SIGA O 24H

Esporte

Para explicar o crescimento do Galo na Veia – programa de sócios do Atlético-MG – e seu impacto a ser visto em 2022

Publicado

em

Compartilhar isso...

Diretor de negócios do Atlético-MG fala de Adidas, Galo na Veia e patrocínios: “Temos a camisa mais valiosa da história do clube”

Veja a entrevista completa de Leandro Figueiredo, chefe do setor que capta recursos por meio de exploração comercial de ativos (físicos e digitais) do clube supercampeão de 2021

Para explicar o crescimento do Galo na Veia – programa de sócios do Atlético-MG – e seu impacto a ser visto em 2022, o diretor de negócios Leandro Figueiredo pega a caneta-marcador de cor laranja, tira o notebook de vista, e faz um gráfico direto no vidro fosco da mesa de sua sala na sede de Lourdes.

O material da mesa é o mesmo da porta de correr, igualmente rabiscada com as canetas coloridas. “Tem que ser assim, sou hiperativo”. Não há dúvidas. Perto de completar um ano e meio de Galo, Leandro Figueiredo está à frente das ações de marketing, captação de patrocínio, desenvolvimento de projetos, Galo na Veia, com outros profissionais que compõem o setor.

O 2021 foi vitorioso no campo, mas também fora dele. O balanço final é de R$ 70 milhões de receitas de patrocínio/marketing no ano passado. São 215% a mais em relação à meta inicial. Para 2022, a missão é arrecadar R$ 52 milhões, e já com a Adidas, nova fornecedora, no horizonte do Galo a partir de julho.

“A fase é a melhor possível. E somos hoje a camisa mais valiosa da história do clube, do ponto de vista do patrocínio” (Leandro Figueiredo)

Leandro Figueiredo, diretor de negócios do Atlético-MG — Foto: Fred Ribeiro

Leandro Figueiredo, diretor de negócios do Atlético-MG — Foto: Fred Ribeiro

– O Brasil começa a olhar para o Atlético de forma diferente. E temos a certeza que, o que trouxe a gente até aqui, não é o que irá nos levar onde queremos. A transformação aqui dentro é diária. A gente está muito cansado, não podemos mentir. Mas há uma energia para seguir a trilha. Não é garantia de títulos, mas de gestão, transparência, integridade, com time forte dentro de campo, e fora de campo – disse.

Leia a entrevista completa:

  • Leandro, qual a estrutura do departamento? Quem te auxilia no dia a dia?

– Ele é bem enxuto. A gente tem o head de inovação, o Felipe Ribbe*, eu tenho o Renan Cavalcanti, que é do marketing, o Pedro Melo, de captação, e a Juliana, de franquias e licenciamentos de produtos. Tem a equipe de atendimento ao Galo na Veia, e tenho dois assistentes, que fazem o dia a dia com os nossos patrocinadores. E o que controla o Galo Doido, mas vamos ampliar isso.

*A entrevista foi gravada na última sexta, logo depois, Ribbe deixou o Atlético para assumir um outro

  • Como foi o balanço de negócios do Atlético em 2021?

– Tem a frase óbvia, né? Se o time vai bem, os outros departamentos também vão. Há uma influência clara. Mas o mais legal é que tivemos sensibilidade e competência de extrair isso ao máximo. É a nossa diferença. Iniciamos esse trabalho ainda em 2020, na metade do ano a gente já começou a arrancar. 2021 foi incrível em todos os aspectos. Superamos as nossas metas em todos os braços – captação de patrocínio, sócio-torcedor, projeto de inovação, receita líquida de Manto da Massa, Galo Ads, licenciamento de produtos, novo formato de lojas próprias. A gente pensou de forma 360º de como extrair a melhor receita, melhorar o produto, e estar mais perto do nosso sócio-torcedor. Então, o ano passado foi incrível. O nosso departamento de negócios fechou com faturamento superior a R$ 70 milhões.

  • E a previsão orçamentária era na casa dos R$ 20 milhões.

– A meta era de R$ 22 milhões. Mudou tanto (risos). Viramos o ano e foi para R$ 28 milhões, depois R$ 32 milhões. Mas a meta do orçamento era aquela. Fechamos o ano passando de R$ 70 milhões. Não tenho o número 100% contabilmente fechado, mas será isso sim.

Bandeira do Atlético-MG na Cidade do Galo — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

Bandeira do Atlético-MG na Cidade do Galo — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

  • E para 2022, a meta ficou maior, em R$ 52 milhões. Qual sua avaliação?

– Estamos com os patrocinadores praticamente renovados, temos negociações ativas, principalmente com empresas internacionais. Podem ser novos patrocinadores. Não estamos segmentando em vender só (espaço na) camisa. Há outros espaços. Podemos criar projeto… Volto sempre a dizer. O Atlético é um canhão de comunicação com mais de 8 milhões de apaixonados. A fase é a melhor possível. E somos hoje a camisa mais valiosa da história do clube, do ponto de vista do patrocínio. Abrimos 2022 com mais de 80% dos contratos renovados, e a nossa camisa já está 50% mais valiosa do que 2021.  

  • E os títulos, podemos afirmar, têm impacto direto nesse cenário?

– Claro. Tudo tem seu impacto. São os títulos, mas é a equipe antenada, a boa relação no mercado, criação de percepção de valor, isso que é a nossa grande dificuldade. O futebol brasileiro sofre nisso. Não adianta só falar que foi campeão brasileiro, da Copa do Brasil, do Mineiro. Beleza. Mas como é a governança do seu negócio? Quem está por trás? Principalmente para o mercado internacional, é importante se entender o que o clube está fazendo fora do eixo Rio-São Paulo. É o nosso grande desafio. E transpiramos muito ano passado, gastamos muita sola de sapato. No nosso universo aqui, ok, todo mundo fala de Atlético, Cruzeiro, América, Villa Nova, Tombense. Mas fora do eixo, você vê que é muito Flamengo, Palmeiras. E, literalmente, em todos os aspectos do clube, dentro e fora, conseguimos um “cala boca”. O Brasil começa a olhar para o Atlético de forma diferente. E temos a certeza que, o que trouxe a gente até aqui, não é o que irá nos levar onde queremos. A transformação aqui dentro é diária. A gente está muito cansado, não podemos mentir. Mas há uma energia para seguir a trilha. Não é garantia de títulos, mas de gestão, transparência, integridade, com time forte dentro de campo, e fora de campo.

  • Uma pergunta mais técnica. Como funciona a captação de patrocínio no Atlético? As empresas passaram a procurar naturalmente o clube? Ou é bater de porta em porta?

– A captação de patrocínio… Quando eu cheguei ao Atlético, a verdade é que ninguém procurava. A gente estava num processo de novo treinador, Sampaoli, os 4 R’s chegaram. E quando houve aumento da performance, a exposição cresceu. Eu tenho hoje um gerente para cada departamento aqui dentro. A minha essência é a venda. Eu sou um cara de produção, sou um vendedor. O Pedro Melo está há muitos anos no clube, já vinha fazendo muito bem o trabalho. Fizemos uma dobradinha. O Pedro vem muito do mercado esportivo, e eu venho do mercado executivo. A gente somou agendas. A nossa agressividade comercial é muito grande. O que mudou? Tivemos uma virada de cultura. É velho bordão, mas não estamos preocupados no que a gente vende, e sim no por que. Eu coloco que: quem está por trás do Atlético? É a torcida. Aliás, está na frente. Demonstramos ao mercado que investir no marketing esportivo é o melhor custo/benefício do mercado. Você tem um impacto monstruoso. Não apenas nos torcedores primários, ávidos, que você tem conexão direta, mas nos amantes do esporte. E quando você começa a ter jogadores de repercussão internacional, você começa a trazer fãs de outros continentes. Temos uma nova geração, os Millennials (geração chegando. Eles são apaixonados pelo clube, mas também admiram personalidades. Admiram Hulk, Nacho, Messi, Neymar. Começam a consumir produtos relacionados aos jogadores. Então, o que aconteceu no Atlético foi mudança de pensamento. “Como podemos gerar mais valor para as marcas?”. Valor é diferente de preço. Então, foi muita transpiração, prospecção de mercado, usamos muito a rede do Pedro, a minha rede. Com empresas que nem imaginavam que estariam no futebol. Como eu também não imaginava estar no futebol. Tem coisas na vida que você não escolhe.

  • E como funciona a interligação das “pastas” dentro do departamento de negócios? Como a inovação dialoga com a captação, com o licenciamento?

– Aí você traz um cara craque de inovação que é o Ribbe. E um ponto importante. Se o Ribbe traz a ideia, e a gestão não estiver preparada para desenvolver, conectar a ideia com a venda, junto com marketing, a chegar ao ponto de licenciamento de produto, a minha cadeira fica manca. Então, hoje, o ciclo precisa ser completo. Eu posso não estar aqui amanhã, o Ribbe, o Renan, a Juliana ou o Pedro. Quem chegar, vai pegar uma estrutura no Atlético com a régua alta. E quando o sarrafo sobe, ele não desce mais. A torcida experimentou e não deixa cair. Só vai aumentar. Independentemente de quem chega, o legado foi construído em boa base. Há a realização pessoal. Estamos aqui há um ano e meio, suando, ano de desafio. Mas a realização é muito grande. No fim do dia, o que vale é a entrega ao torcedor, ao patrocinador e a nossa conquista. Tendo energia para equilibrar esses três pontos, é fundamental em qualquer negócio.

  • Você citou o Hulk, Nacho, em figuras que são “consumidas” individualmente. Como ficou aquela conversa com a Marvel para tentar explorar a imagem do jogador e também do super-herói?

– Esse ano, vocês irão perceber muitos produtos relacionados aos atletas do Atlético. No passado, procuramos a Marvel logo quando o Hulk veio para o Atlético. No primeiro momento, a Marvel não teve interesse em fazer a associação da marca a time de futebol. Mas, depois a Marvel começou a perceber como era a nossa abordagem. Não só com a Marvel, mas com outras empresas no mundo de games, quadrinhos, filmes, a gente vem mantendo conversas para entender a marca, a pegada, como poderíamos utilizar a imagem do nosso jogador com o lúdico. Que são personagens, super-heróis. O que posso responder é que há muita conversa em andamento. Ano passado trouxemos mais de 400 novos produtos para o nosso mix de lojas. Muitos, infelizmente, não foram entregues na sua totalidade, por problemas de produção. Não é do Brasil só, é na China…

Hulk aponta para o nome na camisa e provoca Pedro Henrique: "Lê aqui" — Foto: Robson Mafra/AGIF

Hulk aponta para o nome na camisa e provoca Pedro Henrique: “Lê aqui” — Foto: Robson Mafra/AGIF

  • Lembro de você falando que estava faltando algodão na explosão da pandemia.

– Houve a pandemia. E é até hoje. Temos um problema sério, com nova onda de transmissão, gripe, variantes. Indústrias com muitas pessoas trabalhando no mesmo ambiente, se uma pessoa está contaminada, há o efeito cascata. Há problema de fornecimento de insumos. A matéria-prima que recebemos é da China, com recessão. Então, não há milagre. Não tinha caixa de papelão. Não tinha saquinho para colocar camisa. Ano passado, por exemplo, foi nosso recorde de venda de camisas. Foram mais de 400 mil camisas vendidas, somando com o Manto da Massa, e as camisas de jogo.

  • Em 2020 não tinha sido 100 mil?

– Foi, 100 mil camisas mais 100 mil de Manto da Massa no ano retrasado. Então, dobramos a venda para 2021. Por vários motivos. Há o time/campo, e o mix de produtos da Loja do Galo aumentou substancialmente. Temos muito que melhorar ainda. Esse ano é o nosso ano de resolver isso. Mais produtos infantis, para mulheres, para fazer coleção pai/filho, mãe/filha, família unida. A gente já começou a fazer essa virada ano passado. Aquele gol do Zaracho contra o River Plate. O gol de voleio? Na hora veio a camisa comemorativa do lance. Camisa do bicampeonato. Temos muitos produtos alusivos aos títulos, lançamos até espumante no fim do ano, medalha. Estamos estudando a jornada do torcedor. Há dificuldades. Suprir a necessidade do torcedor no tempo que ele quer. A gente trabalha um “gap” que é de longo prazo. Segundo, é ter os fornecedores certos para entregar os itens com qualidade e no tempo que eu preciso. Para você ter uma ideia, se você for a uma empresa têxtil querendo criar nova linha de camisa, com frases legais, de moda, como “o Galo ganhou”, eles pedem três meses para entregar. Ou seja, temos que achar fornecedor novo, colocar uma transportadora específica para chegar às lojas. Cuidamos de ponta a ponta. Não é só lançar o produto. Temos atraso nas camisas? Temos, muito por conta da produção, infelizmente

  • Falando de Galo na Veia. 100 mil é um número impactante. Lembro do ex-presidente Sette Câmara fazendo campanha em oportunidades distintas para tal número ser batido. Houve o boom do time em campo. Como você avalia o GNV, principalmente pensando em 2022? Um período sem jogo é normal ter um recuo?

– Esses meses sem jogos, o impacto é muito pequeno. Há uma renovação, ondas de renovação em fevereiro, março, pico em maio, por reflexo do Manto da Massa do ano anterior. O Galo na Veia, mais uma vez, há uma longa jornada de melhoria para ele. Primeiro ponto é o atendimento. Sabemos que ele precisa melhorar. A única forma de ter atendimento que esteja dentro da necessidade do torcedor, é investir em tecnologia. Quando a gente tem um problema, temos uma plataforma de venda de ingressos, que não é a plataforma do GNV. O Galo na Veia é um meio que te gera um desconto para que você compre na plataforma. Se essa plataforma sofre instabilidade, todo mundo liga na central do Galo na Veia. É natural. Então a gente recebe 120 mil ligações simultâneas. Nem o call center das grandes empresas de telefonia consegue atender. Qual a forma de resolver? Tecnologia. A gente estuda, pesquisa, traz diferentes mecanismos que não estão aparentes, mas já fazem limpeza de banco de dados, CPF’s corrigidos pela inteligência do negócio, às vezes informações que faltavam. Começamos a ter uma base mais limpa para este ano.

Torcida do Atlético-MG no Mineirão para a final da Copa do Brasil — Foto: Fernando Moreno/Agif

  • Essa plataforma que faz a limpeza de dados também ajuda no combate ao cambismo de ingressos? É uma prática, imagino, que o Atlético fique de olho.

– Sempre. Colocamos, recentemente, o programa de antifraude, já foi instalado e roda dentro da plataforma. O antifraude analisa tudo, as más práticas. Obviamente, ele está em processo de aprendizado. Já detectamos algumas práticas, com atuação do clube de forma cirúrgica. E será assim daqui para frente, caminho sem volta.

Mascote “Galo Doido” na Loja do Galo ao lado da sede de Lourdes — Foto: Bruno Cantini/Atlético

  • Mas o cambismo permanecerá inevitável, mesmo com todas as barreiras que um clube crie?

– Acho o seguinte. Inevitável é palavra dura. Enquanto eu estiver nessa cadeira, e com o apoio da nossa gestão, pelo que acreditamos, iremos lutar até o fim. Existe uma mudança de cultura. O cambismo existe porque há o outro lado que o estimula. Precisamos refletir na cadeia, na indústria do cambismo. Com a tecnologia funcionando, estando redonda, há uma inibição profunda. E dará poder ao sócio que paga o plano em dia, que está junto da gente. Poxa, eu tenho que cuidar desse cara.

  • Eu te cortei, mas estávamos falando justamente do Galo na Veia.

– Então, o nosso desafio é justamente manter essa base de sócios, e ir crescendo cada vez mais. O Mineirão tem 60 mil lugares, a Arena MRV vai ter 46 mil. Se analisarmos os clubes na Europa, são estádios para 60 mil pessoas e 200 mil sócios. Porque esse cara se mantém no programa? Há vários tipos de sócios. Tem o sócio que está no interior, que vem uma vez ou outra ao jogo. O sócio que vai sempre aos jogos. O que paga só para ajudar o clube. Tem aquele que tem tranquilidade para ler regulamento, se aprofundar nos benefícios, e usufruir dessa vantagem, para ter desconto em posto de gasolina, farmácia, cinema. Quando ele olha para essas ações, verá que vale a pena manter o sócio ativo mesmo não estando presente em jogos. Então, temos que separar essas pessoas.

  • E existe aquele torcedor do interior que quer ir a todos os jogos. Mas, pela distância, sofre com custo mais alto de combustível. Enfim…

– Sim, existe e temos que ter atenção com todos. O que fizemos recentemente? O Season Ticket. E jogamos o preço para baixo. E eu democratizo. Acho que a repercussão foi bem positiva. No primeiro momento, fazendo conta de curto prazo, é pouca receita para o clube dentro do time que queremos ter. O futebol requer investimento. Não há mágica. Quer ter os melhores jogadores do mundo? Tem que ter receita. E vamos caminhar com as próprias pernas, ser autossustentável. E temos cobrança de resultado aqui dentro semanalmente.

  • A receita prevista para o Galo na Veia em 2021 era de R$ 20 milhões. Isso foi batido com os 100 mil sócios?

– Olha, vou falar aproximadamente. A meta era isso sim. Mas ficamos mais da metade do ano fechados. O estádio sem poder receber público. A gente deve fechar com faturamento do GNV em R$ 15 milhões. E entendemos ser excelente arrancada. O ano que vem é o dobro disso, o nosso objetivo é chegar na casa de R$ 30 milhões, prevendo estádio aberto ao público, e pensando na manutenção da base dos sócios. Ela só vai existir se o meu pós-venda funcionar, o meu atendimento funcionar. E temos que educar o torcedor, mostrar para ele que ele pode resolver muita coisa, se tiver paciência, nos canais digitais. Pretendemos lançar um novo site do GNV para que o torcedor encontre mais facilidades na jornada da compra do ingresso, do processo todo na verdade, com integração de sistemas. Hoje, temos o atendimento do GNV na Loja do Galo em Lourdes, são em torno de oito pessoas. E nós contratamos mais PA’s (posição de atendimento), com mais 16 pessoas atendentes. Se você ligar para o Galo na Veia, terá um tempo de espera que depende da demanda, mas com 16 pessoas no atendimento do call center. Implantamos ela tem 30 dias, e estamos avaliando passo a passo. Eu tenho que avaliar o que leva o meu torcedor ao atendimento. E começamos a perceber que mais de 60% dos motivos das ligações são de informações que estão no próprio site. O mundo mudou. Todo mundo é multiplataforma. O Atlético está mudando, e temos que estar com as melhores práticas de atendimento, de TI. E não tenho dúvida disso. O Atlético vai funcionar bem baseado nos três pilares de qualquer empresa – pessoas, tecnologia e processos. A gente está quebrando a cabeça para a melhor plataforma que suporte a torcida do Atlético. É difícil achar fornecedores no Brasil. Vocês irão perceber em 2022, lançamento de plataformas nossas de empresas americanas, da Europa.

Festa da torcida do Atlético-MG na Praça Sete — Foto: Globo

  • O Manto da Massa foi um sucesso, nos dois anos. Um lado interessante do projeto é que ele acabou desenhando um raio-x de onde está a torcida do Atlético no Brasil. Existe um plano do clube de aumentar o número de torcida. O que você pode falar sobre o tema?

– Primeiro, foi muito legal ter esse mapa de calor das regiões que compraram o Manto da Massa. Você vai pegar aí, 90% da nossa base está concentrada em Minas Gerais, naturalmente. Há 10% fora. O que percebemos é que não é pesquisa quantitativa. Muitas pessoas que compraram o Manto não era torcedor do Atlético, com fanatismo. E houve um resgate desse torcedor. A gente tem estratégias. E temos que atender a necessidade do torcedor. Não tínhamos pensado em lançar o Manto da Massa para fora do Brasil. É uma logística complicada. No meio do projeto, fizemos uma reunião louca aqui, com o Plínio (CEO), e viramos a noite fazendo. Integração com paypal, quem iria entregar. E resolvemos a toque de caixa. Segundo, teremos ações itinerantes do GNV no interior do Estado. Esperamos, mais uma vez, esse problema da Covid-19. Mas há o interesse total. Como faço isso? Ter uma rede social bem ativa, por meio do nosso departamento de comunicação. Fazer, por exemplo, projetos que sejam itinerantes, o e-commerce com mais produtos, dando acesso ao torcedor fora da capital. Estar associado a grandes marcas. A Adidas é muito importante, ela transpira o esporte, está no mundo inteiro. É importante estar nesta prateleira, de fornecimento de produtos. Quantos torcedores do Galo não estão nos EUA? Então, é uma somatória de coisas que irá nos levar onde queremos chegar, para o crescimento da Massa.

Manto da Massa 113 — Foto: Reprodução/TV Galo

Manto da Massa 113 — Foto: Reprodução/TV Galo

  • Você falou sobre a Adidas. Qual foi a sua experiência, na linha de frente, do fechamento do acordo?

– Primeiro, só temos gratidão e elogios à Le Coq. A marca é muito legal. Sempre foi aberta a todas as nossas propostas. É um parceiro ainda, o nosso contrato vai até junho. Foi estratégico, importante para a jornada. Foi uma aposta deles no Brasil para começar a se posicionar. A marca é de qualidade. Mas sobre a Adidas, é um sonho antigo. Começamos a conversar com a Adidas há quase um ano. Mas também foram conversas com outras oito marcas espalhadas pelo mundo. Muita discussão. A gente não vai fazer, dentro do Atlético, nenhuma negociação que ela não respeite a nossa tradição, o nosso tamanho, o nosso momento. O fornecedor que quiser fazer parte da nossa prateleira, tem que entender isso. Foram idas e vindas com a Adidas, muita alteração, discussão contratual, de regras, receita, envolvimento, respeitar cultura, de Manto da Massa, que é um projeto da torcida, sem volta. 

  • Ou seja, haverá Manto da Massa com a Adidas?

– Teremos. Agora, se vamos fazer o Manto da Massa assinado pela Adidas ou não, é uma discussão futura. É um direito total dela querer entrar no projeto. Mas se ela não tiver interesse, o Atlético terá total liberdade de tocar o Manto. Inclusive, queremos que os designers da Adidas façam parte da nossa equipe julgadora. Porque não? Profissionais da Alemanha terão visão diferente. O nosso Manto da Massa foi feita pelo Lucas, nosso torcedor. E uma das mais belas camisas do mundo.

  • O Atlético fez um contrato longo com a Adidas, de três anos e meio. Não me lembro de uma assinatura desse período na história recente do clube.

– O mercado mudou totalmente. Acho que um ano de contrato você não consegue gerar nem aproximação com a marca, saber até onde pode ir com ela, trabalhar produtos personalizados. O contrato é de três anos e meio, vai até o fim de 2025, podendo ser renovado. A nossa ideia não é trocar de parceiro a cada hora. Queremos trazer os parceiros certos, pelo tempo certo. Que estarão com você nos momentos de glória, e nos momentos difíceis, de reinvenção. Se você troca toda hora, passa uma imagem ruim ao mercado, se desvaloriza. Que o futebol brasileiro não tem organização, gestão. Não queremos isso. Queremos solidez. 

  • Sobre o Manto da Massa, qual o balanço do projeto de 2021, com o desafio de melhorar a logística?

– Foi mais bem sucedido. Primeiro, foi recorde de vendas também, quase 120 mil camisas. A gente pensou de ponta a ponta. Contratamos a melhor empresa de entrega do mercado, que é a Flash Courier, só que começamos a entregar 10 dias antes do prazo inicial previsto. A indústria foi fabricando e fornecendo. Houve problema no fim do ano, que até iremos enviar comunicado, em torno de 50 pedidos que tivemos, um caminhão sofreu acidente, mandaremos carta aos torcedores, com o B.O., houve capotamento do carro, o motorista ficou bem, mas parte da carga foi saqueada pela comunidade local. Uma fatalidade. Alguns desses torcedores não receberam a camisa, mas é um número pequeno no universo de tantos pedidos. Não tem como não ter um erro ou outro. Eu vi torcedores falando que receberam tamanhos errados. Erro operacional que iremos corrigir rápido. Nada que desabone a grandiosidade do projeto. Em 2022 será muito melhor, evolução constante. Plataforma será nova, de compra. Estamos discutindo agilidade, integração de sistemas. 

  • Sobre o departamento de inovação, foi outra novidade no mundo do Atlético.

– A receita de projetos digitais no Galo foi superior a R$ 5 milhões em 2021, líquidos. E a Manto da Massa, foi superior a R$ 7 milhões de reais líquidos na operação. Sim, é surpreendente. O faturamento do Manto da Massa foi de R$ 20 milhões, mas produzir a camisa tem o custo. Então esse é o líquido. 

  • O valor do departamento de inovação me surpreendeu.

– Trazer tecnologia ao futebol é o futuro das coisas. Surpreende. Mas serão ações permanentes da realidade do Atlético. Há um ganho de reputação, e as marcas querem se associar a empresas inovadoras e de reputação. Várias empresas que fecham contrato de patrocínio conosco, o Atlético precisa ser aprovado pela análise de compliance deles. É a mão dupla, tá? Aqui também analisamos a reputação. Se não passar pelo compliance do Galo, não entra. Para evitar qualquer tipo de desvio de conduta, favorecimento.

  • O PSG, quando fechou o contrato com o Messi, acordou de pagar uma parte dos vencimentos do jogador via criptomoeda, no fan token. Acredita que um gigante do futebol brasileiro fará isso em breve?

– Eu acho que sim. Não sei se será uma realidade do Atlético daqui a pouco. Mas é a tendência do esporte. Cada vez mais teremos criptomoedas, NFT’s. E agora estamos falando do metaverso. Que é você ter sua comunidade, seu mundo digital. Onde você pode adquirir camisas do Atlético, produtos de valor agregado, criação de peças. Então, estivemos em Dubai no fim do ano passado, estudando muito sobre metaverso. É um mundo que o Atlético está antenado e irá lançar em breve algo nessa linha .O nosso engajamento digital é muito grande, e uma parte não é torcedor do Atlético, há investidores, pessoas interessadas nesse universo. 

Por Fred Ribeiro — Belo Horizonte

Ge.globo.com

COMENTÁRIOS

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade