Politica
Maia, “vazamento certamente foi provocado por terceiros”
Após criticar Campos Neto, Maia conversa com presidente do BC e diz que confia nele
Mais cedo, presidente da Câmara o acusara de vazar conversa e disse que ele não estava ‘à altura’ do cargo. Depois, atribuiu vazamento a ‘terceiros’
BRASÍLIA — Uma hora depois de publicar em uma rede social acusações de que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, teria vazado sua conversa particular para a imprensa, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou atrás. Em novo post, disse que o “vazamento certamente foi provocado por terceiros”.
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Num primeiro momento, Maia escreveu que a atitude do presidente do BC “não está à altura de um presidente de Banco de um país sério”. Mais tarde, o presidente da Câmara disse que Campos Neto ligou para ele, negando que tenha sido fonte das reportagens. Maia, então, disse que confia no presidente da institução.
Segundo o jornal “Estado de São Paulo”, Campos Neto procurou Maia na quarta-feira para discutir as turbulências políticas que podem afetar a agenda econômica do país, que já sofre com os efeitos da pandemia do novo coronavírus.
Procurado, o BC, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não comentaria as publicações de Maia.
Desde o início deste mês, partidos do maior bloco na Casa, liderados pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), decidiram não votar a pauta do plenário em protesto ao impasse sobre a presidência da Comissão Mista de Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
Na quarta-feira, o presidente da Câmara reclamou da obstrução feita pelos deputados governistas
— Se o governo não tem interesse nas medidas provisórias, eu não tenho o que fazer. Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente é assim. Eu espero que quando nós tivermos que votar a PEC emergencial, a reforma tributária, que o governo tenha mais interesse e a própria base tire a obstrução da pauta da Câmara — disse na ocasião.
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A conversa entre os presidentes do BC e da Câmara ocorreu no mesmo dia que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 2%, apesar de apontar a existência de riscos, como o aumento de casos de Covid-19 nos países ricos. O patamar é o menor da série histórica, iniciada em 1996.
A manutenção dos juros vem em um cenário de alta na inflação. A prévia de outubro foi a maior para o mês desde 1995 puxada pelo aumento do preço dos alimentos, como a soja, milho e arroz.
Apesar da alta, a inflação nos últimos 12 meses foi de 3,14%, dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo da meta de 4% estabelecida para 2020. Segundo o boletim Focus, que reúne as expectativas de mercado para os indicadores econômicos, o índice deve fechar 2020 em 2,99%.
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A Selic é uma das ferramentas do Banco Central para atingir a meta de inflação. Quando a inflação está abaixo da meta, o BC corta os juros, estimulando o crédito, aumentando o consumo, o que pressiona o índice de preços.
Quando a inflação parece caminhar para acima da meta, o BC eleva os juros, encarecendo o crédito, que por sua vez freia o consumo, reduzindo os preços.
Victor Farias / Oglobo.globo.com