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O refugiado sírio Abdul Hameed e seu neto Odai são vistos do lado de fora de sua casa em Amã, na Jordânia

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Uma a cada 95 pessoas no mundo está forçadamente deslocada de seu local de origem, aponta relatório da ONU

Crianças venezuelanas lavam as mãos antes de participarem da abertura de um abrigo para venezuelanos em situação de vulnerabilidade em Boa Vista, Roraima — Foto: ACNUR/Lucas Novaes
Crianças venezuelanas lavam as mãos antes de participarem da abertura de um abrigo para venezuelanos em situação de vulnerabilidade em Boa Vista, Roraima — Foto: ACNUR/Lucas Novaes

Segundo relatório anual de tendências mundiais em deslocamento forçado da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), são mais de 82 milhões de vítimas de perseguições, conflitos, violência e violação de direitos humanos, o maior número já registrado. Pandemia reduziu nitidamente número de novos refugiados e solicitantes de asilo em 2020.

No final de 2020, o mundo tinha 82,4 milhões de pessoas forçadamente deslocadas de seus locais de origem, como resultado de perseguições, conflitos, violência, violação de direitos humanos ou eventos que perturbaram seriamente a ordem pública.

Segundo o relatório anual de tendências mundiais em deslocamento forçado da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), divulgado nesta sexta-feira (18), este é o maior número desde que o dado começou a ser registrado.

Hoje, 1% da população mundial, ou uma a cada 95 pessoas no mundo, estão deslocadas. Em 2010, eram 1 em 159.

Mais da metade desses 82,4 milhões são de deslocados internamente, ou seja, pessoas que continuam dentro de seus próprios países, mas por algum motivo tiveram que deixar suas casas e fugir ou procurar outras regiões em busca de melhores oportunidades ou para se salvarem.

Divisão das 82,4 milhões de pessoas forçadamente deslocadas no mundo em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Divisão das 82,4 milhões de pessoas forçadamente deslocadas no mundo em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Já quando se trata de pessoas que deixaram seus países, mais de dois terços (68%) vieram de apenas cinco países, e sírios e venezuelanos continuam liderando o ranking.

Países com maior número de deslocados em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Países com maior número de deslocados em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

A maior parte dessas pessoas (73%) acaba em países vizinhos aos seus de origem, e por isso 86% dos refugiados e venezuelanos deslocados estão em países emergentes. Por não chegarem muito longe, novamente a Turquia e a Colômbia acabam sendo as nações com maior população de refugiados – sírios e venezuelanos, respectivamente.

Países com maiores populações de refugiados em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Países com maiores populações de refugiados em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Crianças

A Acnur estima que entre 2018 e 2020 um milhão de crianças nasceram como refugiadas (média de 290 a 340 mil por ano), e muitas poderão passar suas vidas inteiras nessa situação.

 O refugiado sírio Abdul Hameed e seu neto Odai são vistos do lado de fora de sua casa em Amã, na Jordânia, onde Odai vive desde que nasceu — Foto: ACNUR/Lilly Carlisle

O refugiado sírio Abdul Hameed e seu neto Odai são vistos do lado de fora de sua casa em Amã, na Jordânia, onde Odai vive desde que nasceu — Foto: ACNUR/Lilly Carlisle

Em 2020, 21 mil estavam entre os solicitantes de asilo (2%), comparadas a 25 mil no ano anterior. No entanto, considerando que em 2019 houve 1 milhão de solicitações a mais, acaba se tornando uma quantidade proporcionalmente muito maior. Em 2020, foram feitos 1,1 milhão de novas solicitações de asilo no mundo.

Países com mais solicitações de asilo em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Países com mais solicitações de asilo em 2020 — Foto: Wagner Magalhães/G1

Queda nos retornos

Cerca de 3,4 milhões de pessoas deslocadas retornaram às suas regiões ou países de origem, incluindo 3,2 milhões internamente e 251 mil refugiados. Este foi o terceiro menor número da década, reforçando uma tendência de queda dos dois anos anteriores.

Além disso, apenas 34.400 refugiados foram relocados, o que corresponde a um terço do ano anterior (107.800 mil), uma queda de 69%.

Covid-19

Embora o total impacto da pandemia de Covid-19 sobre a migração ainda não possa ser calculado, dados mostram que o número de chegadas de novos refugiados e solicitantes de asilos caiu nitidamente em algumas regiões – cerca de 1,5 milhão de pessoas a menos do que o esperado.

Muitos países restringiram a mobilidade interna e fecharam suas fronteiras totalmente, mas alguns encontraram formas de preservar o auxílio àqueles que buscavam proteção internacional. Um exemplo foi Uganda, que aceitou milhares de refugiados da República Democrática do Congo, ainda que garantindo que medidas de prevenção ao coronavírus, como quarentenas, fossem rigidamente cumpridas.

 Família de solicitantes de asilo de Honduras que fugiu para a Guatemala após ser ameaçada por membros de uma gangue. Meses após sua chegada, em plena pandemia de Covid-19, a casa que alugavam com ajuda da ACNUR foi atingida pela tempestade tropical Eta, o que forçou a mudança para um abrigo — Foto: ACNUR/Luis Sanchez Valverth

Família de solicitantes de asilo de Honduras que fugiu para a Guatemala após ser ameaçada por membros de uma gangue. Meses após sua chegada, em plena pandemia de Covid-19, a casa que alugavam com ajuda da ACNUR foi atingida pela tempestade tropical Eta, o que forçou a mudança para um abrigo — Foto: ACNUR/Luis Sanchez Valverth

A ONU estima que a pandemia pode ter reduzido em aproximadamente 2 milhões o número de migrantes apenas no primeiro semestre de 2020.

Mas, ainda assim, eventos violentos e desastres climáticos forçaram muitos a deixarem suas casas.

As mudanças climáticas são um fator extra a forçar o deslocamento de pessoas já em situação de vulnerabilidade e agravam também a crise alimentar entre aqueles que já estavam fugindo de conflitos e guerras.

A magnitude e a severidade dessa crise alimentar se aprofundaram em 2020 pela pandemia, que ampliou dificuldades econômicas já existentes. E os prognósticos para 2021 não são positivos, de acordo com o relatório da Acnur.

Fonte: Por G1

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