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Penso que nenhum de nós ouviu esses xingamentos.

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Paulo Sousa elogia entrada de Everton, questiona pergunta sobre esquema e pede união no Flamengo

Técnico abordou o protesto da torcida na última sexta-feira e pediu união no clube

O técnico Paulo Sousa concedeu entrevista coletiva após o empate por 1 a 1 do Flamengo com o Atlético-GO na noite deste sábado, em Goiânia, pela estreia do Brasileirão. No geral, o português gostou do que viu, especialmente no segundo tempo.

Paulo Sousa lamentou apenas o passe errado que originou o contra-ataque do gol do Atlético-GO. No lance, ele chegou a se irritar no banco quando Andreas Pereira errou a jogada. (Veja no vídeo abaixo)

Aos 28′ do 2º tempo, Andreas Pereira erra lançamento e, no contra-ataque, o Atlético-GO abre o placar

– Tivemos no início posse, mais capacidade de atacar a profundidade. Só o último passe que não gerou gol. Não cedemos nada ao adversário. Numa segunda parte, tivemos bem melhor na frente, entre os extremos e os volantes. Faltou só um pouco mais de proximidade. Numa precipitação nossa, com passe vertical, onde nossas linhas estão distantes, acabamos por perder a bola e demos oportunidade ao adversário fazer o gol. Tivemos decisões boas, reagimos, Everton entrou muito bem, sendo sempre o homem de superioridade. Criamos bastante, obrigamos a fazer faltas, escanteios, tivemos oportunidades para fazer mais.

Em outro momento da coletiva, um repórter mencionou que ouviu xingamentos de alguns torcedores direcionados a Paulo Sousa e questionou o sistema de jogo rubro-negro, se seria mantido. Segue o diálogo abaixo:

Paulo Sousa em Atlético-GO x Flamengo — Foto: Heber Gomes / Agif

Paulo Sousa em Atlético-GO x Flamengo — Foto: Heber Gomes / Agif

– Penso que nenhum de nós ouviu esses xingamentos. Com certeza você deveria estar mais perto dessas pessoas. Qual é o sistema que jogamos, que eu não conheço bem? – retrucou Paulo Sousa.

Repórter – Três zagueiros, dois alas e três volantes.

Paulo Sousa – Com bola ou sem bola?

Repórter – Os dois.

Paulo Sousa – Tá errado. Tem que ver bem mais e está errado o que você está dizendo. Porque defendemos com uma linha de quatro. Você viu isso ou viu linha de três?

Repórter – Alternando durante o jogo.

Paulo Sousa – Alternando? Quando? Quando perdemos a posse de bola? Não, mantivemos a linha de três. É o momento de transição, estamos organizados para sermos ofensivos e defendemos em quatro. Temos um jogador mais alto, que normalmente é o nosso lateral. Quando entramos em organização defensiva, muitas das vezes temos uma linha de quatro com dois volantes, dois pontas e mais um ou dois, dependendo da estratégia da equipe.

Paulo Sousa – É híbrido, dinâmico e procuramos aquilo que, no momento da construção, tenhamos maior largura, com maior superioridade de construção a ligar mais vezes no meio de campo adversário com essa mesma superioridade. Seja em profundidade, largura, tendo vários jogadores no corredor central em que tentamos ter superioridade numérica para tentar fazer a diferença entre superioridade que podemos encontrar no corredor central ou igualdade temporal, momentânea, no corredor lateral em que, no ataque, também temos que fazer diferenças.

Os gols de Atlético-GO 1 x 1 Flamengo, pela 1º rodada do Brasileirão 2022

Sobre os protestos na porta do Ninho na última sexta-feira, Paulo Sousa não fez críticas aos torcedores e disse que o momento é de união. Foi perguntado, também, se ao ser contratado os dirigentes pediram “renovação total” no Flamengo.

– Desde Lisboa que a diretoria sabia perfeitamente o que e como eu gostaria de fazer. Acho que foi bem reforçado pelo Marcos Braz na coletiva no Ninho que há um entendimento direto, uma conversa direta. Sabemos perfeitamente que linha queremos obter e foi bem reforçado pelo Marcos. Agora é dar continuidade a tudo aquilo que tem vindo a ser essa construção.

O Flamengo volta a campo nesta terça-feira, às 21h30, para enfrentar o Talleres, pela Libertadores. No Brasileiro, o time joga no domingo, às 16h, contra o São Paulo, no Maracanã.

Mais respostas de Paulo Sousa:

Considera aceitável o tipo de cobrança que os jogadores passaram?

– A cobrança vai existir sempre num clube grandioso como é o Flamengo. Sempre temos que estar unidos para dar as mãos, com cobrança ou sem. Mas ela existe sempre porque as exigências são altas. Eles também reconhecem porque é a mesma coisa entre um copo meio vazio e meio cheio. Com tudo aquilo que tem acontecido neste mundo, de violência, aproveito para pedir a vocês (imprensa) tomarem consciência e nos ajudarem para que nós, cada vez mais tenhamos que ter responsabilidade e poder para guiar milhões de pessoas. Eu, jogadores e vocês todos são importantes para reconhecer essa responsabilidade e levá-los a um lugar mais seguro, de compreensão, de respeito pelo próximo para que depois esse respeito seja sempre um momento de alegria e festa, mesmo havendo competitividade.

– Vejo que temos que estar unidos, passar a mensagem de união, fazer por isso, e temos que ser consistentes no trabalho porque acreditamos nele. É um momento de construção e tudo leva seu tempo. Claro que as vitórias dão mais convicções. O processo é conhecido e a diretoria soube desde o início do que eu precisava, queria e iria fazer. Sempre houve respaldo, do próprio Marco, que reconheceu. Nunca me deu razões para duvidar de sua palavra e por isso estamos no caminho que temos que dar essa mesma consistência para chegar nos mesmos resultados finais.

“Flamengo agora é só mais um na mediocridade geral”, lamenta Arthur | A Voz da Torcida

Bruno Henrique e Gabigol mais perto?

Acho engraçada essa pergunta (sobre Bruno Henrique e Gabigol) porque quando o Bruno jogou por dentro, e não o Gabriel, ele não deveria jogar por dentro e sim mais por fora. Tem essa disparidade. Para mim, sem dúvida, o Bruno é um atacante que tem todos os movimentos de ponta. Tem alguma dificuldade de jogar entre as linhas e precisa de espaço, sobretudo com espaço à frente, como fez. Teve várias oportunidades de gol. Achei que esteve muito bem.

Teve mais dificuldade em construções baixas, sobretudo como ala. Mas com a capacidade que nosso meio-campo pode ter, seja com interação de Arrascaeta, que faz muitos movimentos por fora também e isso dá oportunidades de o Bruno atacar em profundidade.

Gabigol teve atuação discreta na estreia do Flamengo no Brasileiro — Foto: Heber Gomes/AGIF

Dificuldade de a bola chegar no Gabigol

– O que eu vejo é um Gabi super comprometido com a equipe, a trabalhar em todos os processos e, com certeza, com o tempo todas essa bolas vão chegar. Vão chegar com mais continuidade, com certeza. Há jogos que chegarão com mais continuidade, outros com menos, mas nossa equipe não pode depender só dele. Ele teve oportunidades também. É ter cabeça para concretizar e finalizar e isso vocês têm que reconhecer. É um jogador comprometido por melhorar alguns processos de finalização dentro da área e por isso estou muito satisfeito com ele e todos os jogadores.

Lance do gol do Atlético

Foi uma transição, contra-ataque. Estávamos indo pra frente e a linha do Bruno Henrique estava larga para essa transição e isso acabou acontecendo. Não podemos retirar uma situação do jogo para definir o comportamento de jogo. Depois tem a ver com as características dos jogadores que temos. O Bruno é um jogador que obrigatoriamente vê à frente. Ele é um jogador que fica mais aberto do que por dentro para fechar as linhas de passe em alguns momentos.

Em outros o Leo Pereira teve que defender o dois contra um e, com a chegada dos volantes, poderiam dar cobertura. Às vezes tivemos essa capacidade e quando pudemos contra-atacar com espaços mais livres e isso aconteceu várias vezes no segundo tempo, com Bruno, que poderia dar finalização que não aconteceu. Acho que em termos individuais fizemos um bom jogo e deveria ter um resultado completamente diferente pelo o que produzimos e jogamos dentro das circunstâncias.

Time mais organizado ofensivamente

Dentro da velocidade, é esse equilíbrio que temos que ter. Temos que entender quando temos que dar velocidade, sobretudo quando queimamos linhas rápidas e pegamos uma equipe super organizada. É o momento que temos que atacar mais a profundidade. Como disse e repito, os primeiros 10 minutos atacamos bem. Isso faltou um pouco no lado direito, sobretudo com Matheuzinho. Tivemos vários momentos em que Matheuzinho provocou o um contra um.

Sobretudo quando recebia entre as duas linhas do adversário. Aí podemos provocar um pouco mais e também tivemos alguns movimentos de profundidade nesse entrelinhas. No segundo tempo isso foi acontecendo, principalmente quando colocamos jogadores com essa capacidade.

Peso do empate e Gustavo Henrique

É uma equipe em construção, tivemos várias circunstâncias desfavoráveis nesse jogo, em que vários jogadores tomaram decisões muito importantes sobre ter a equipe à frente deles mesmos porque não se sentiam em condições de poder dar o seu melhor. Tivemos muitas disponibilidade por parte do Arão de jogar num posicionamento que não tem treinado. Já tivemos algumas situações mas não para esse jogo. Tínhamos a ideia de que poderia vir a acontecer durante o jogo, mas não no início. E tudo isso, com tudo aquilo que nós fizemos, só tenho que reforçar a capacidade que tivemos. Por muito pouco não saímos vencedores daqui. Fomos superiores ao nosso adversário em todos os momentos do jogo, sobretudo na parte final. Podemos, com certeza, fazer bem mais gols e sair daqui vitoriosos.

Em relação à pergunta de tudo aquilo que se passou, acho que nós, cada vez mais, família Flamengo, temos que dar as mãos, tem que ser bem unida. É uma camisa forte, muito representativa e citamos que ela seja bem representada. Não podemos colocar nós em primeiro lugar, em termos gerais. Não estou a falar dentro ou fora do clube, mas todos. Temos que dar as mãos para podermos ser mais fortes e consistentes nos nossos resultados. Não é ganhar um ano ou ganhar um jogo, mas, sim, ter consistência. E ter consistência tem que partir de todos nós. Ou seja, temos que manter o clube à frente o tempo todo. É o momento de darmos as mãos e sermos unidos.

Ausência de Santos

Você reconhece, nessa pergunta, que um goleiro não chega e joga dois dias depois. Tem que ter uma interação e trabalho para conhecer ideias de jogo, linhas de passe, como atacar e defender a profundidade já que nossas linhas são sempre muito altas. Hoje tivemos uma linha bem improvisada. É um goleiro que acreditamos bastante e vai ter participação. Tanto ele quanto o Hugo, não temos dúvidas. Damos todas as garantias. E hoje o Hugo mostrou que está à altura deste Flamengo e com todos os outros vão nos ajudar.

Por Cahê Mota — Goiânia

Ge.globo.com

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