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Economia

Petrobras no alvo: Veja as frentes abertas em Brasília contra o reajuste dos combustíveis

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Centrão amplia hoje ofensiva contra a Petrobras em reunião convocada por Lira

Presidente da Câmara chamou o atual presidente da empresa, José Mauro Coelho, de “ilegítimo”, e ameaçou levantar informações sobre ganhos e despesas dos diretores

A resposta do Congresso ao reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras na sexta-feira, ignorando apelos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), será ampliada e intensificada hoje numa ofensiva capitaneada pelo Centrão, o grupo de partidos que sustenta o governo na Câmara.

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Ontem, Lira subiu o tom e centrou fogo na diretoria da estatal. Chamou o atual presidente da empresa, José Mauro Coelho, de “ilegítimo”, e ameaçou levantar informações sobre ganhos e despesas dos diretores. Enquanto isso, deputados e senadores articulam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras e projetos para mudar a política de preços da estatal e elevar impostos sobre a produção e exportação de petróleo.

O presidente da Câmara recebe, no início da tarde de hoje, líderes dos partidos na Câmara para definir quais projetos serão colocados em votação. A reunião de terça foi antecipada após o reajuste de 5,18% no litro da gasolina e de 14,26% no do diesel aplicado nas refinarias da Petrobras desde sábado irritar Bolsonaro, Lira, ministros do governo e parlamentares.

A movimentação é atípica para esta época do ano: tradicionalmente, a semana das festas de São João deixa o Congresso esvaziado.

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Em conversas com interlocutores nos últimos dias, Lira tem citado principalmente duas propostas: aumentar ou até dobrar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas de óleo e gás (porque não seria possível aumentar apenas a da Petrobras) ou tributar a exportação sobre petróleo bruto.

Arte — Foto: /Infoglobo

Arte — Foto: /Infoglobo

Hoje, o setor paga a alíquota geral da CSLL, de 9%, mas as petroleiras entregam outras receitas públicas, como royalties e participações especiais sobre a produção e Imposto de Renda. Outra saída, vista com maior viabilidade no grupo, é criar um imposto de exportação. Diferente da CSLL, esse tributo teria vigência imediata.

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O plano encampado pelo Centrão pretende vincular o aumento da taxação do setor ao uso dos recursos no financiamento de mecanismos para reduzir o impacto da alta dos combustíveis. A forma, porém, ainda será discutida entre as lideranças do Congresso.

Uma das possibilidades é um subsídio para o diesel diretamente na bomba e para o gás de cozinha no botijão. Outra ideia é o pagamento de um auxílio para caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativos e a ampliação do Auxílio Gás, criado no ano passado para famílias de baixa renda.

Números da Petrobras — Foto: Editoria de Arte

Números da Petrobras — Foto: Editoria de Arte

Com a nova mobilização, o debate sobre a tributação do setor deve feito junto com a proposta de emenda à Constituição chamada de PEC dos Combustíveis, que está em tramitação no Senado.

A PEC destina R$ 46,4 bilhões para a compensação da redução de impostos federais e estaduais sobre gasolina, diesel, etanol e gás. A PEC seria usada para furar o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas da União.

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O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que o teor exato das propostas só sairá da reunião:

— Há várias ideias para os combustíveis que serão discutidas. Nós temos que fazer o que tem maioria para fazer.

CPI divide opiniões

Em outra frente de pressão sobre a Petrobras, o governo está na fase final de elaboração de um projeto de lei para a privatização da estatal nos moldes da da Eletrobras, como antecipou o colunista do GLOBO Lauro Jardim. Para defensores da medida, a alta dos preços cria um ambiente político favorável ao tema, ainda que seja difícil avançar em pouco tempo.

Os retrocessos no Brasil em 2022

PIB recua ao nível de 2013. Ex-ministro Mantega negava a crise fiscal. Em 2022, Guedes pede para não subirem preços.Não se tinha inflação tão alta quanto a de agora desde 2003. O índice em 12 meses supera 11% e corrói a renda.8 fotosA pobreza que se vê nas ruas e periferias de hoje está no mesmo nível da registrada entre 2009 e 2011.Pobreza, fome, educação são algumas das áreas que pioraram

Defendida por Bolsonaro, a CPI para investigar a Petrobras ainda gera dúvidas no Congresso. Líderes ouvidos pelo GLOBO acreditam que há pouca chance de uma CPI andar às vésperas das eleições e avaliam que o escopo da investigação não ficaria restrito aos interesses dos governistas. O governo ainda não começou a colher as assinaturas necessárias para a comissão, passo já dado pela oposição.

Apesar das dúvidas sobre a CPI, Lira demonstrou ontem disposição de investigar os diretores e o presidente da empresa, que chamou de “ilegítimo”. No início do mês, Bolsonaro determinou a substituição de Coelho, que havia sido escolhido pelo próprio presidente 40 dias antes, por Caio Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes, mas ele segue no comando enquanto o processo burocrático ainda está em curso e resiste às pressões para renunciar.

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Em artigo publicado no site da Folha de S.Paulo ontem, Lira afirmou que a empresa usa uma face estatal quando busca apoio do governo para obter condições diferenciadas e age como “capitalista selvagem” para manter lucros bilionários, sem mencionar que a maior parte dos dividendos pagos vai para o caixa do governo, mas sem destino certo.

No artigo, Lira defende o fim do que chama de complacência com a empresa. “O primeiro passo que temos de dar é conhecê-la. Quanto gastam seus diretores em suas viagens? Quanto custam suas hospedagens? No exterior ficam onde? Em que carro andam? Quem paga seus almoços e jantares? Alugam carros? Aviões? Helicópteros? Há excessos? De onde vieram? Como constituíram seus patrimônios? Seus parentes: investem onde e são ligados a quem? Depois, temos de entender os critérios de formulação de políticas da empresa. Temos de entender com quem os diretores e os conselheiros conversam. E esses interlocutores: são ligados a que interesses?”, escreveu.

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Procurada, a Petrobras e seus executivos não quiseram se pronunciar. Nos bastidores da empresa, parte do Conselho de Administração discute uma forma de impedir que parlamentares do Centrão voltem a indicar diretores da estatal, como acontecia antes do Operação Lava-Jato.

Conheça as refinarias que a Petrobras decidiu vender

11 fotosConheça as refinarias que a Petrobras decidiu vender

As frentes contra a estatal

Mudança na gestão: O atual governo já demitiu três presidentes da Petrobras. Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e agora José Mauro Coelho. No centro do impasse está a atual política de preços da companhia, baseada na paridade de importação, que leva em conta as cotações do preço do barril do petróleo no mercado internacional e o dólar. Para impedir novos aumentos da gasolina e diesel, o governo indicou Caio Paes de Andrade para comandar a empresa e mudar a política de preços. Agora, o governo já sinaliza que pretende trocar toda a diretoria da empresa.

  • Combustíveis: Preços já começam a subir em vários postos

CPI: O governo articula com deputados a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o seu presidente da Petrobras, além de seus diretores e membros do Conselho de Administração. Em artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), questionou ganhos e gastos da diretoria. “Temos de entender os critérios de formulação de políticas da empresa”, escreveu.

Impostos: Para combater os aumentos nos preços e a insatisfação popular, uma das alternativas é aumentar ou até dobrar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para a estatal e toda as empresas de óleo e gás. Uma outra saída, vista como maior viabilidade pelo Congresso, é criar ainda um imposto de exportação sobre o petróleo, medidas criticadas pelo setor.

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Privatização: Em outra frente de pressão sobre a Petrobras, o governo está na fase final de elaboração de um projeto de lei para tentar avançar na discussão de privatização da estatal. Porém, especialistas consideram que o projeto deve levar alguns anos.

Ministério: Diante do impasse em controlar os preços, o governo demitiu o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e nomeou para seu lugar Adolfo Sachsida, indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes

Teto do ICMS: De olho nas eleições, o governo conseguiu aprovar no Congresso a o projeto de lei que cria um teto de 17% para o ICMS que incide sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transporte coletivo.

Por Manoel Ventura, Natália Portinari e Bruno Rosa — Brasília e Rio

OGlobo.globo.com

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