Esporte
Neymar com faixa de apoio a Pelé após classificação do Brasil na Copa
Neymar está a um gol de igualar recorde que Pelé levou quatro anos para bater e já dura seis décadas
Rei superou histórico atacante Ademir Menezes em 1962 e desde então é o artilheiro do Brasil. Nas contas da Fifa, que considera apenas jogos entre seleções, Pelé tem 77 gols e Neymar, 76
Time era quadro. Tento era gol. E recorde histórico ainda não dava lá tanto espaço em jornal. Foi em 16 de maio de 1962 que Pelé marcou duas vezes em três minutos diante do País de Gales, no último amistoso antes da Copa do Chile. Passaram-se 60 anos daquela noite no Pacaembu em que o Rei ultrapassou Ademir Menezes e garantiu o título que carrega até hoje, o de maior artilheiro de todos os tempos da seleção brasileira masculina de futebol.
Mais de meio século depois, na luta para levar o Brasil para a semifinal da Copa, em jogo contra a Croácia, às 12h (de Brasília) – feito só alcançado uma vez nas últimas quatro edições do Mundial -, Neymar está prestes a se juntar a Pelé como o goleador máximo da Seleção nos critérios da Fifa.
Pelas contas da CBF, que considera partidas contra clubes e combinados, o Rei ainda tem larga vantagem na liderança, com 95 gols. Mas, nas da Fifa, Neymar marcou 76 vezes em 123 partidas. Pelé precisou de apenas 91 jogos para balançar a rede em 77 oportunidades.
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Artilheiros da Seleção nas contas da Fifa
Jogador | Gols | Jogos | Média |
Pelé | 77 | 91 | 0,84 |
Neymar | 76 | 123 | 0,61 |
Ronaldo | 62 | 98 | 0,63 |
Romário | 55 | 70 | 0,79 |
Zico | 48 | 71 | 0,68 |
Neymar com faixa de apoio a Pelé após classificação do Brasil na Copa — Foto: Marc Atkins/Getty Images
A seleção brasileira enfrenta a Croácia, nesta sexta, às 12h (de Brasília), no estádio Cidade da Educação, pelas quartas de final da Copa. Quem passar enfrenta o ganhador de Argentina x Holanda, que jogam mais tarde, às 16h.
Pelé bateu a marca de Ademir depois de apenas 33 jogos com a camisa do Brasil – sete deles contra clubes, nos quais marcou sete gols. O “Queixada”, artilheiro da Copa de 1950 com nove gols em seis jogos, encerrou a carreira com 32 tentos pela Seleção em 38 atuações – média de 0,86 por partida. Ele marcou pela última vez em 1953.
O Rei precisou de apenas quatro anos para se tornar o artilheiro da Seleção. Ele estreou aos 16 anos contra a Argentina e já fez seu primeiro gol na derrota por 2 a 1.
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No dia do recorde, “O Globo” colocou, sem destaque, que Pelé valia de sua “categoria para acabar com o jogo e a angústia de alguns torcedores”. Outro trecho da publicação destacava:
“Com esses dois tentos, o maior craque do mundo quebrou o recorde de tentos na seleção brasileira, que estava em poder de Ademir, totalizando agora 33 contra 32 do famoso jogador do passado, soma que avulta de interesse se considerarmos seus apenas quatro anos de ‘scratch'”
“Pelé roubou parte do espetáculo”, noticiava o Jornal do Brasil em 17 de maio de 1962. Nilton Santos completou 37 anos na mesma data — Foto: Acervo Jornal do Brasil
No meio da página, foto de Coutinho na disputa com jogadores do País de Gales — Foto: Acervo O Globo
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Na época, Ademir tinha 32 gols. Mas recentemente a Fifa reconheceu o ídolo do Vasco e do Sport como autor de um gol a mais na goleada de 6 a 1 sobre a Espanha, na Copa de 1950. Portanto, o Queixada tem na conta 33 gols. Hoje, ele aparece em 10º lugar na tabela de artilheiros da Seleção.
História sendo escrita
É possível que Neymar preste reverência a Pelé ao igualar a marca do Rei. Em 2020, quando passou Ronaldo no ranking de artilheiros da Seleção, por exemplo, ele exibiu os dentes e fez um gesto característico do ex-camisa 9.
Ainda nos tempos de Santos, ele festejou gols com comemorações características de Juary e Serginho Chulapa. Já em 2018, fez um gesto eternizado por Romário ao igualar o Baixinho em gols com a amarelinha.
Neymar comemora dedo indicador em riste e mostrando os dentes, em referência a Ronaldo, durante Peru x Brasil — Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Na Seleção desde 2010, Neymar marcou seu primeiro gol logo na estreia, em amistoso contra os Estados Unidos. O ano em que ele mais balançou as redes com a amarelinha foi em 2014, quando anotou 15 vezes em 14 partidas.
O adversário que mais sofreu com o craque foi o Japão: nove gols em cinco duelos.
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Com a amarelinha, Neymar faturou a Copa das Confederações de 2013 e o Superclássico das Américas em 2011, 2012, 2014 e 2018. O atacante também conquistou o ouro olímpico em 2016, no Rio de Janeiro, mas a competição não entra nas contas de jogos oficiais por ser disputada por equipes sub-23.
Já Pelé tem um currículo bem mais extenso pela Seleção em termos de títulos. O Rei levantou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970), uma Taça do Atlântico (1960), duas Copas Roca (1957 e 1963), três Taças Oswaldo Cruz (1958, 1962 e 1968), além da Taça Bernardo O’Higgins (1959).
Por Bruno Cassucci, Cahê Mota e Raphael Zarko — Doha, Catar
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