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“Racismo”, jogadores com comunicado do boicote em mãos

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De LeBron James a Lewis Hamilton, astros de várias modalidades viram referência no combate às injustiças raciais pelo mundo em 2020

No ano em que o mundo parou com a Covid-19, esporte escancara antigo mal da sociedade: racismo

O dia 26 de agosto de 2016 ficou marcado como a data em que o quarterback Colin Kaepernick se ajoelhou pela primeira vez durante o hino nacional dos EUA em um gesto que virou a sua marca na luta contra o racismo. Exatos quatro anos depois, o dia 26 de agosto voltou a entrar para a história do esporte com um outro protesto pelo mesmo motivo. Só que dessa vez com um boicote histórico. Os jogadores do Milwaukee Bucks se recusaram a entrar em quadra pelos playoffs da NBA na Disney, impulsionando um efeito em cascata dos outros times, o cancelamento das rodadas de quarta e quinta e o envolvimento de outros ligas nos protestos. Nesta sexta, a NBA anunciou que, em comum acordo com os jogadores, a temporada será retomada neste sábado, mas com o compromisso firmado de que a liga e os times estarão mais envolvidos do que nunca na luta pela justiça social.

Jogadores com comunicado do boicote em mãos - Reprodução
Jogadores com comunicado do boicote em mãos – Reprodução

Em um ano marcado pela pandemia do Covid-19, o esporte ficou meses sem grandes disputas. Mas nem por isso parou completamente. Entrou em pauta de forma ativa entre atletas de peso um problema que tem a causado o sofrimento de milhões de pessoas há muito mais tempo: o racismo.

Assim como medalhistas americanos negros Tommie Smith e John Carlos mostraram a sua luta para o mundo com os punhos cerrados para o alto no pódio dos 200m rasos das Olimpíadas de 68, esse ano astros como LeBron James, Lewis Hamilton e outros grandes nomes do esporte têm usado ainda mais suas armas contra o racismo.

+ Podcast Ubuntu discute a importância do boicote histórico na NBA

Atletas protestam durante as Olimpíadas de 1968 - Getty Images
Atletas protestam durante as Olimpíadas de 1968 – Getty Images

Através de ações mais enérgicas ou com poder do engajamento de suas redes sociais, eles estão alertando à sociedade para as injustiças que a população negra tem sofrido e está sofrendo.

Pode-se dizer que o movimento “incendiou” quando surgiu o vídeo do americano George Floyd sendo asfixiado por um policial branco, no dia 25 de maio, em Mineápolis, até ser assassinado. Desde então, a corrente de protestos contra o racismo ganhou ainda mais força. E a mobilização de grandes atletas foi fundamental para esse movimento se espalhar pelo mundo.

A tenista Naomi Osaka foi uma das atletas que participou dos protestos nas ruas de Mineápolis e disse: “Se você não defende nada, você falha por tudo”. LeBron James também chamou a atenção ao postar uma foto com a frase “Eu não consigo respirar”, que ele usou em 2014 também em protesto à morte de Eric Garner, outro cidadão americano negro assassinado por um policial branco por estrangulamento.

Os astros do Golden State Warriors, como Stephen Curry e Klay Thompson, também foram para as ruas com suas famílias participar dos protestos organizados. Surfistas pelo mundo se juntaram em remadas simbólicas em memória a George Floyd.

LeBron James é um dos líderes do movimento antirracista na NBA - Reprodução
LeBron James é um dos líderes do movimento antirracista na NBA – Reprodução

Já Lewis Hamilton foi além. O único piloto negro da fórmula 1, além de protestar, tem repetido o gesto de se ajoelhar antes de cada grande prêmio desde que a temporada recomeçou, ao lado de outros pilotos vestindo a camisa do “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam).

Pilotos de Fórmula 1 em protesto antirracista - Dan Istitene/F1 via Getty Images
Pilotos de Fórmula 1 em protesto antirracista – Dan Istitene/F1 via Getty Images

Em todas as corridas, o britânico hexacampeão mundial tem se mobilizado para convencer os outros pilotos a se ajoelharem. Em suas contas nas redes sociais, frequentemente também faz posts em protesto ao racismo.

Lewis Hamilton protesta nas ruas de Londres -  Daniel “Spinz” Forrest
Lewis Hamilton protesta nas ruas de Londres – Daniel “Spinz” Forrest

Vários outros atos simbólicos de atletas têm acontecido ao longo desse ano, e o mais emblemático destes aconteceu na última quarta-feira. Os jogadores do Milwaukee Bucks não entraram em quadra, porque mais uma vez a atitude de um policial branco com um cidadão afro-americano tomou conta dos noticiários nos EUA.

Jacob Blake levou sete tiros pelas costas da polícia de Kenosha, no estado do Winsconsin, no último final de semana, quando tentava apartar uma briga entre duas mulheres. Na hora, Blake estava desarmado e perto dos filhos. Ele está internado e perdeu o movimento das pernas segundo familiares. O caso gerou uma nova onda de protestos nos Estados Unidos contra o racismo.

Os jogadores do Milwaukee Bucks se manifestaram sobre o ato, e George Hill e Sterling Brown leram o um comunicado oficial do time, cercados pelos companheiros.

Jogadores dos Bucks com o comunicado em mãos - Getty Images
Jogadores dos Bucks com o comunicado em mãos – Getty Images

“Estamos pedindo justiça para Jacob Blake e exigindo que os oficiais sejam responsabilizados. Para que isso ocorra, é imperativo que o Legislativo do Estado de Wisconsin se reúna após meses de inação e tome medidas significativas para tratar de questões de responsabilidade policial, brutalidade e reforma da justiça criminal”, disse parte do comunicado.

Assim como o jogo dos Bucks, todas as partidas da última quarta e quinta da NBA foram adiadas. Os jogadores, no entanto, decidiram em reunião nesta quinta que vão retomar a temporada, mas ainda sem uma data certa para a volta às quadras.

O protesto também se refletiu em outras ligas. Na WNBA, as jogadoras de Washington Mystics, Atlanta Dream, Los Angeles Sparks, Minnesota Lynx, Connecticut Sun e Phoenix Mercury se uniram e ainda usaram camisas brancas com alusão às marcas de tiros, em vermelho, nas costas. Elas se reuniram no centro da quadra da bolha da WNBA, ficaram de joelhos, deram os braços e exibiram o nome de Jacob Blake.

Jogadoras com camisa representando os sete tiros sofridos por  Jacob Blake - Reprodução
Jogadoras com camisa representando os sete tiros sofridos por Jacob Blake – Reprodução

Principal liga de beisebol dos Estados Unidos, a MLB também resolveu seguir o exemplo da NBA nas ações do movimento “black lives matter” (vidas negras importam). Na quarta e na quinta, os jogadores aderiram ao boicote e as rodadas não foram realizadas. No jogo entre New York Mets e Miami Marlins, na quinta, atletas das suas equipes fizeram 42 segundos de silêncio antes de se retirarem do campo. Alguns dos jogadores vestiam a mesma camisa com a inscrição “black lives matter” usada na NBA.

Por GloboEsporte – Rio de Janeiro

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