

A perícia concluiu que a explosão aconteceu após um vazamento de gás, seguido do acionamento de uma chama.

O delegado Ademar Canabrava, do 12º Distrito Policial, pediu que o inquérito policial da explosão dos restaurantes Vasto e Coco Bambu seja arquivado. O acidente ocorreu em dezembro de 2022, na Zona Leste de Teresina.

A perícia concluiu que a explosão aconteceu após um vazamento de gás, seguido do acionamento de uma chama.

“Não foi encontrado algo que posso indiciar, por isso solicitamos o arquivamento do inquérito. As vítimas estão amparadas pela empresa’, declarou o delegado.

A Perícia Criminal concluiu a análise da explosão que destruiu dois restaurantes. Segundo o laudo, um gato que caminhava pela cozinha do restaurante durante a madrugada pode ter causado, acidentalmente, o vazamento de gás.

Perícia conclui que vazamento de gás que causou explosão em restaurantes em Teresina foi iniciado por gato — Foto: Perícia Criminal

Perícia conclui que vazamento de gás que causou explosão em restaurantes em Teresina foi iniciado por gato — Foto: Perícia Criminal

Conforme o laudo da Perícia Criminal, há três hipóteses sobre o que teria iniciado o vazamento, e duas pessoas contribuíram, involuntariamente, para que a explosão ocorresse. Atitudes diferentes dessas duas pessoas, um vigilante e um auxiliar de manutenção, poderiam ter evitado o acidente.

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Três hipóteses sobre como o vazamento começou:

  • 1 – Por pressão causada por falha do regulador na casa de gás.
Administração dos restaurantes e empresa fornecedora de gás entregaram regulares semelhantes, mas que não eram o que estava no local. — Foto: Polícia Civil

Administração dos restaurantes e empresa fornecedora de gás entregaram regulares semelhantes, mas que não eram o que estava no local. — Foto: Polícia Civil

A hipótese é de que, após uma falha no regulador que ficava na casa de gás do restaurante, a pressão nos canos que levam o gás até a cozinha teria subido além do suportável, e começado o vazamento.

Mas essa hipótese não pôde ser testada por completo porque, segundo a perícia criminal, o regulador que ficava na casa de gás do restaurante não foi entregue aos peritos, que não puderam analisá-lo. O equipamento foi solicitado à administração do restaurante e à empresa fornecedora de gás, mas ambas entregaram regulares semelhantes, mas que não eram o que estava no local.

  • 2 – Falha no regulador da cozinha

A hipótese seria de uma falha nos reguladores que reduzem a pressão da rede de gás para os equipamentos da cozinha (como fogões).

Segundo a Perícia, os reguladores da cozinha estavam dentro da validade. Entretanto, uma reforma havia sido feita no sistema de gás do restaurante em novembro. O local da casa de gás havia sido ampliado com mais um espaço, passando de 8 para 12 recipientes de gás P-190, tornando o sistema diferente do que estava no projeto original do restaurante.

Casa de gás foi ampliada com mais um espaço para botijões, tornando o sistema diferente do que estava no projeto original do restaurante.  — Foto: Polícia Civil

Casa de gás foi ampliada com mais um espaço para botijões, tornando o sistema diferente do que estava no projeto original do restaurante. — Foto: Polícia Civil

As diferenças podem ter fragilizado a rede de gás. Segundo a Perícia:

“f…] fora encontrado divergência na dimensão dos tubos da rede primária de cobre entre o projetado e o executado, além de algumas conexões não estarem com fita veda rosca, emenda de mangueiras em série, que são itens não permitidos pela norma”.

  • 3 – O gato
Perícia conclui que vazamento de gás que causou explosão em restaurantes em Teresina foi iniciado por gato — Foto: Perícia Criminal/ Polícia Civil

Perícia conclui que vazamento de gás que causou explosão em restaurantes em Teresina foi iniciado por gato — Foto: Perícia Criminal/ Polícia Civil

A terceira hipótese dos peritos é a de ação direta sobre os equipamentos da cozinha ou da rede de gás da cozinha, causada por um gato que caminhava pela cozinha por volta das 3h.

O vigilante que estava de plantão na madrugada da explosão disse em depoimento que ouviu barulho de vazamento e sentiu o cheiro de gás de cozinha por volta das 3h24, minutos depois de o gato aparecer pela cozinha (3h02).

A hipótese é de que o gato, enquanto passeava pelo local, teria aberto o gás de algum dos fogões ou outro equipamento da cozinha, ou mesmo arrancado alguma mangueira por onde o gás passava, iniciando o vazamento.

Ação humana e cronologia

3h24: Vigilante entra na cozinha do restaurante Vasto e percebe o cheiro de gás no local. — Foto: Polícia Civil

3h24: Vigilante entra na cozinha do restaurante Vasto e percebe o cheiro de gás no local. — Foto: Polícia Civil

Não se sabe ao certo como e quando o vazamento começou, mas o momento em que ele foi notado, sim. Às 3h24, o vigilante que estava de plantão ouviu um estalo. Ele entrou na cozinha para verificar o que havia acontecido e sentiu o cheiro do gás, que vazava.

Depois disso, ele saiu do Vasto e foi até o estacionamento. Em seguida, avisou sobre o vazamento para os vigilantes do Coco Bambu e tentou ligar para o gerente do restaurante e para o Corpo de Bombeiros, mas não teria conseguido.

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Imagem aérea mostra destruição causada por explosão de restaurante em Teresina

Às 3h40, ele entrou novamente na cozinha, e sentiu o cheiro de gás ainda mais forte. Assim, ele continuou seu plantão até as 6h, e depois disso foi para casa. De lá, meia hora depois, ele teria ouvido o ruído da explosão.

O laudo apontou para uma possível omissão ou negligência, falta de conhecimento ou de treinamento do vigilante, que ouviu o barulho de vazamento e sentiu cheiro de gás logo depois do início, por volta das 3h, mas não agiu para parar o vazamento.

“[…] o mesmo, ao sentir o cheiro de gás, e logo nos primeiros minutos, tivesse se dirigido ao local da central de gás e fechado o registro geral, teria estancado o vazamento e não teria havido a explosão e os danos consequentes, pelo contrário se dirigiu para fora do restaurante e aguardou até o fim do seu expediente”, diz o laudo.

Dessa forma, o gás vazou por cerca de 3 horas, ficando confinado dentro da cozinha do restaurante e formando a “bomba” que destruiu os estabelecimentos. Durante esse tempo, ninguém entrou na cozinha (além do gato).

6h22: auxiliar de manutenção percebe o cheiro de gás e liga o exaustor, para dissipá-lo. Faísca teria sido gatilho para a explosão. — Foto: Polícia Civil

6h22: auxiliar de manutenção percebe o cheiro de gás e liga o exaustor, para dissipá-lo. Faísca teria sido gatilho para a explosão. — Foto: Polícia Civil

Um auxiliar de manutenção dos restaurantes, que havia trabalhado no local durante a noite anterior, estava dormindo nas dependências do restaurante, e acordara por volta das 6h. Ao sentir o cheiro, ele fechou o registro geral da Casa de gás.

Às 6h22, ele entrou na área da cozinha do restaurante. Ao sentir o cheiro forte no local, decide acionar o exaustor, localizado na parte externa da cozinha, na tentativa de dissipar o gás. Mas foi justamente essa atitude que acionou uma centelha, que foi o gatilho para a explosão.

O auxiliar de manutenção sofreu queimaduras e ficou desacordado após a explosão. No dia da explosão, divulgou-se que ele seria vigilante do restaurante. Momentos depois, ele acordou e buscou socorro no estacionamento do restaurante, onde já havia uma ambulância.

Nota dos restaurantes Coco Bambu e Vasto:

O Coco Bambu e Vasto Teresina informam que tomaram conhecimento na data de hoje acerca do laudo pericial emitido pela Polícia Civil do Piauí.

Ao longo do processo de apuração, o restaurante prestou todos os esclarecimentos necessários. Colaborando do início ao fim com a instituição e o Corpo de Bombeiros.

Agradecemos o trabalho de todos os envolvidos neste procedimento importante.

O desfecho do laudo apresenta três hipóteses de causa, mas conclui que não será possível determinar o que efetivamente causou o vazamento. Importante destacar que, em quaisquer dos casos, é possível confirmar que, de fato, houve um acidente.

O Coco Bambu e o Vasto vão se reerguer e esperam reinaugurar, em breve, as operações. Voltaremos a levar o melhor da gastronomia

para mesa do Piauiense. Atualmente estamos funcionando apenas no delivery e temos recebido o importante apoio de clientes fiéis nesse processo de reconstrução.

Atenciosamente,

A Direção

Por Kamila Saraiva e Catarina Costa, TV Clube/g1 PI

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