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Morador de Visconde de Mauá estava em Capitólio com a família
Morador de Visconde de Mauá estava a poucos metros da área do acidente em Capitólio: ‘Parecia que tudo ia cair em cima da gente’
José Henrique Dias estava nos cânions da Lagoa de Furnas com a família comemorando o aniversário da irmã. Ele contou que viu algumas pedras caírem antes da tragédia que deixou 10 mortos e que conseguiu ajudar turistas feridos.
José Henrique estava a poucos metros do local do acidente em Capitólio, MG — Foto: José Henrique/Arquivo Pessoal
Um morador de Visconde de Mauá, no Sul do Rio, estava entre os turistas presentes no Lago de Furnas durante o deslizamento do paredão de pedras em Capitólio (MG) que causou a morte de 10 pessoas.
José Henrique Dias, de 23 anos, conversou com o g1 e contou que notou algumas pedras caindo momentos antes da tragédia, e que conseguiu ajudar turistas que estavam feridos.
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“Vimos pelo menos 15 pessoas em cima de uma pedra, todas feridas. Nós estávamos bem do lado e foi por um segundo”
Deslizamento de pedra atinge embarcações nos Canyons de Furnas em Capitólio
José estava em Minas com a família para comemorar o aniversário de 15 anos da irmã, e o passeio pela região fazia parte das comemorações. Ele, a irmã, os pais, um casal de amigos e o condutor estavam na embarcação.
“Nós saímos por volta das 9h30 querendo curtir aquele momento com a família e amigos. Saímos da Lagoa Azul, fomos para os cânions e encostamos lá para tirar fotos”.
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Morador de Visconde de Mauá estava em Capitólio com a família — Foto: José Henrique/Arquivo Pessoal
‘Barulho parecido com avalanche’
José conta que, durante o passeio, algumas pedras começaram a cair e isso acabou chamando a atenção do grupo que estava com ele.
“Uma pedra caiu e fez um barulho estranho. Nós não entendemos muito bem. Um rapaz que estava na lancha ao lado viu que abriu uma fenda e, nisso, nós demos meia-volta. A gente saiu de lá e foi chegando mais gente. No momento, eu lembro que eu ainda falei que tava perigoso”.
José e outros turistas seguiram com as embarcações para uma cachoeira que estava separada do local do acidente por um paredão de pedras.
“Quando fomos tirar algumas fotos, nós escutamos um barulho parecido com uma avalanche, um negócio monstruoso. É difícil até de falar. Como o paredão do meio protegeu a gente, só veio uma pequena onda, que não chegou a virar a lancha. Nós estávamos bem do lado e foi por um segundo”.
“Naquele momento, aquele lugar virou uma caixa de fósforos. Parecia que tudo ia cair em cima da gente e eu só pensava na minha família. Nós nos jogamos no chão [da lancha] e era pedra que vinha pro nosso lado, pedaço de lancha, uma coisa absurda”.
O grupo de José conseguiu se aproximar do local do acidente e ajudar algumas pessoas que estavam feridas.
“Vimos, pelo menos, 15 pessoas em cima de uma pedra, todas feridas. A gente conseguiu colocar quatro pessoas na nossa lancha. Uma delas estava bem ferida e perdeu a orelha”, lembra.
VEJA VÍDEOS SOBRE O ACIDENTE:
José Henrique e a família após a tragédia em Capitólio — Foto: Redes Sociais
Os que estavam na embarcação com José não sofreram ferimentos graves. Pelas redes sociais, ele postou uma foto com a família reunida após a tragédia.
“Deus é bom demais e deu um livramento para mim hoje. Eu e minha família estamos bem. Comemoramos não só o 15º aniversário de minha irmã, mas também a dádiva do livramento que tivemos. Essa data torna-se aniversário nosso também”.
O morador da região lamentou ainda pelos turistas que não conseguiram se salvar. “Eu quero pedir orações para as pessoas que, infelizmente, não tiveram o livramento que nós tivemos”
Estrutura rochosa se desprendeu
O acidente aconteceu no sábado (8), por volta das 12h30. Quatro embarcações, com pelo menos 34 pessoas, foram atingidas pelo cânion que desabou.
Turistas que estavam no local conseguiram registrar o momento em que um dos cânions se desprende e atinge as lanchas. (Veja vídeo no início da reportagem)
Até o momento, 10 pessoas morreram. As vítimas estavam na mesma lancha, que tinha o nome de “Jesus”. Sete foram encontrados ainda no sábado e os outras três nas buscas deste domingo.
Duas pessoas seguem internadas e 27 das vítimas foram atendidas e liberadas.
Bombeiros retomaram neste domingo (9) buscas por dois desaparecidos após queda de paredão em Capitólio — Foto: Reuters
Passageiros tentaram avisar
Um segundo vídeo mostra passageiros de uma das lanchas tentando avisar sobre o deslizamento da pedra segundos antes de ela cair:
Passageiros de lancha tentam avisar sobre desabamento de cânion em Capitólio, MG
Lugar turístico
Vista aérea do local onde o paredão de rochas caiu sobre lanchas de turistas em Capitólio, MG — Foto: Joel Silva/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por turistas por sua belezas naturais.
Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas chuvas recentes. Na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã de sábado (8).
No sábado, Defesa Civil de Minas Gerais havia feito um alerta sobre chuvas intensas e a possibilidade de ocorrências de “cabeça d’água’ em Capitólio, mas não há confirmação que essa foi a causa do acidente. A Marinha disse que investiga o motivo de os passeios serem mantidos.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, explicou que a formação rochosa do local é do tipo sedimentar, o que torna as estruturas dos paredões frágeis, e a quantidade de chuvas agravou a situação por acelerar a erosão.
Veja o que se sabe até agora:
- O deslizamento ocorreu por volta de 12h30. Ainda não se sabe o que causou o acidente
- Quatro embarcações foram atingidas, segundo os bombeiros
- Dez pessoas morreram; oito foram identificadas. Ao menos duas seguem internadas
- Não há previsão de término das buscas
- 27 pessoas foram atendidas e liberadas
- A primeira informação dos bombeiros dava conta de 20 desaparecidos, mas o número foi atualizado para 3 logo depois
- Bombeiros e Polícia Civil estiveram no local; a Marinha foi acionada e vai investigar a causa
- Defesa Civil havia emitido um alerta sobre chuvas intensas na região com possibilidade de “cabeça d’água”; Marinha também investiga por que os passeios foram mantidos
Marinha vai apurar causas
Pedra desliza sobre turistas em Capitólio — Foto: Reprodução
Por meio de nota, a Marinha do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente.
A Polícia Civil de Minas informou que está no local para identificar os danos e as causas do acidente.
Por Rianne Netto, g1 Sul do Rio e Costa Verde