Esporte
Rafinha ergue troféu de campeão carioca
Do sacrifício ao bom humor: a via-crúcis de Rafinha para superar a dor e ser campeão pelo Flamengo
Departamento médico descarta ruptura de ligamento do tornozelo e detalha esforço do lateral, que fez sete sessões de fisioterapia e suportou a dor por 131 minutos em dois clássicos
Um bom humor justificado e acompanhado de uma boa dose de alívio. Até se transformar em entregador de isotônico na festa do título carioca do Flamengo, Rafinha sofreu. A torção no tornozelo esquerdo ainda na etapa inicial do primeiro Fla-Flu da decisão causou dias de dor, sacrifício e susto para o lateral-direito. No fim, só boas notícias: troféu e descarte de fratura ou ruptura de ligamentos.
Rafinha ergue troféu de campeão carioca — Foto: Marcelo Cortes / Flamengo
A via-crúcis de Rafinha teve início ainda no intervalo do confronto de domingo, quando uma atadura reforçada permitiu que continuasse em campo e iniciasse a jogada do segundo gol na vitória por 2 a 1. Desde então até a festa de campeão, foram 131 minutos suportando uma dor atenuada por sete sessões de fisioterapia em dois dias e infiltração.
Ainda no Maracanã, Rafinha definiu em palavras o tamanho do esforço em declaração para o site “Esporte News Mundo”:
– Eu rompi o ligamento domingo, fiz uma ressonância e deu que estava rompido. Mas é uma final, né?! Esse ano não teremos mais final. Então, valeu o esforço. Quero agradecer ao doutor Gustavo e ao fisioterapeuta Fabiano, que trataram de manhã, tarde e noite na minha casa.
“Teve um dia que ficamos até meia-noite. Fizemos algumas infiltrações. Estava nítido que não estava 100%, mas valeu o sacrifício e a entrega. Mais um título para nós”
A declaração chamou a atenção, mas o próprio doutor Gustavo Caldeira, citado por Rafinha e médico do Flamengo na segunda partida da decisão, esclareceu o diagnóstico exagerado do lateral e tranquilizou a torcida. Após teste no Ninho do Urubu horas antes da final, tudo estava sob controle:
“Rafinha teve uma lesão parcial de um ligamento do tornozelo esquerdo. Se fosse rompimento total, óbvio que sequer entraria em campo, pois seria caso cirúrgico”
– Fizemos infiltração para melhorar a dor e avaliar melhor do tornozelo dele. Ou seja, saber se estava estável ou não ao exame físico. Nesse exame, percebemos que o local estava bem estável, apesar do edema e da dor. O tratamento foi bem intenso, aliado ao repouso.
O problema, por sua vez, requer atenção e Rafinha segue em tratamento. Mesmo com o elenco de folga até a tarde de terça-feira, o camisa 13 esteve no Ninho do Urubu na quinta-feira em rotina que se repetirá nos próximos dias. Responsável pelo primeiro atendimento, no domingo, o doutor João Marcelo, revelou que ainda durante a avaliação o jogador deixou claro que não abriria mão da final:
Irmão de Rafinha mostra pé muito inchado após lesão — Foto: Reprodução / Instagram
– Quando teve a entorse e entrou no vestiário, todas as medidas iniciais de tratamento imediato foram tomadas, pois vimos que estava com dor. Colocamos gelo, medicamos e fizemos um reforço na atadura. Completou o jogo muito bem e ainda participou do nosso segundo gol com aquele belo lançamento. Desde o início, ele estava confiante em voltar para o campo. Enquanto o avaliávamos na maca, dizia que voltaria para o segundo tempo.
Rafinha devolve zoeira e posa para foto oficial do título com bolsa de isotônico
Quem tabelou com Rafinha até dentro de casa no curto período de recuperação foi o fisioterapeuta Fabiano Bastos. Foram sete sessões praticamente em dois dias, além dos testes com bola no CT já na quarta-feira. O profissional explica que a maior preocupação era recuperar a estabilidade no tornozelo e a confiança do lateral:
– Não fazemos nada de maneira irresponsável e só liberamos quando o atleta tem, de fato, condição de jogar. Precisamos pensar no mecanismo de lesão, quais estruturas são lesionadas ali nesses casos. No do Rafinha, não houve fratura, mas estirou ligamentos responsáveis por dar estabilidade ao tornozelo dele. Isso afeta a confiança do jogador.
Rafinha desabafa: “Vocês vão ter que engolir seco”
“Rafinha é muito acima da média. Quando entrou no primeiro dia no DM, já falou que ia jogar. Não foi a primeira vez que ocorreu isso com ele”
Em fevereiro, Rafinha voltou do Equador com um problema muscular na coxa esquerda após a primeira partida da decisão da Recopa, contra o Independiente del Valle. A lesão o tirou da final da Taça Guanabara, mas não do jogo do título da própria Recopa, dias depois, no Maracanã.
O próximo compromisso oficial do Flamengo está previsto para o dia 9 de agosto, contra o Atlético-MG, no Maracanã, pela primeira rodada do Brasileirão. Rafinha já iniciou tratamento para ficar à disposição e tem a companhia de Filipe Luís no DM. O lateral-esquerdo se recupera de uma lesão na panturrilha direita.
Por Cahê Mota — Rio de Janeiro / Globoesporte.globo.com