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Isabel (número 7) foi destaque do Flamengo nos anos 1980
Maria Clara, filha de Isabel, fala sobre adeus: “Minha mãe foi um furacão”
Ex-jogadora, que morreu na madrugada de quarta-feira, recebe último adeus de fãs
A emoção se fez presente no último adeus a Isabel Salgado, ícone do vôlei que morreu na madrugada de quarta-feira. No cortejo fúnebre, ao som de Tim Maia, amigos e familiares se despediram da ex-jogadora. Maria Clara, uma das filhas de Isabel, representou a família após a despedida, realizada no Cemitério da Penitência, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.
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– A gente queria agradecer a todos que vieram aqui hoje. Minha mãe foi um furacão. Foi uma mulher realmente incrível, fora do comum. Mas minha mãe não amava a gente só. Minha mãe amava gente. Era uma mulher que ensinou a amar e foi muito amada. Hoje foi um dia de celebrá-la. Ela segue muito viva dentro da gente. Diariamente, vamos viver esse amor que a gente aprendeu com ela, sentiu lá em casa, todo mundo junto.
Maria Clara se despede da mãe, Isabel Salgado — Foto: Marcelo Barone
Maria Clara também falou do adeus inesperado à mãe. Para a filha, ainda não era a hora de Isabel se despedir. Mas disse ter a certeza da intensidade com a qual a mãe viveu.
– Queria agradecer a ela por tudo o que ela fez. Vai descansar em paz agora. Não era a hora dela ainda, com certeza. Ela viveu só 62 anos, mas viveu intensamente como poucas pessoas viveram – disse.
Família e amigos dão adeus a Isabel Salgado — Foto: Marcelo Barone
No cortejo fúnebre, uma camisa azul do Brasil, usada por Isabel quando defendia a seleção, foi colocada sobre o caixão. A ex-jogadora foi acompanhada por amigos e familiares rumo à cremação. No caminho, as dezenas de pessoas que acompanharam o cortejo cantaram músicas de Tim Maia no último adeus a Isabel.
– Minha mãe não guardava nada. A gente aprendeu isso e também não guarda. Ela tinha dado essa camisa para a nossa babá. Ela veio hoje e trouxe a camisa. Ela voltou para gente hoje. Minha mãe sempre priorizou as relações. O fato da minha babá ter vindo hoje mostra isso – disse Maria Clara.
A filha de Isabel também falou sobre o destino das cinzas da ex-jogadora.
– Minha mãe é do mundo, da natureza.
Cortejo fúnebre de Isabel foi ao som de Tim Maia — Foto: Marcelo Barone
Isabel Salgado, ícone do vôlei brasileiro e que morreu na madrugada de quarta-feira, foi velada e cremada nesta quarta-feira no Cemitério da Penitência, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. A cerimônia, aberta ao público, teve início às 11h, já com um número grande de pessoas para se despedir da ex-jogadora. Depois, familiares e amigos mais íntimos acompanharam a cremação.
Filhos de Isabel, Pedro Solberg, Carol Solberg, Maria Clara, Pilar e Alison foram os primeiros a chegar. Nomes do esporte como Fabi, Jackie Silva, Virna, o comentarista Marco Freitas e o ex-judoca Flavio Canto, também foram ao local. Gustavo Kuerten, o Guga, mandou uma coroa de flores para homenagear Isabel. Outras personalidades, como a deputada Benedita da Silva e o ator Antônio Pitanga, também foram se despedir.
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Dezenas de pessoas no velório de Isabel — Foto: Marcelo Barone
Uma das maiores referências do vôlei brasileiro, Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, morreu na madrugada de quarta-feira no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A ex-jogadora, que tinha 62 anos, deu entrada no hospital na terça-feira com pneumonia, gerada por infecção bacteriana, não resistiu e morreu.
Isabel Salgado é velada no Rio de Janeiro — Foto: Marcelo Barone
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Isabel disputou duas Olimpíadas (Moscou 1980 e Los Angeles 1984) no vôlei de quadra e depois, no início dos anos 1990, migrou para o vôlei de praia, em que foi uma das pioneiras mundiais da modalidade. Deixa cinco filhos e cinco netos. Na última segunda-feira, havia sido anunciada como integrante do grupo técnico de esportes para a transição de governo do presidente Lula, que assumirá o país em janeiro.
Pedro Solberg é consolado no velório de Isabel Salgado — Foto: Marcelo Barone
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Gustavo Kuerten enviou uma coroa de flores para velório de Isabel Salgado — Foto: Marcelo Barone
Isabel fez parte da seleção feminina de vôlei que abriu as portas para a modalidade, nos anos 1980, ao lado de Vera Mossa e Jaqueline. Embora não tenha ganho medalha nas Olimpíadas que disputou, em Moscou 1980 e Los Angeles 1984, aquela equipe foi a primeira da história do país a disputar grandes competições. Foi medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1979, em San Juan, Porto Rico. Foi, também, a primeira jogadora brasileira de vôlei a atuar numa liga estrangeira, na Itália, em 1980, no Modena, quando viajou para a Europa com sua filha Pilar, recém-nascida.
Isabel Salgado luto — Foto: Infoesporte
Isabel Salgado ao lado dos cinco filhos — Foto: Reprodução
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Em 2001, Isabel treina volei de praia com a filha em Ipanema
No início dos anos 1990, com a popularização do vôlei de praia, esporte viria a estrear no programa olímpico em Atlanta 1996, Isabel migrou de modalidade. Jogou diversas etapas do Circuito Mundial e brasileiro entre 1993 e 2001, inclusive com ouro na etapa de Miami, nos EUA, em 1994. Suas parceiras foram Roseli , Jerusa, Tatiana Minello e Jaqueline.
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Em 1993, Isabel e Jaqueline encerram parceria no vôlei de praia
Três dos filhos de Isabel fizeram carreira vitoriosa no vôlei de praia. Pedro Solberg, que disputou as Olimpíadas da Rio 2016 e ficou em nono lugar, Maria Clara Solberg e Carol Solberg. Carol, ao lado da medalhista Bárbara Seixas, está entre as melhores do mundo atualmente. No último fim de semana, a dupla ficou com o bronze na etapa de Uberlândia do Circuito Mundial. Além deles, Isabel deixa Pilar e Alison, filho que adotou em 2015.
Jogadora oriunda das categorias de base do Flamengo, Isabel estreou pelo clube em 1973, quando tinha 13 anos. Três anos depois foi convocada para a seleção brasileira juvenil pela primeira vez, graças a titularidade que já tinha no time adulto do Flamengo. Em 1978 e 1980, foi campeã brasileira pela equipe rubro-negra.
Isabel (número 7) foi destaque do Flamengo nos anos 1980 — Foto: Flamengo
Uma das cenas mais icônicas da carreira veio em 1982, em um torneio amistoso da seleção brasileira no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. O jogo era contra o Japão, tinha mais de 20 mil pessoas na arquibancada. O público estava sendo hostil com as nipônicas, que venciam o jogo. Isabel, então com 22 anos, pediu o microfone oficial do evento e fez um discurso forte, dizendo que se os torcedores não parassem de xingar as asiáticas, não teria mais jogo. A partida seguiu, o Brasil foi derrotado, mas o público se comportou.
Por Marcelo Barone e Thiago Fernandes — Rio de Janeiro
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