Esporte
Mesmo o sexteto português da comissão técnica, não sabe o que se passa na cabeça do Mister
Um enigmático Jorge Jesus centraliza ambiente de apreensão no Flamengo antes de decisão
Silêncio do treinador sobre futuro continua e gera desconforto nos bastidores do CT. Preocupação com Fluminense é dividida com aguardado posicionamento do português
Um mistério que tira a paz no Ninho do Urubu. O Flamengo está a um empate de conquistar o 36º título carioca de sua história, mas na véspera do clássico com o Fluminense o clima é mais de apreensão do que confiança. Reflexo de um enigmático Jorge Jesus que perambula calado e reservado pelo CT.
Jorge Jesus em clássico com o Fluminense, no úlltimo domingo — Foto: André Durão
Por mais que tenha problemas para resolver dentro de campo (Rafinha é dúvida e Gabigol desfalque), a pergunta que incomoda a todos no clube é a mesma das últimas duas semanas: o Mister fica ou vai para o Benfica? E é a passividade do treinador que preocupa a todos.
O elenco do Flamengo não passa imune a gangorra emocional dos últimos 40 dias. Com renovação anunciada no dia 5 de junho, Jorge Jesus recusou a primeira investida benfiquista dia 26 do mesmo mês, mas não foi suficiente. Com a demissão de Bruno Lage, os portugueses intensificaram os contatos. Foi o início da mudança de postura do treinador.
A apatia à beira do gramado nos dois últimos clássicos com o Fluminense já chamava a atenção de quem convive com o português neste período. Nem mesmo para os mais próximos Jorge Jesus sequer comentou sobre o assédio da equipe de Lisboa.
Jorge Jesus teve a renovação com om Flamengo anunciada no dia 5 de junho — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Questões pessoais envolvendo o Mister tornaram o clima ainda mais tenso nesta terça. Apesar do futuro do treinador ser o que mais preocupa a todos, ninguém realizou qualquer abordagem mais direta sobre o tema.
A apreensão se intensifica a medida que o mistério vem acompanhado de uma mudança comportamental evidente do treinador. Dirigentes rubro-negros se aproximaram na expectativa de uma manifestação espontânea que não aconteceu. Nesta terça-feira, o vice de futebol, Marcos Braz, sequer esteve no Ninho do Urubu.
Mistério vale até mesmo para assistentes portugueses
Jorge Jesus com assistentes ao fundo: João de Deus, Gil Henriques, Rodrigo Araújo e Mário Monteiro — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Mesmo o sexteto português da comissão técnica, que terá a vida diretamente impactada pela decisão, não sabe o que se passa na cabeça do Mister. Quem o conhece de longa data garante que o modus operandi centralizador é habitual:
– Pode ter certeza de que quem diz que sabe a resposta é mentiroso. Só ele sabe essa resposta. Nem a própria mulher dele sabe – disse ao GloboEsporte.com um de seus amigos mais próximos em Lisboa.
Boa parte dos portugueses da comissão técnica renovou seus contratos de aluguel no Rio de Janeiro recentemente e vive a expectativa de uma definição. O preparador físico Márcio Sampaio se mudou para uma casa em condomínio de luxo, por exemplo.
Jorge Jesus e Marcio Sampaio: preparador se mudou para uma casa no Rio de Janeiro recentemente — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
É consenso, porém, que questionar Jorge Jesus não é a melhor opção. Até o momento, o treinador não se posicionou nem mesmo a respeito da programação a partir de quinta-feira. Muitos aguardam uma folga prolongada para confirmar viagens que já tiveram que ser remarcadas após o revés na Taça Rio.
A ansiedade que gera no entorno pela indefinição não é algo que mexa tanto com Jorge Jesus. Pelo contrário. De acordo também com amigos da capital portuguesa, ser o assunto do momento no Brasil e em seu país está longe de ser algo perturbador:
– Ele gosta de se sentir desejado.
A imprensa portuguesa garante que o Benfica será o destino pelos próximos cinco anos. Alguns veículos cravam até uma ida para Lisboa ainda nesta semana (algo que não foi definido por Jorge Jesus ainda).
Na véspera do Fla-Flu que decide o Carioca, o Flamengo vive à sombra de um enigma indecifrável a olho nu: o que se passa na cabeça de Jorge Jesus?
Por Cahê Mota, Eric Faria e Gustavo Rotstein — Rio de Janeiro
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