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Planos de Saúde, reajuste voltará a ser cobrado em janeiro de 2021

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Advogados questionam medida e não veem vantagem para o consumidor, que terá de pagar retroativamente o aumento que não foi aplicado agora

Reajuste suspenso dos planos de saúde será cobrado em 2021

A suspensão temporária dos reajustes dos planos de saúde estabelecida pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) não será benéfica para os usuários, segundo advogados ouvidos pelo R7 Economize.

Leia mais: Idec quer que ANS amplie suspensão de reajuste dos planos de saúde

O motivo é simples.

A medida não resolve o problema do consumidor porque “é um desconto temporário que será cobrado lá frente”, segundo o advogado Rafael Robba, do escritório Vilhena Silva Advogados.“O consumidor terá um desconto na mensalidade por quatro meses e, a partir de janeiro, além de a mensalidade voltar no valor reajustado, ele terá uma dívida com a operadora referente a esses quatro meses.”Rafael Robba

Para o advogado, esse adiamento é um risco para os usuários de planos de saúde porque pode gerar um problema para ele no ano que vem.

“O consumidor ele precisa de reajustes mais baixos. Isso sim o ajudaria muito neste momento. Esse adiamento pode até gerar a sua expulsão do plano de saúde a partir de janeiro se ele não puder pagar o reajuste e a dívida acumulada.”

Leia mais: Suspensão de reajuste de planos de saúde não será retroativa

Na divulgação dos critérios para a suspensão do reajuste, a ANS não deixou claro como será feita esta cobrança retroativa.

“A agência fala que a cobrança será feita ao longo de 2021, mas não estabelece em quantas parcelas.”

Para Alexandre Berthe, advogado especialista em defesa do consumidor e planos de saúde, a ANS demorou para se manifestar sobre os reajustes e não tomou uma decisão positiva para o consumidor.“A ANS deveria ter se posicionado no início da pandemia, e não agora, cinco meses depois. Além disso, o valor poderá ser cobrado com juros e atualizações de forma retroativa.”Alexandre Berthe

O advogado acrescenta que em nenhum momento a ANS deixou claro se existiu qualquer tipo de isenção.

“Se isso ocorreu, é um absurdo que seja considerado apenas daqui pra frente.”

Leia mais: Planos de saúde ameaçam encerrar contratos de clientes inadimplentes

Na quarta-feira (26), uma ong de defesa do consumidor se manifestou sobre o assunto. O Idec notificou a ANS e pediu que a suspensão do reajuste dos planos de saúde seja ampliada e tenha validade para todos os convênios, inclusive para os consumidores que já tiveram suas mensalidades aumentadas.

O instituto também pediu que a agência informe os percentuais de aumentos já aplicados pelas operadoras de planos de saúde entre março e agosto e as implicações da medida para cada tipo de plano.

Entenda o caso:

Suspensão do reajuste dos planos de saúde

A ANS decidiu suspender os reajustes dos planos de saúde por 120 dias, ou seja, de setembro a dezembro deste ano.

Leia mais: Em 8 anos, ações judiciais contra planos de saúde sobem 387% em SP

Os convênios que foram reajustados antes – de março a agosto período que vem acontecendo a pandemia – não serão contemplados inteiramente, ou seja, mensalidades antigas continuarão reajustadas.

Porém, no período de setembro a dezembro, a mensalidade voltará a ter o valor cobrado pela operadora antes do reajuste 2020.

A medida vale para todos os planos de saúde?

Não. A medida não atinge os planos coletivos empresariais com 30 vidas ou mais. Esses planos necessitam de uma negociação com as empresas.

Para esses convênios, não existe data-base para aplicação de reajuste anual e o percentual é negociado entre a pessoa jurídica contratante e a operadora/administradora.

Leia mais: Planos de saúde devem cobrir testes para a covid-19, determina ANS

Nos casos em que os percentuais já tiverem sido negociados até 31 de agosto deste ano, as mensalidades serão mantidas da forma acordada entre as partes e não haverá suspensão de cobrança de mensalidade reajustada nos meses de setembro a dezembro.

Se os reajustes ainda não foram realizados este ano, eles ficarão suspensos no período de setembro a dezembro. A não ser que a empresa e a operadora negociem para não haver a suspensão.

A suspensão do reajuste será mantida após 120 dias?

Não. Segundo a nota da ANS esclarecendo os critérios para a suspensão dos planos de saúde, o reajuste voltará a ser cobrado a partir de janeiro de 2021.

Quem teve reajuste suspenso pagará diferença depois?

Sim. Ainda não ficou clara a forma como a operadora fará a cobrança, mas a nota da ANS diz que a diferença será paga ao longo de 2021.

Reajuste feito entre março e agosto terá desconto?

Não. A medida vale exclusivamente para o período de setembro a dezembro de 2020.

Leia mais: Planos de saúde não assinam termo para atender inadimplentes

Os planos que tiveram aumento antes da medida terão o desconto apenas no período de setembro a dezembro.

Consumidor pode pedir o desconto na Justiça?

Segundo o advogado Rafael Robba, quem se sentiu lesado pode sim buscar a justiça para reivindicar o reembolso e a redução das mensalidades.

Leia mais: Apenas nove dos 730 planos de saúde manterão inadimplentes

O usuário pode acionar o Juizado Especial de Pequenas Causas, sem o acompanhamento de um advogado, ou na justiça comum, com um advogado.

Márcia Rodrigues, do R7

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