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Júri continua deliberando nesta quinta-feira se magnata é culpado ou inocente

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Julgamento de Trump: Ex-presidente pode ser condenado a 136 anos por acusação de suborno de atriz pornô? Entenda

Júri continua deliberando nesta quinta-feira se magnata é culpado ou inocente de falsificar registros contábeis para ocultar compra de silêncio de antigo affair

Com o início da deliberação do júri no julgamento do ex-presidente americano Donald Trump em Nova York, que começou na quarta-feira e continua nesta quinta, uma velha pergunta volta a pairar no ar: o que acontece se Trump — que disputa as eleições presidenciais deste ano — for condenado?

Além do simbolismo de se tornar o primeiro ex-ocupante da Casa Branca fichado na Justiça, o magnata pode enfrentar uma pena de até 4 anos por cada uma das 34 acusações das quais é alvo, ou seja, 136 anos de cárcere. No entanto, mesmo com uma decisão ainda esta semana, seu futuro jurídico e político ainda é incerto, e parece improvável que ele vá parar atrás das grades antes da eleição em novembro.

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Trump é acusado de falsificar registros contábeis para ocultar o pagamento de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem teria tido um caso no passado, para evitar que o vazamento da história prejudicasse sua imagem durante a campanha presidencial de 2016, da qual saiu vitorioso. A quantia, no valor de US$ 130 mil, teria sido paga pelo seu ex-advogado e homem de confiança, Michael Cohen, que confessou o crime, e reembolsada como “despesas legais” ao longo de 2017, quando o republicano já era presidente dos Estados Unidos.

Para ser condenado, o júri popular — formado por 12 cidadãos de Nova York criteriosamente selecionados — precisa decidir de forma unânime se considera o magnata culpado ou inocente. Apenas uma divergência é suficiente para que o julgamento seja considerado nulo, o que faria o processo recomeçar do zero, ao menos se a Promotoria retirasse as denúncias.

Mas mesmo que a maré não corra a favor de Trump e ele acabe condenado pelos jurados, ainda há alguns entraves no caminho que podem garantir sua liberdade — mesmo que temporária, mas suficiente para continuar sua campanha normalmente.

O primeiro é que todas as acusações são consideradas crimes de classe E, ou seja, a categoria mais baixa no estado de Nova York. Por isso, embora cada acusação possa levar a até quatro anos de prisão, se ele for considerado culpado em mais de uma delas, o juiz a frente do caso, Juan Merchan, pode impor o cumprimento da punição concomitantemente. Assim, elas não se somariam, como ocorre em outros casos, e Trump cumpriria, na pior das hipóteses, a pena máxima de uma só acusação: 4 anos.

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Além disso, cabe a Merchan também decidir em sua sentença — que pode levar meses para ser definida após o veredicto dos jurados — se Trump cumprirá pena de prisão ou poderá responder em liberdade. Como o magnata nunca foi condenado na esfera penal, há uma grande possibilidade de que não seja encarcerado.

Se for concedida a liberdade condicional, Trump seria obrigado a se apresentar regularmente ao Departamento de Liberdade Condicional da cidade de Nova York. Cada estado tem suas próprias regras: na maioria deles, o réu é obrigado a se encontrar regularmente com um oficial designado, deve trabalhar e é proibido de certas atividades, como consumo de bebidas alcoólicas.

Não se sabe se Trump seria obrigado a usar tornozeleira eletrônica, por exemplo, mas, de acordo com a legislação local, ele poderia ser preso imediatamente caso fosse flagrado cometendo outros crimes.

Não há indícios de qual posição o juiz tomaria em caso de uma condenação, apesar de já ter deixado claro sua intransigência em relação a crimes de colarinho branco. Ele foi chamado de “corrupto” e “tirano” por Trump publicamente, o que rendeu uma ordem de silêncio ao republicano que o proíbe de citar envolvidos no caso. A ordem, no entanto, foi violada 10 vezes. Trump foi multado em US$ 10 mil por desacato, e na última violação, Merchan chegou a ameaçá-lo com prisão.

Antes de assumir o atual julgamento, Merchan já supervisionou outros processos ligados ao magnata, como o de fraude fiscal contra a Organização Trump e os processos contra o ex-diretor financeiro da empresa, Allen Weisselberg. Ele também está a frente do caso contra o ex-estrategista de campanha Steve Bannon, cujo julgamento está previsto para setembro.

Julgamento de Trump por fraude civil em Nova York

Trump fala a repórteres durante recesso para almoço no primeiro dia de seu julgamento por fraude civil em Nova York — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP
O ex-presidente Donald Trump exibe um artigo de mídia fora da sala do tribunal da Suprema Corte do Estado de Nova York no primeiro dia de seu julgamento por fraude civil, na cidade de Nova York — Foto: Kena Betancur/AFP

10 fotos

Manifestantes bloqueiam o tráfego no primeiro dia do julgamento de fraude financeira de Trump na Suprema Corte do Estado de Nova York — Foto: John LAMPARSKI/AFP

Ex-presidente dos Estados Unidos é acusado de inflacionar o valor de propriedades e ativos financeiros

Eleições à vista

Com o calendário eleitoral acontecendo em paralelo a sua tumultuada agenda de processos, que incluem outros três na esfera criminal cujos julgamentos só devem acontecer depois do pleito, Trump também poderá recorrer à condenação. Nesse caso, é provável que ele permaneça em liberdade até que o recurso seja avaliado.

Ao contrário do Brasil, os Estados Unidos não tem uma legislação equiparável à Lei da Ficha Limpa que veda a participação de candidatos condenados na Justiça. O país tampouco proíbe que presidiários concorram a cargos públicos, o que poderia levar a um cenário inédito — ainda que remoto — de ter um candidato fazendo campanha diretamente da prisão.

De acordo com uma pesquisa da Bloomberg News/Morning Consult divulgada em fevereiro, mais da metade dos eleitores dos chamados estados-pêndulo (nem democratas nem republicanos) não votariam em Donald Trump se ele fosse condenado por um crime.

O republicano venceu de lavada as primárias do partido, mas, depois de liderar a maior parte das pesquisas de intenção de voto no início do ano, recentemente apareceu atrás do atual presidente, Joe Biden, em algumas sondagens.

Por O Globo e agências internacionais — Nova York

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