Agenda Cultural
Globo Repórter completa 50 anos, e explora a costa do Piauí
Programa mostrou os lençóis piauienses e fez um safári noturno com serpentes.
Globo Repórter completa 50 anos de história e exibe 5 programas especiais a partir de 31 de março
Tecnologia, sociedade, saúde, meio ambiente e viagens são os assuntos dos programas assinados pelos repórteres Ernesto Paglia, Pedro Bassan, Lilia Teles, Beatriz Castro e Jorge Pontual, respectivamente.
O Globo Repórter comemora 50 anos no dia 3 de abril e uma série de cinco programas especiais vai celebrar a data, a partir de 31 de março. Eles vão mostrar como os brasileiros se informaram pelo Globo Repórter sobre tecnologia, sociedade, saúde, meio ambiente e viagens. Os especiais vão destacar também como as reportagens impactaram a vida dos entrevistados.
Ernesto Paglia, Pedro Bassan, Beatriz Castro, Lilia Teles e Jorge Pontual comandam as matérias dos especiais na celebração do aniversário. Segundo a diretora do programa, Mônica Barbosa, esses repórteres tiveram participações expressivas no Globo Repórter ao longo dos últimos anos. Confira abaixo a programação.
31 de março: Tecnologia
Da televisão em preto e branco ao metaverso. Um salto tecnológico em 50 anos. Junto com brasileiros que ajudaram o Globo Repórter a contar a história da revolução digital, o programa revisita momentos de grandes transformações e olhar para o futuro. Ernesto Paglia, um apaixonado e profundo conhecedor do assunto, integrou a equipe em 1983 e renovou a linguagem do Globo Repórter. Ele trabalhou exclusivamente para o programa como repórter durante os três anos seguintes. Desta vez, refaz a cena da primeira ligação de celular da história, realizada no dia 3 de abril de 1973, mesmo dia da estreia do Globo Repórter. Paglia pede ainda uma descrição do Globo Repórter ao chatGPT.
Em 1991, os irmãos Christian e Michael foram entrevistados no Globo Repórter que mostrou o crescimento do mercado de vídeo games no Brasil. 30 anos depois, a equipe reencontrou os dois. — Foto: Globo Repórter
Repórter Ernesto Paglia em cenário criado com objetos antigos. A máquina de escrever, por exemplo, perdeu sua importância no mercado de trabalho. Foi substituída pelo computador. — Foto: Globo Repórter
07 de abril: Sociedade
A reportagem de Pedro Bassan se debruça sobre as mudanças na sociedade nas últimas cinco décadas. Quando o primeiro programa foi ao ar em 1973, a mulher brasileira ainda não tinha os direitos jurídicos iguais ao homem, nem mesmo o divórcio existia. De lá para cá, foram muitas transformações nas relações humanas. O episódio vai tratar do comportamento dos brasileiros e mostrar o que mudou nas cidades, no trabalho e no casamento. E o que ainda se mantém na vida do país, como episódios de racismo, machismo e preconceito. O programa reencontrou pessoas que abriram suas vidas para o Globo Repórter para contar o que aconteceu com elas nos últimos anos.
Pedro Bassan encontra a professora Suellen da Silva Santos, de Barra do Piraí (RJ), que escreveu uma carta para o Globo Repórter há 20 anos — Foto: Globo Repórter
14 de abril: Saúde
O Globo Repórter sempre trata de alimentação saudável, o combate ao estresse e à ansiedade e o reflexo de tudo isso no cotidiano das pessoas. A reportagem de Lilia Teles mostra as descobertas científicas que transformaram a vida dos brasileiros e resgata histórias de gente que se superou, e hoje vive melhor, depois de adotar um estilo de vida saudável. Segundo a diretora Mônica Barbosa, o programa encontrou pessoas que escolheram a profissão que exercem hoje, por exemplo, ou passaram a praticar atividade física por causa de um programa do Globo Repórter.
Imagem do programa ‘Meningite: um inimigo por toda parte’, de 06/05/1975 — Foto: Globo Repórter
21 de abril: Meio ambiente
O Globo Repórter foi um dos primeiros programas a falar para os brasileiros sobre sustentabilidade. Além disso, foi um dos primeiros a ter autorização para desbravar Fernando de Noronha e a produzir matérias jornalísticas numa aldeia yanomami, a levantar bandeiras ecológicas como a defesa das baleias. A reportagem de Beatriz Castro se debruça sobre o meio ambiente e retoma as jornadas feitas pelas florestas brasileiras, a parceria de especialistas que descobriram lugares intocados e espécies exóticas. No especial, ela irá ao Parque do Xingu para revisitar os indígenas que nos apresentaram a emocionante cerimônia do quarup.
Guerreiros Kamayurá, etnia de Mato Grosso — Foto: Globo Repórter
28 de abril: Viagens
O brasileiro descobriu inúmeros paraísos com o Globo Repórter. Em cinco décadas, o programa desbravou locais que viraram roteiro da moda após uma reportagem. Direto de Nova York, o repórter Jorge Pontual convida o público a rever culturas que o programa apresentou aos brasileiros, sem sair do sofá e também relembra as viagens que marcaram a história da TV brasileira, algumas icônicas feitas por Gloria Maria. Pontual foi editor-chefe do Jornal da Globo e do Globo Repórter entre 1983 e 1996.
Gloria Maria no Irã em 2017 — Foto: Globo Repórter
O programa
Há cinco décadas, o Globo Repórter entrega informação e entretenimento. O programa conta com reportagens de repórteres de todo o Brasil, de correspondentes internacionais, e tem apresentação de Sandra Annenberg. Sérgio Chapelin ficou à frente do Globo Repórter de 1973 até 2019, quando se aposentou, dando lugar a Sandra Annenberg e Glória Maria, que morreu em fevereiro de 2023, após lutar contra um câncer. O programa vai ao ar às sextas-feiras, após o ‘BBB 23’.
Apresentadora Sandra Annenberg — Foto: Globo Repórter
Sérgio Chapelin na abertura do programa sobre Boa Esperança do Sul, em 1976. — Foto: Globo Repórter
g1.globo.com/globo
Globo Repórter explora a costa do Piauí, estado com o menor litoral do país; veja a íntegra
Programa mostrou os lençóis piauienses e fez um safári noturno com serpentes.
O Globo Repórter desta sexta-feira (24) fez uma expedição pela costa do Piauí, estado com o menor litoral do Brasil. São 66 km e um mundo de belezas naturais. Tudo dentro de uma Área de Proteção Ambiental. Para a ciência, a região ainda guarda mistérios porque faltam pesquisas.
O programa fez um safári sob a luz da Lua, mostrou animal raro e enigmático, apelidado de fantasma, num imenso cajueiro-rei, visitou os lençóis piauienses, numa aventura por dunas gigantescas, e esteve na Vila dos Ventos, onde o kitesurf muda vidas. O lugar tem o único delta das Américas e um santuário do peixe-boi. Tudo isso acompanhado dos sabores que vêm do mar, carregando a história da região. Assista à íntegra em vídeo.
Região tem o único delta em mar aberto das Américas, o Delta do Parnaíba
Delta do Parnaíba, o único delta em mar aberto das Américas — Foto: Globo Repórter
A expedição começou no morro do Meio, na Baía do Caju, território maranhense, e seguiu o caminho das águas, rumo ao Piauí. A equipe passou por dunas gigantescas e mais de 70 ilhas. A principal fonte de renda na região é a pesca. Um emaranhando de rios e igarapés corre em direção ao Atlântico, formando o único delta em mar aberto das Américas, o Delta do Parnaíba. A reportagem registrou os maiores roedores do mundo, as capivaras, que são ótimos nadadores, e outros animais, como os bugios ruivos, animal terrestre mais barulhento do planeta.
Unidade de conservação federal entre MA, PI e CE é área de transição entre os biomas Caatinga, Cerrado e a Zona Costeira
Foz do Rio Igaraçu é a única foz do Delta do Parnaíba que fica 100% no Piauí. Toda a vida que encanta os olhos no delta é regida por um ciclo ancestral, que movimenta a natureza do planeta desde sempre: as marés. A reportagem registrou os aratus-vermelhos, num lugar protegido desde 1996. Uma imensa unidade de conservação federal começa no Maranhão, atravessa o litoral do Piauí e chega ao Ceará. É uma área de transição entre os biomas Caatinga, Cerrado e a Zona Costeira.
Floresta de cajueiros no Piauí é habitat escolhido pelo tamanduaí, o menor tamanduá do planeta
Tamanduaí, o menor tamanduá do mundo, em floresta de cajueiros no Piauí — Foto: Globo Repórter
O tamanduaí pesa cerca de 250 gramas, bem diferente do tamanduá-bandeira, que pesa 40 kg. Por ser um animal difícil de ser avistado, pouco se sabe sobre a espécie. Acreditava-se que o animal era encontrado apenas na Amazônia e no Pantanal, mas o guia Pedro da Costa Silva descobriu que ele existe também no Piauí, num imenso cajueiro. O Instituto Tamanduá revelou que existem sete espécies desse animal no Brasil.
Óleo de coco diminui o colesterol, previne doenças do coração e regula a glicose
O Globo Repórter mostrou também o dia a dia numa casa na lida do coco. Moradores descascam a fruta seca, no preparo da fonte de renda da família. Uma máquina rala a fruta para fazer o óleo de coco. O leite do coco vai para o fogo, ferve e o óleo sobe. Ele fica 24 horas apurando, descansando, e o resultado é óleo de coco puro. Bom para cozinhar, para a pele e para o cabelo, por exemplo. A repórter Fernanda Graell experimentou este e outros sabores e foi bem recebida pelos nativos da região.
Farol da Pedra do Sal, o mais antigo da costa do PI, pode ser visto a 46 km
Farol da Pedra do Sal, o mais antigo da costa do PI — Foto: Globo Repórter
A Pedra do Sal é o coração do litoral do Piauí. O farol foi construído em 1873, quando o Brasil ainda era um império. O farol tem 18 metros de altura e auxilia nas navegações. O Globo Repórter chegou ao topo dele, onde fica o equipamento de iluminação. Do alto, é possível avistar a Praia do Pontal, para onde seguiu a expedição do programa. A estrada é areia e a natureza que dá passagem, enquanto a maré permite. Na Ilha Grande de Santa Isabel, o pontal é o encontro do Rio Parnaíba com o Oceano Atlântico.
Safári noturno no Piauí registra jacarés, aves e serpentes em momentos de caça
Serpente registrada durante safári noturna na costa do Piauí — Foto: Globo Repórter
Quase às 21h, a equipe navegou pela APA do Delta do Parnaíba, que tem mais de 80 espécies de répteis e anfíbios registrados. Somente à noite, muitos animais saem da toca para se alimentar. Das 70 ilhas do Delta, boa parte delas nunca foi visitada ou estudada por biólogos. Faltam recursos financeiros e pesquisadores especializados nessas áreas. E boa parte da biodiversidade de lá ainda é desconhecida. A reportagem registrou imagens de animais como o jacaré-tinga, gavião-caramujeiro, martim-pescador-grande, martim-pescador-verde, anu-coroca, iguana, gambá e algumas serpentes.
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Globo Repórter registra aventura em carros pelos lençóis piauienses
Aventura nos lençóis piauienses — Foto: Globo Repórter
Em Luís Correia (PI), entre dunas e piscinas naturais, estão os lençóis piauienses. Área de relevante interesse ecológico foi criada pela Secretaria de Meio Ambiente do Piauí para proteger o ecossistema raro das dunas e fiscalizar o uso sustentável da terra. O lugar foi descoberto pelo ecoturismo. O Globo Repórter registrou uma aventura em carros na região. Uma das dunas mais altas tem 50 metros de altura e é bem inclinada. A areia fina é arrastada do leito dos rios pelos ventos alísios, que sopram da África, atravessam o Atlântico e chegam ao Nordeste do Brasil, criando uma paisagem impressionante. A Lagoa do Portinho é a maior dos lençóis, com quase 8 quilômetros quadrados.
Em Barra Grande, vilarejo no Piauí, jovens têm a vida transformada pelo kitesurf
Barra Grande, vilarejo no Piauí, onde jovens têm a vida transformada pelo kitesurf — Foto: Globo Repórter
Os ventos determinam o rumo das navegações há séculos. Trouxeram os europeus para o Brasil e ainda movem a vida e a economia de todo o litoral do Piauí. E não é apenas no barco à vela. Barra Grande é o vilarejo do kitesurf. A costa do Piauí está entre os melhores pontos para o esporte, mas para voar alto, é preciso dominar a pipa. A repórter Fernanda Graell tentou aprender (confira em vídeo). ONG Projeto Vivo Kitesurf há 9 anos muda vidas através do esporte. Atletas da região dão orgulho para Barra Grande. O Manoel ‘Piçarrinha’ Soares e Bia Silva são jovens e campeões no esporte.
Chef de cozinha prepara moqueca de arraia, arroz de sururu e caranguejo, direto do Delta do Parnaíba
Moqueca de arraia, arroz de sururu e caranguejo, direto do Delta do Parnaíba — Foto: Globo Repórter
O ariacó é o peixe mais procurado na região do Piauí e a equipe do Globo Repórter registrou a chef Lira Müller cozinhando um delicioso prato com a espécie. Ela preparou uma moqueca de arraia, um arroz de sururu, rico em minerais, e um caranguejo, direto do Delta do Parnaíba.
Delta do Parnaíba é a segunda área de desova no Brasil da tartaruga-de-couro, ameaçada de extinção
Tartaruga de couro — Foto: Globo Repórter
O litoral do Piauí, apesar de lindo, não tem as águas mais transparentes para mergulhar. Mas a vida submersa é rica, como mostra Chico Rasta, fotógrafo especialista em registros de natureza. O estuário dos rios Timonha e Ubatuba é um importante berçário para mais de 70 espécies de peixes. Nesse ecossistema pouco estudado, Rasta coloca as lentes à serviço de ONGs e entidades de conservação. Rasta colaborou com a ONG “Comissão Ilha Ativa” na busca pelo mero, que chega a 400 quilos. Em 2022, os biólogos do projeto “Tartarugas do Delta” publicaram um artigo identificando o Delta do Parnaíba como segunda área de desova no Brasil da tartaruga-de-couro, espécie ameaçada de extinção. Desde 1982, a ciência só mapeava desovas no Espírito Santo.
Globo Repórter registra resgate de peixe-boi
Resgate de peixe-boi no Piauí — Foto: Globo Repórter
No Rio Carpina, quase no fim do Piauí e chegando à divisa com o Ceará, a equipe foi atrás do peixe-boi e acompanhamos os monitores ambientais da base peixe-boi, do ICMBIO. Um peixe-boi apareceu numa praia da região e os moradores de Pedra do Sal ficaram em alvoroço quando a pintada foi resgatada. Ela foi solta no Ceará e saiu do radar porque o GPS quebrou.
A expedição do Globo Repórter pelo litoral do Piauí começou no Maranhão e terminou no Ceará, na Ilha das Conchas. Os repórteres Fernanda Graell e Rennan Nunes viram ermitões, vizinhos dos cavalos-marinhos. A espécie é monitorada pelos pesquisadores e a presença na região é boa notícia.
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