Economia
Petrobras: troca no comando é teste para governança da estatal, segundo analistas
Petrobras: comitê recebe hoje documentos de indicado do governo para a presidência. Veja os próximos passos
Previsão é que só haja um parecer do nome de Caio Paes de Andrade a partir de quinta-feira
O Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras, que é uma parte do Comitê de Pessoas (Cope), recebe nesta terça-feira a documentação para análise do nome de Caio Paes de Andrade para comandar a companhia, segundo fontes na estatal. O envio ocorre um dia após José Mauro Ferreira pedir demissão.
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Serão dois grupos de documentos a serem analisados: o “background checking de integridade”, que avalia a integridade do indicado, e o “background de covenants”, que avalia o currículo e a capacitação profissional.
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Esses documentos serão analisados por uma comissão de cinco pessoas, sendo que só quatro votam. O quinto só vota se houver empate.
O Cope é formado pelos conselheiros Ruy Flaks Schneider, Luiz Henrique Caroli e Francisco Petros, além de Ana Silvia Corso Matte e Tales José Bertozzo Bronzato, que são membros externos.
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Após os documentos serem enviados aos integrantes, eles têm um prazo para votar de até sete dias, de acordo com as regras da estatal.
Apesar da pressão do governo e de parte de integrantes do Conselho de Administração da estatal ligada ao presidente Bolsonaro, a previsão é que só haja um parecer a partir de quinta-feira.
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Mas esse prazo de análise é móvel: “Os membros do Comitê podem estar prontos para votar antes. Esse prazo só vai ser estipulado e acordado após cada membro receber a documentação de Caio na terça-feira”.
Segundo uma fonte, “essa é a regra de governança da empresa. Quem está fazendo pressão é quem tem interesse no tema. Não há ninguém nem adiando nem retardando”, disse a fonte.
Conselho de administração precisa nomear Caio como conselheiro
Esse parecer vai gerar uma recomendação que será enviada ao Conselho de Administração da estatal que vai votar o nome de Caio. Essa votação pode ocorrer no mesmo dia, caso o presidente do Conselho, Márcio Weber, marque o encontro.
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Com a decisão do Conselho de Administração, Caio assume a posição de membro de Conselho e em seguida assume “imediatamente” a posição de presidente da estatal.
Ao ser nomeado presidente, Caio toma posse e já pode nomear os diretores para empresa que vão precisar ser posteriormente aprovados pelo Conselho de Administração.
Assembleia poderá ratificar nome de Caio
E, quando houver “qualquer” assembleia de acionistas, o nome de Caio será ratificado.
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Segundo especialistas, Caio não preencheria os requisitos para o comando da empresa de acordo com as disposições da Lei das Estatais. O artigo 17 da Lei das Estatais exige experiência profissional mínima de dez anos, no setor público ou privado, na área de atuação da empresa, ou quatro anos ocupando cargo de diretoria em empresa de porte similar, cargo público de confiança em nível superior ou ainda cargo de docência ou pesquisa na área de atuação da empresa.
Enquanto isso, foi nomeado para a presidência da empresa o atual diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges.
Por Bruno Rosa — Rio de Janeiro
OGlobo.globo.com