SIGA O 24H

Esporte

Felipe Melo era titular absoluto sob o comando de Abel Braga no primeiro semestre

Publicado

em

Compartilhar isso...

Felipe Melo espera clima “super hostil” ao Fluminense contra o Corinthians, mas diz: “Me amarro”

Volante é candidato à vaga de titular no lugar do suspenso André na semifinal da Copa do Brasil

Candidato à vaga de titular do suspenso André na semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians, Felipe Melo foi o escolhido do Fluminense para dar entrevista coletiva na semana da decisão. Na tarde desta terça-feira, após o treino da manhã, o experiente volante de 39 anos falou com a imprensa sobre o jogão da próxima quinta, às 20h (horário de Brasília), na Neo Química Arena, onde já jogou várias vezes quando defendia o Palmeiras. E respondeu sobre o que clima que espera o Tricolor lá:

+ Quer transformar seu conhecimento sobre o futebol em prêmios em dinheiro a cada rodada do Brasileirão? Acesse o Cartola Express!

– Vai encontrar um dos maiores clubes do continente, uma das maiores torcidas do continente, um ambiente super hostil. Mas o Fluminense é considerado time de guerreiros, então está acostumado com essas situações, é fazer o que temos feito, respeitar o Corinthians. Acho que o maior respeito é entrar em campo e dar nosso melhor.

– A torcida faz diferença, e lá é bonito de se ver, é o estádio todo gritando, mas isso é bom para o jogador, o atleta gosta disso. Lembro quando estava no Palmeiras fomos jogar na Bombonera, o estádio tremia, e nós ganhamos de 2 a 0. A semifinal contra o Atlético-MG foi a mesma coisa, primeiro jogo não tinha torcida, mas no segundo tinha, empatamos e classificamos. Jogador de time grande gosta de jogar jogo grande, de chegar no estádio e ver o torcedor fazendo a festa. Por mais que seja contra, é bom, eu gosto, me amarro. E com certeza vamos estar bem preparados na quinta-feira.

Felipe Melo em ação pelo Fluminense — Foto: André Durão

Felipe Melo em ação pelo Fluminense — Foto: André Durão

+ Bora de Brasileirão! A maior oferta de jogos por um preço que dá jogo. Assine o Premiere!

Felipe Melo era titular absoluto sob o comando de Abel Braga no primeiro semestre, até a grave lesão no joelho direito na final do Campeonato Carioca que o levou à mesa de cirurgia. Desde que se recuperou, vem sendo uma espécie de 12º jogador com Fernando Diniz, entrando frequentemente nos jogos. Questionado se substituirá André, o volante disse ainda não saber e fez um desabafo:

– A possibilidade, pergunta tem que ser feita para o Diniz, eu estou à disposição. (…) Eu quero participar sempre, né? Vejo até algumas pessoas mandando mensagem para mim, essa interação que tenho com os fãs e quem não é tão fã assim, que mandam mensagens seja criticando ou não, dizendo que estou fora já tem tempo… Eu tive uma lesão complicada, e confesso que lembro dela com muito orgulho, porque foi a lesão que nos deu a primeira vitória na final do Carioca. Com cinco minutos tive um problema sério no menisco, era para eu ter saído, continuei no jogo até o final, aquilo piorou a situação, foi para a cartilagem.

– Agradeço a Deus por estar em um clube que me dá totais condições para me recuperar. De repente se é outro jogador teria até desistido por causa das dores, mas estou no clube certo. Os fisioterapeutas, médicos, são de um nível muito elevado, por isso a cada dia que passa tenho melhorado, mas ainda falta. Tenho pagado um preço importante a cada dia, seja de dor, de muito treino, para estar junto do time. Lembro com orgulho porque deu certo. Infelizmente o preço que paguei foi essa lesão. Estou melhorando a cada dia, não sei se vou jogar, estou à disposição. Se entrar jogando vou dar meu melhor como sempre, e se o Diniz optar por colocar outro no lugar estarei ali torcendo, fazendo tudo que sei de melhor para meus companheiros entrarem em campo e juntos trazermos essa vitória.

Felipe Melo em treino do Fluminense — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

Felipe Melo em treino do Fluminense — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

Veja outras respostas de Felipe Melo:

Postura contra o Corinthians

– Eu sou um cara que faço todos os jogos para mim como uma decisão. Acho que o o grupo tem que entrar em campo entendendo que para fazer a história depende muito desse jogo. O Fluminense foi campeão dessa competição uma vez, eternamente os atletas que estavam aqui vão ser lembrados. Se a gente quiser continuar colocando a nossa latinha no mural lá no Maracanã e aqui no CT, como já aconteceu depois do primeiro semestre, nós temos que encarar o jogo como uma decisão. Parece clichê falar isso, mas é entender que do primeiro minuto até o apito final não podemos em nenhum momento deixar com que a gente se perca, seja no foco, concentração, e sobretudo nos detalhes, que fazem a diferença em grandes jogos. Faz você perder e ganhar título.

Torcida do Corinthians

– Bom, para mim em São Paulo a melhor torcida é a do Palmeiras, que grita os 90 minutos. Mas a do Corinthians faz uma diferença enorme também, é diferenciada. Eu tive oportunidade de jogar decisão ali, jogos importantes contra o Corinthians, e realmente eles fazem diferença fora de campo. Dentro de campo somos nós que jogamos. Tive oportunidade de ganhar o primeiro jogo da final do Paulista lá, mas também já perdi alguns jogos ali. É entender que é final, decisão, para um clube que quer ser campeão tem que saber jogar fora de casa. Jogamos contra o Palmeiras esse ano, conseguimos um empate e poderíamos ter ganhado fora de casa. Jogamos contra outros grandes clubes fora e tivemos resultado positivo. Mas também trazer à memória alguns jogos fora que não concluímos bem.

– Por exemplo, na Libertadores fizemos o resultado em casa e perdemos fora a classificação. Já perdemos alguns jogos fora que estão fazendo muita falta no Brasileiro. É pegar os números que estamos bem, mas também lembrar aquilo de errado que já fizemos, e levar para dentro de campo. Tirar os erros, continuar com os acertos e tentar melhorar. Não temos margem de erro, é vencer ou vencer, não tem outra opção. É entrar focado, entendendo os mínimos detalhes. A torcida pode fazer diferença, de repente eles gritando podem ser o combustível para o time deles, de fazer pressão alta, mas estamos trabalhando bastante para entrar em campo e trazer essa classificação.

Rivalidade com Corinthians

“Rivalidade vai existir sempre pelos anos que vivi no Palmeiras, sentimento que tenho pelo clube. Com certeza corintiano me vê, hoje atleta do Fluminense, mas como ex-jogador do Palmeiras”.

Semelhanças e diferenças de André

– Não gosto de ficar fazendo comparações, o que o Felipe faz, o que o André faz… Eu creio que é uma pergunta para se fazer ao treinador ou alguém de fora. Prefiro me esquivar dessa pergunta. Eu tenho algumas coisas boas, outras que tenho feito melhor. O André é um menino que tenho muita consideração não só dentro do Fluminense, no âmbito profissional, mas considero um filho fora daqui também. Esses dias eu encontrei a esposa dele saindo do Maracanã e ela me perguntou: “Cadê seu filho”? Falei: “Meu filho não veio ao jogo”. E Ela: “Não, o outro (risos)”. Se referindo ao André. Tenho muito carinho por ele, sou suspeito para falar do potencial que ele tem para chegar aos grandes clubes europeus e também na seleção brasileira.

Volante x zagueiro

– Eu sou volante, modéstia à parte eu domino o meio campo. Assisto a muitos jogos, tenho aprendido muito, não estou apostando, pessoal até brincou, é que eu gosto de respirar futebol. O meio de campo é onde eu tenho a arte de dominar, graças a Deus. Jogar como zagueiro é para ajudar. Tenho melhorado a cada dia, a cada pique em que sinto menos dor é motivo de orgulho e perseverança.

Erros na saída de bola

– A gente treina muito, são três, quatro horas no campo treinando. Fora os vídeos e tudo. Eu já vi entendedores de futebol enxergarem erros de atletas que jogam em grandes clubes europeus como personalidade: “Caramba, que personalidade para sair jogando. Errou, acontece”. O erro nosso aqui não é personalidade. Quantas vezes aqui o Fluminense já saiu jogando? E quantas vezes foram saindo ao lado do goleiro? Quantos pontos já ganhamos construindo jogadas? Acho que foram muito mais do que erros individuais. É como eu falo, vamos focar no que temos feito de melhor. Sabemos o que a gente pode e deve melhorar. É claro que tem erros como aconteceram contra o Fortaleza que não devíamos cometê-los, mas a gente trabalha no limite. É um futebol bonito de se ver, mas para fazer um futebol bonito tem que trabalhar muito. Não é fácil, é muita movimentação.

– O último jogo foi muito claro para mim: alguns torcedores não vaiavam, mas ficava um burburinho de “aaaah” porque a gente poderia virar a bola e continuava no mesmo canto. Isso é trabalho, é treino nosso. Quando estiver certo que do outro lado está tranquilo para virar o jogo, vamos fazer. Quando estamos na paralela cheia que o Diniz faz, é porque a gente trabalha para isso. São detalhes que fazem a diferença. Já saímos jogando várias vezes, fizemos vários gols. O bonito é trabalhar. O que as pessoas não enxergam é que quando os clubes vêm jogar contra o Fluminense, como o Fortaleza, o Galhardo estava marcando. O Corinthians, o Roger Guedes estava na lateral marcando. As pessoas se preparam para jogar contra o Fluminense, porque sabem que senão o Fluminense vem preparado contra eles. O Athletico-PR tomou quatro gols de bola parada contra o Flamengo, contra a gente não existiu, estavam 100% concentrados. Tem que entender isso também.

“A gente vai errar porque somos seres humanos, mas é não ter medo de errar. Se tiver uma dúvida, você vai errar por causa disso. Entender que somos bons, podemos fazer melhor, sim, mas estamos trabalhando muito. Nunca trabalhei tanto na minha vida como aqui, e fico feliz de estar dando resultado”.

Relação com a torcida

– Acho que a gratidão tem que existir dos dois lados. Se hoje estou nessa situação na qual sofro bastante com as dores, é porque me arrebentei dentro de campo pelo Fluminense. E deu certo, fomos campeões. Independentemente de ser regional, o Fluminense tinha tempo que não ganhava. De quebra a gente impediu um dos maiores rivais nosso a se tornarem tetracampeões do estado, que se não me engano só o Fluminense é. Eu não fico acompanhando o que as pessoas fazem ou não porque é uma minoria. Tanto do torcedor e da imprensa também que cobre o Fluminense, que está para desinformar o torcedor. Principalmente ano de eleição dentro do clube.

– Minha família sabe o preço que é pago todos os dias para não trabalhar sem dor, porque isso não vai acontecer jamais, mas que eu possa trabalhar sem nenhum tipo de problema. Às vezes giro em cima do joelho e ainda sofro um pouco, mas agradeço demais a Deus. De algumas pessoas falarem que seria difícil voltar a jogar, já estou trabalhando, jogando e a cada dias as dores têm melhorado bastante. E sigo sonhando e entendendo que o fim vai ser melhor do que o início.

Como encara as vaias?

– É uma minoria que vaia. Eu vi antes do jogo alguns torcedores vaiando alguns atletas nossos que estão até bem. O Fluminense vive um ano, às vésperas de um jogo tão importante contra o Corinthians, que pode passar para a final da Copa do Brasil, estamos brigando nas primeiras colocações do Brasileiro, fomos campeões estaduais depois de alguns anos. Não sei o que quem vai está querendo, se é criar um tumulto, um problema dentro do ambiente. Mas quando vamos a campo não é para jogar por quem vaia, e sim para os que vão ao Maracanã e são tricolores de coração, que sofrem assim como a gente sofre também. E são milhares e milhares. Isso é do ser humano, temos um grande defeito que é focar na minoria. Se tem 60 mil pessoas no Maracanã e cinco mil vaiam, por que vocês vão dar foco a cinco mil e não a 55 mil que aplaudiram? Ou que vaiaram os que vaiaram?

– Ao longo da minha vida eu tenho entendido e aprendido a não dar foco e nem voz a tipo de pessoas assim, seja no estádio, nas redes sociais… Dou foco a quem vê meu trabalho árduo dia a dia, quem está junto comigo. Os outros, o que eles querem são cinco minutos de fama. Eu achei até errado da minha parte naquele dia ter ido defender o Pineida porque acabou que virou contra mim e o Manoel. A gente foi defender um companheiro, e o cara estava xingando ele, a mulher dele, a filha dele… Ele tinha tido um problema importante, tinha feito uma viagem até o Equador, mas continuou focado aqui, e por um erro ou outro começaram a vaiar ele antes mesmo do jogo.

– O torcedor, eu entendo que é passional. Eu fui torcedor de ir ao Maracanã. Quando estou vendo jogo de casa, confesso que sou corneta para caramba (risos), mas é por isso que vejo jogo sozinho dentro de casa, gosto nem que meu filho veja, senão ele vai falar: “Caramba, você está xingando os caras, depois vão te xingar no estádio e você tem que ficar quieto também”. Mas, enfim, entendemos que temos uma missão e vamos fazer de tudo para que o Fluminense esse ano possa nos sagrarmos campeões mais uma vez.

Pensou em desistir?

– O pensar em desistir foi um dia. No dia que saí do treino aqui chorando porque comecei a treinar e senti muita dor. Falei: “Não dá para ficar assim, chorando, treinando com muita dor”. Aí tive essa conversa com uma amiga, ela não sabia nada e disse: “Vim falar uma coisa com você, Deus falou para você desistir de desistir”. Pensei: “Não é possível, que isso”? Sou um cara de muita fé e falei: “Se é da vontade de Deus eu continuar, ele vai fazer um milagre na minha vida, as coisas vão começar a melhorar”. Claro que se nós queremos vencer na vida não é sentadinho, continuar treinando sem fazer nada, sem fazer fisioterapia, reforço muscular, nem nada. Existe pagar um preço, mas a cada dia eu tenho melhorado. Isso é o mais relevante para mim. O tratamento e o cuidado do Fluminense comigo. Eu tenho uma gratidão enorme pelo Fluminense.

“E agradeço muito a Deus por termos sido campeões carioca, porque eu não ia me perdoar, estaria achando que eu estaria em débito com o clube se não tivéssemos sido campeões e eu tivesse me machucado”.

Por Jamille Bullé, Redação do ge — Rio de Janeiro

COMENTÁRIOS

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade