Esporte
LFF reforça princípios para formação de liga única de 40 clubes
LFF se diz aberta ao diálogo com Libra e lista “premissas básicas” para liga com os 40 clubes
Liga Forte Futebol do Brasil se posiciona, não concorda com repasse de 15% à Série B aprovado pela Liga do Futebol Brasileiro, e quer mesmo as votações mais importantes aprovadas com maioria de dois terços
A Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), um dos blocos de clube que negocia a criação de uma liga única de futebol no país, emitiu nesta quarta-feira um posicionamento após a aprovação do novo cálculo de divisão de recentes em assembleia da Liga do Futebol Brasileiro (Libra), com quem tenta chegar a um entendimento. A LFF se diz aberta ao diálogo, mas não abre mão de certas premissas que listou em sua nota oficial (veja abaixo).
A Libra também divulgou nota oficial (veja abaixo) na terça-feira, após a assembleia, explicando os números aprovados para o rateio de receitas, mais próximos do que pede a LFF. Foi formada uma comissão com dirigentes de clubes da Libra para explicar as novas contas aos clubes da LFF.
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A LFF afirma explicitamente que não aceita um dos itens aprovados na assembleia da Libra, exigindo que 20% das receitas sejam destinadas às Séries B e C, enquanto o outro bloco aprovou somente 15% para a B. Outra questão é a necessidade de unanimidade em votações na Libra para mudança no rateio de receitas, por exemplo.
A Libra debateu, mas deixou a aprovação deste item para uma próxima assembleia. Contudo, a tendência é que a mudança seja para uma exigência de 85% do quórum, o que a LFF também deixou claro que não aceitará por considerar que isso dará poder de veto a um número muito reduzido de clubes.
Proposta da LFF para divisão de receitas em liga com os 40 clubes das Séries A e B do Brasileiro — Foto: Reprodução
Confira a íntegra do posicionamento da LFF desta quarta:
LFF reforça princípios para formação de liga única de 40 clubes
A Liga Forte Futebol (LFF) acredita que o modelo de distribuição de receitas da Liga Brasileira deve ser aquele que torne o futebol brasileiro mais forte e competitivo como um todo. E, para isso, considera fundamental que haja um debate aberto sobre o tema.
Pelas notícias veiculadas nesta terça-feira (28) sobre mudanças aprovadas em reunião da Libra acerca do modelo de distribuição das receitas de uma futura liga unificada, a LFF acredita que as mesmas estão na direção certa e aguarda um contato da Libra compartilhando a proposta oficial aprovada para que possa haver a retomada do diálogo entre os dois grupos. A LFF permanece aberta ao diálogo construtivo, como sempre esteve, visando à criação de uma liga unificada no Brasil.
No sentido da manutenção da transparência, a LFF vem a público resumir os pontos críticos que ainda parecem afastar uma convergência para um modelo único de acordo entre LFF e Libra. Desde o princípio das discussões, a LFF apontou as seguintes premissas básicas para a criação de uma liga de 40 clubes:
1) Um limite máximo de 3.5x de diferença entre o clube de maior e o de menor receita, independentemente do volume de receitas total gerado, ou de qualquer regra de transição – cláusula pétrea para a LFF;
2) A garantia de repasse de 20% da receita total para as Série B e C, independentemente de como os direitos sejam negociados, seja de forma separada entre A e B ou de forma conjunta – cláusula pétrea para a LFF;
3) A garantia mínima do PPV, presente nos contratos de alguns clubes até 2024, que causa as maiores distorções de receitas no futebol brasileiro, não pode ser mantida como referência para qualquer garantia de receita a partir de 2025;
4) A governança precisa respeitar um quórum de votação para mudanças importantes de 2/3, e não por unanimidade ou por uma maioria que na prática dê poder de veto a um grupo muito reduzido de clubes (ex.: 85%);
Todos esses pontos, já aprovados oficialmente pela LFF e que fazem parte do acordo com o grupo de investidores liderados pela Serengeti e pela Life Capital Partners, são de conhecimento da Libra desde o início das negociações entre os dois grupos, em agosto de 2022. Caso tenham sido ou venham a ser aprovados em futuro próximo, nos levarão rapidamente a um acordo para a criação de uma liga unificada no Brasil, objetivo final de todos os clubes brasileiros (da LFF).
E, por fim, a LFF gostaria de reafirmar a segurança do seu assessor financeiro, a XP, no grupo de investidores liderados pela Serengeti e pela Life Capital Partners a partir do compromisso formal com investimentos de 4,85 bilhões para a liga de 40 clubes, e também um investimento de 2,325 bilhões para o cenário apenas com os clubes da LFF.
Os 26 times que fazem parte da LFF são: ABC, Athletico, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
Confira a nota oficial da Libra emitida após sua assembleia, na terça:
Clubes da LiBRA aprovam novo modelo de distribuição de receitas
Em Assembleia Geral Extaordinária realizada na manhã desta terça-feira (28), na sede da Federação Paulista de Futebol, os clubes que integram a LiBRA referendaram ajustes no formato de divisão de receitas em seu Estatuto. De forma unânime, as agremiações decidiram por um novo modelo de rateio entre as equipes.
O novo formato de divisão entre as equipes da Série A prevê um modelo onde 45% do total das receitas será distribuído de forma igualitária entre os clubes, 30% medidos pela performance e os outros 25% por engajamento, onde será considerada apenas a audiência ponderada. O resultado da aplicação deste modelo faz com que a diferença entre o 1˚ e 20˚ colocados numa futura Liga do Futebol Brasileiro chegue a, no máximo, 3,4x.
Este patamar será atingido após um período de transição de cinco anos, ou até que a futura Liga atinja R$ 4bi de receitas, o que vier primeiro. Até lá, a divisão será distribuída em 40% de forma igualitária, 30% por performance e os outros 30% por engajamento, novamente considerando apenas a audiência ponderada.
Além da aprovação dos ajustes no formato de distribuição de receitas entre os clubes na Série A, também foi confirmado em votação o mecanismo que reserva 15% da receita total para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Com os ajustes aprovados, membros da LiBRA também criaram um Comitê para apresentar o novo modelo às equipes que ainda não fazem parte do grupo. Seis representantes foram eleitos para esta responsabilidade: Alberto Guerra (Grêmio), Duílio Monteiro (Corinthians), Gabriel Lima (Cruzeiro), Guilherme Bellintani (Bahia), Rodolpho Landim (Flamengo) e Thairo Arruda (Botafogo).
Ainda durante a AGE, os presentes aproveitaram para avançar nos debates acerca dos contratos apresentados pelo Mubadala Capital. A empresa global de gestão de ativos, que propôs comprar 20% dos direitos comerciais da futura Liga do Futebol Brasileiro por R$4,75bi, já apresentou as regras de governança, compliance e possíveis prazos de pagamentos para os membros da LiBRA.
SOBRE A LiBRA
Criada a partir dos anseios de profissionalização, internacionalização e maiores receitas dos clubes brasileiros, a Liga do Futebol Brasileiro surgiu para contribuir com o crescimento constante do esporte no país. Com uma proposta de gestão moderna e transparente, amparada nas melhores práticas de governança e compliance, a LiBRA busca ampliar os horizontes para os clubes brasileiros. Conta, atualmente, com 18 agremiações unidas: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
Por Redação do ge — Rio de Janeiro