Esporte
Julio Casares e Roberto Natel, candidatos à presidência do São Paulo
São Paulo elege novo presidente neste sábado; veja principais propostas dos candidatos
Julio Casares e Roberto Natel disputam pleito em votação realizada por 251 conselheiros do clube
O São Paulo definirá o seu novo presidente para um mandato de três anos neste sábado. Das 10h30 às 16h, os 251 conselheiros do clube irão ao Morumbi votar entre Julio Casares e Roberto Natel. Um deles substituirá Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, a partir do dia 1 de janeiro de 2021.
Além de escolherem o presidente, os conselheiros também votam para o presidente do Conselho Deliberativo. Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa e Olten Ayres Jr. concorrem à vaga. Ainda no sábado, serão escolhidos três novos membros do Conselho de Administração. Todas as apurações serão realizadas e divulgadas no mesmo dia.
Há duas semanas, os sócios do São Paulo votaram para escolher 100 novos conselheiros, que se juntaram a 151 conselheiros vitalícios. Nessa eleição, a chapa encabeçada por Casares elegeu 74 apoiadores, contra 26 da chapa de Natel. A vitória por essa margem ampla faz Casares favorito ao pleito deste sábado.
O novo presidente do São Paulo fará um pronunciamento após ser eleito. A votação será realizada em sistema drive-thru para evitar aglomeração no Salão Nobre do Morumbi.
Julio Casares e Roberto Natel, candidatos à presidência do São Paulo — Foto: Editoria de arte
Aquele que for eleito terá grandes desafios à frente do clube, como o fim do jejum de títulos que já dura oito anos, o equilíbrio das finanças, a montagem de elencos com poucos recursos, mudanças na diretoria e melhorias em serviços de sócio-torcedor e venda de ingressos.
Abaixo, o ge reuniu as principais propostas de Julio Casares e Roberto Natel para os temas mais urgentes do São Paulo para os próximos três anos. Todas elas foram extraídas de respostas dadas pelos candidatos em entrevistas ao ge nos últimos meses.
Vejas as principais propostas dos candidatos:
Finanças
O novo presidente do São Paulo irá assumir uma dívida de mais de R$ 560 milhões em janeiro de 2021. O cenário problemático já no final de 2019 só se agravou com a chegada da pandemia do novo coronavírus, que paralisou as competições e tirou o público dos estádio.
A pauta é uma das principais prioridades dos candidatos:
Julio Casares: – O São Paulo sempre honrou contratos, mas vamos alinhar o curto e médio prazo, para garantirmos a saúde financeira. Vamos atuar de forma técnica, com o comitê financeiro, para que a gente possa tentar iniciar um projeto de mudança de um círculo vicioso, que é vender valores para fechar a conta, para um círculo onde o jogador da base possa ficar um tempo vestindo nossa camisa. Vamos investir ou gastar o que o orçamento prever.
Roberto Natel: – Contratar com responsabilidade, trazer um diretor financeiro com meritocracia, um de marketing do ramo, aí sim vamos conseguir diminuir. Usarei a base, vamos tirar o São Paulo desse caminho sem critérios e diretrizes. É tranquilo tirar o São Paulo dessa dívida, o clube é gigante, e as receitas chegarão naturalmente.
Montagem de elencos
Uma das principais críticas à gestão de Leco foram as montagens de elencos. Em seus cinco anos de mandato foram 60 contratações e muitas delas contestadas pelo alto valor e o pouco retorno esportivo para o clube. O novo presidente não terá muito dinheiro para contratar e precisará se reinventar.
Julio Casares: – Tudo é gestão. Se você tem um orçamento que te permite gastar 100, você gasta 100. Se esse 100 dá para acomodar duas ou três grandes estrelas, e as demais posições, com perfil cascudo e garotos da base, vamos fazer. O que você não pode é estourar o orçamento, trazendo cinco, seis jogadores, alguns com salários muito altos, que disputam posição, aquele jogador que é reserva de luxo, salário incompatível.
Não pode tentar um título a qualquer custo, isso estoura geralmente no pé da instituição e no do mandatário.
Roberto Natel: – Eu não traria reforços neste momento não. É usar o elenco que temos, a base que temos, para colocar o São Paulo no caminho. O foco é acabar com a dívida, diminuir bastante pensando a longo prazo, nos próximos presidentes. O grande presidente pensa no todo, não só na administração dele, fazendo que o São Paulo volte a ter glórias. Precisa ter um presidente que vai chegar no torcedor e falar que vamos focar nas dívidas neste primeiro tempo, acabar com o câncer do São Paulo. É isso que vamos fazer.
Daniel Alves, do São Paulo, em jogo contra o Sport — Foto: Marcos Ribolli
Mudança de diretores atuais
Com a saída de Leco da presidência também fica o questionamento sobre as saídas dos diretores Raí e Alexandre Pássaro. Devido à disputa da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, eles poderiam ganhar sobrevida no clube.
Julio Casares deixou em aberto e afirmou que só pensará nisso depois que for eleito. Já Roberto Natel confirmou a saída do gerente-executivo de futebol, Alexandre Pássaro, e pretende ficar com o diretor de futebol, Raí, até, pelo menos, o final do Brasileirão em caso de vitória neste sábado.
Julio Casares: – É algo que temos que ter cuidado em respeito às pessoas que lá estão, desenvolvendo o melhor que podem fazer. Com a vitória no dia 12, no dia 14 já começa o processo de transição, onde teremos um entendimento maior dos números, mais convicções nas análises. Mas a análise é do conjunto da obra, a conquista, legado financeiro, o equilíbrio orçamentário, isso tudo tem que ser avaliado no tempo certo, com seriedade. Eu te afirmo que nosso foco está totalmente, 100%, voltado à eleição do dia 12, aí sim vamos olhar para todas as áreas do São Paulo.
Roberto Natel: – Eu contrataria o Marco Aurélio Cunha, então não continuaria com o Pássaro. O São Paulo está em andamento, é manter, sim. O Pássaro eu mudaria, tem a ver com outras partes do elenco, que é contratos, então com ele não continuaria, já que o Marco Aurélio faria o papel dele.
– Não estou dizendo que ficaria com Lugano e Raí, mas o Marco Aurélio assumiria, aí a decisão vem dele e do presidente. Se o São Paulo está lá com tudo dando certo, você não vai mexer. Mas depois não dá para saber. Até o final do Brasileiro manteria sem dúvida nenhuma. Você tem que dar tranquilidade para o elenco e técnico, o time está entrosado, então jamais mexeria.
Lugano, Chapecó, Pássaro e Raí, dirigentes do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Esportes olímpico e futebol feminino
O basquete e o futebol feminino são as outras duas modalidades que o São Paulo se tornou uma potência nos últimos dois anos, e o novo presidente deve olhar para eles como uma fonte de renda e também da exploração da marca do clube através dos esportes. A busca por novos parceiros é a meta de ambos os candidatos.
Julio Casares: – A razão da nossa associação é o futebol, São Paulo Futebol Clube. Hoje temos o futebol feminino que vem sendo muito bem executado. Vestiu a camisa do São Paulo tem que buscar o melhor. O basquete é um exemplo de competitividade, mas vamos estabelecer uma estrutura para esses esportes terem investimento. Precisamos fechar essa conta. Vamos criar uma diretoria específica para esses esportes, aí teremos um plano para trazer anunciantes para o basquete e futebol feminino.
Roberto Natel: – Eu não sou contra esportes olímpicos, pelo contrário, mas a partir do momento que eu trouxer um diretor de marketing ele vai atrás dos patrocínios. Antes de fazer um gasto você precisa ir atrás disso. Futebol feminino é uma obrigação que todos têm. Eu olharia com muito carinho, talvez até colocando na Barra Funda, falando por alto aqui, mas daria uma estrutura muito melhor para essas garotas. Mas sempre focado em um diretor de marketing com meritocracia, que chegaria em vários patrocínios para todas as áreas. Foca no patrocínio para depois buscar o esporte.
Morumbi
Antes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, o Morumbi era a principal casas de shows no Estado de São Paulo. Nos últimos anos, com a modernização das arenas, o estádio do Tricolor perdeu essa hegemonia. Consequentemente a isso há perda de renda, algo que os candidatos pretendem mudar em suas gestões.
Julio casares: – Nós temos que trabalhar com plano. E qual nosso plano para ter um dinheiro de mercado diferente para shows e eventos? Primeiro: vamos contratar um diretor de estádio com visão de que um shopping center ou de entretenimento e shows. Que vai ganhar também bônus por resultado. Nos dias comuns ele vai fazer com que o Morumbi seja um palco para lançamentos de produtos, automóveis, cartão de crédito, seminário. Também mini shows, mais intimistas. E, nos mega shows, o que temos de diferente dessas arenas que são mais novas, com melhores acústicas? Natural, foram construídas para a Copa de 2014. O nosso estádio está pago, está quitado, ele é grande, ele pode abrigar mais pessoas.
Roberto Natel: – Vou fazer o Morumbi inteligente. Quando você entrar no Morumbi, o seu celular já vai estar comunicando com o estádio. O São Paulo vai conhecer o seu torcedor, porque não adianta você ter 18 milhões de são-paulinos e não conhecer, não ter o dado. Se ele vem com o filho, com a esposa, se quando ele vem no Morumbi ele compra uma Coca Cola, um cachorro-quente. Você precisa conhecer. Quando você tem esse banco de dados, eu tenho certeza de que as empresas vão querer patrocinar o São Paulo. Elas vão ter os dados que aquele torcedor vai trazer benefício, porque a gente vai conhecer. O Morumbi vai ter algumas modificações pequenas, é lógico, mas serão modificações para termos eventos diários e shows de volta. Não tenho dúvida de que o Morumbi terá shows na minha administração.
Estádio do Morumbi — Foto: Staff Images / CONMEBOL
Programa de sócio-torcedor e venda de ingressos
Nos últimos anos, os torcedores do São paulo se queixam da má qualidade dos serviços do programa de sócio-torcedor do clube e da venda de ingressos, que geralmente apresenta problemas no momento da compra on-line. Os dois candidatos têm projetos para melhorias nestes quesitos.
Julio Casares: – O sócio-torcedor do São Paulo precisa ter melhores benefícios e tecnologia, devemos pensar no torcedor distante, o sócio tem que ter um balancete mensal de cada centavo que ele coloca lá vai para o futebol, tem que ter a visão de que está contribuindo, receber um extrato do que está acontecendo. Além de inúmeras ações de interatividade. Nós vamos avaliar o contrato do prestador de serviço em relação ao preço dos ingressos, alguma coisa tem que acontecer para melhorar. Nós precisamos criar uma dinâmica de tecnologia, um aplicativo, que você possa comprar um produto, comprar um ingresso ou entrar no sócio-torcedor com facilidade.
Roberto Natel: – Temos que sentar com a empresa que está trabalhando conosco hoje e entender a dificuldade, fazendo com que o são-paulino tenta o serviço que merece. Não tem cabimento não resolver essa situação. Com relação ao sócio-torcedor, temos que trazer planos atrativos para pessoas que moram longes, para elas se sentirem próximas. Fazer um plano para sócio-torcedor votar para presidente. Mas como? Trazendo empresas especializadas para entender o que o torcedor necessita. Hoje é banco de dados, a hora que você conhece o seu torcedor é o diferencial, isso que traz o patrocínio. Farei essa mudança, nosso foco é o torcedor.
Por Redação do ge — São Paulo