Internacional
Foguete que colocará satélite Amazônia 1 em órbita é lançado
Satélite Amazônia 1, primeiro totalmente feito no Brasil, é lançado ao espaço
Equipamento foi lançado de base na Índia e vai ajudar na observação e no monitoramento do desmatamento na região amazônica.
O Amazônia 1, primeiro satélite completamente brasileiro, foi lançado ao espaço na madrugada deste domingo (28). O lançamento ocorreu às 1h54, no Centro de Lançamento Sriharikota, na Índia. O satélite brasileiro foi ao espaço juntamente com os satélites Sindhu Netra (India), Nanoconnect-2 e SpaceBee (12 ) (ambos dos Estados Unidos).
Cerca de 17 minutos após o lançamento do foguete PSLV-C51, o satélite se separou (assista ao vídeo mais abaixo) e fez suas primeiras atividades previstas, como a abertura do painel solar, a estabilização de sua orientação em relação à Terra, a verificação dos sistemas e a colocação do modo de prontidão.
VÍDEO: Veja o momento em que o satélite Amazônia 1 se desprende de foguete e entra em órbita
Em vídeo gravado e divulgado após o lançamento, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Clezio de Nardin, declarou que a próxima etapa é iniciar a fase de testes para verificar o satélite e ajustes em sua câmera.
O equipamento é o terceiro a formar o sistema Deter e vai auxiliar na observação e no monitoramento do desmatamento na região amazônica. Com 4 metros de comprimento e 640 kg, o Amazônia 1 vai ficar a 752 quilômetros acima da superfície da Terra em uma órbita entre os polos norte e sul e vai capturar imagens em alta resolução. As fotos começarão a ser tiradas cinco dias após o satélite se estabilizar na órbita.
VÍDEO: Satélite Amazônia 1 levará 100 minutos para dar uma volta na Terra; entenda
O satélite foi desenvolvido no Inpe, em São José dos Campos, e levado em 22 de dezembro para a Índia para ser lançado. Embarcaram em fevereiro para acompanhar o envio do satélite o diretor do Inpe e o Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
Do espaço, ele vai mandar o sinal para três estações de monitoramento no Brasil: uma em Cuiabá (MT), a outra em Alcântara (MA) e a terceira em Cachoeira Paulista (SP). Todos os movimentos do satélite serão coordenados de uma outra estação, que fica no Inpe.
Lançamento estava comprometido depois que Inpe suspendeu bolsitas do projeto — Foto: Divulgação/Governo Federal
Investimentos e paradas no projeto
O projeto começou há oito anos, na sede do Inpe, e teve um investimento de R$ 400 milhões e envolvimento de diversos pesquisadores.
Após oito anos para construção, com ameaças de paradas no projeto por falta de orçamento, ele foi concluído para testes em dezembro de 2020. No Inpe, o equipamento passou por uma bateria de análises até a liberação para transporte, que foi feita ainda em dezembro.
Inicialmente, o lançamento estava previsto para o dia 22 de janeiro, mas a data foi remarcada. A mudança foi feita a pedido da equipe de lançamento, que pediu mais tempo para as etapas finais de preparação. Com isso, a data foi alterada para este domingo.
Foi montado um esquema de transporte com o satélite desmontado. Ele foi levado por um avião cargueiro e passou pelo Senegal antes de chegar ao seu destino final, na Índia.
Satélite Amazônia 1 foi transportado para Índia em dezembro — Foto: André Rosa/TV Vanguarda
Sede do Inpe fica em São José dos Campos — Foto: Wilson Araújo/TV Vanguarda
Verba
Pouco antes do lançamento, o Inpe suspendeu as bolsas de 107 pesquisadores no instituto por falta de verba. A modalidade de bolsas cortadas é a PCI, que mantém pesquisadores em atividades de trabalho, não só pesquisa, dentro do instituto.
A medida atingiu sete pesquisadores do setor do Amazônia 1, envolvidos nas etapas finais e plano de vôo do lançamento. Sem recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, eles estavam impedidos de trabalhar e, com isso, o lançamento do equipamento estaria em risco.
Para manter a data, a Agência Espacial Brasileira (AEB) teve de intervir e custear as bolsas. Pouco antes de embarcar à Índia, o ministro Marcos Pontes afirmou que a verba será remanejada e as bolsas mantidas.
O G1 pediu ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) detalhes sobre a fala do ministro e aguardava retorno até a publicação da reportagem.
Por G1 Vale do Paraíba e Região