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Economia

Poupança teve perda recorde no primeiro semestre

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Endividamento, inflação e baixa rentabilidade afastam brasileiros da poupança

Com saldo negativo recorde no primeiro trimestre, as cadernetas amargam perda superior a R$ 200 bilhões desde 2021, mostra BC

A combinação adversa que envolve a situação financeira da população, a inflação e a baixa rentabilidade tem motivado a perda de espaço da caderneta de poupança na vida das famílias nos últimos anos. Somente no primeiro semestre, a aplicação amargou o maior volume de saques da história.

A perda de R$ 66,6 bilhões calculada entre janeiro e junho deste ano é fruto de R$ 1,926 trilhão sacado e R$ 1,860 trilhão depositado na caderneta no período, de acordo com o BC (Banco Central).

A maior perda da série histórica, iniciada em 1995, mostra a manutenção dos resultados negativos contabilizados pela caderneta desde 2021. No acumulado dos últimos cinco semestres, a derrocada da poupança supera R$ 205 bilhões.

A consultora financeira Renata Cavalheiro, da Prosperus, atribui as perdas recentes da poupança ao cenário desafiador enfrentado pelas famílias brasileiras nos últimos anos. “Com o aumento da inflação a população perdeu seu poder de compra, muitas famílias estão endividadas, e manter uma poupança se tornou algo difícil”, afirma ela.

Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia), explica que outro fator determinante para a fuga da poupança envolve a crise financeira que aflige aqueles que aplicam na caderneta.

“Ao mesmo tempo que aumentou o endividamento dos mais pobres para aqueles que não têm recursos alocados na poupança, também subiu o volume de saques da caderneta”, destaca ele, que vê o rombo como um fenômeno ligado à queda da renda e inflação.

A situação é ilustrada por dados da SPC Brasil e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), que mostram mais de 65 milhões de brasileiros inadimplentes no Brasil. O número corresponde a um novo recorde da série histórica do levantamento.

Taxa de juros

Outro fator que pesa contra a caderneta de poupança nos últimos meses é o movimento que elevou a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano, o maior patamar dos últimos seis anos. A alta determinada para segurar a inflação faz a aplicação render o equivalente a 0,5% ao mês, o equivalente a um retorno médio de 6,34% ao ano.

Na prática, ao direcionar R$ 2.000 na caderneta, o consumidor terá uma rentabilidade bruta estimada em R$ 176,74 no período de 12 meses. No mesmo intervalo de tempo, o ganho obtido em um título do Tesouro Direto atrelado à taxa Selic é de R$ 275.

Mesmo com o baixo retorno, a caderneta contou com a ajuda da perda de força da inflação nos últimos meses. Com o arrefecimento do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), as aplicações na poupança renderam 2,95% entre janeiro e junho, o maior ganho real desde 2017.

ARTE/R7

  • ECONOMIA | Do R7
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