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Segundo os números, sairemos dos atuais 203 milhões para 220 milhões em 2041

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População do Brasil começará a encolher em 2042, antes do previsto, diz IBGE; AL e RS diminuem a partir de 2027

Queda da fecundidade e o aumento da população idosa explicam a redução no número de brasileiros. Dados foram divulgados nesta quinta-feira (22).

A população brasileira vai começar a encolher em 2042 segundo projeções divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (22).

Segundo os números, sairemos dos atuais 203 milhões para 220 milhões em 2041 e, a partir do ano seguinte, começamos a encolher até chegar a 199,2 milhões em 2070 (veja o gráfico).

A previsão do ponto de inflexão, que é quando a população deixa de crescer e começa e encolher, foi adiantada em 6 anos desde quando a última projeção foi feita, em 2018. Naquela época, acreditava-se que o Brasil ia começar a encolher em 2048.

A antecipação ocorreu porque a projeção anterior foi feita com base nos dados do Censo de 2010, que havia sido feito 8 anos antes. Agora, o IBGE usou os dados do Censo de 2022 – que, entre outras coisas, mostrou que o país tinha uma população menor do que a estimada pelo instituto.

Para projetar a variação populacional, são levados em contas indicadores como taxa de fecundidade (número de filhos por mulher), a expectativa de vida e a migração.

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Queda no número de filhos é o principal fator para recuo na população

Segundo a pesquisa, no caso brasileiro, a queda da taxa de fecundidade é o principal fator responsável pela diminuição da população nos próximos anos (a migração tem efeito menor).

De 2000 a 2023, o número passou de 2,32 para 1,57 filho por mulher (o número mínimo para garantir a reposição da população é de 2,1 filho por mulher).

De acordo com os pesquisadores do instituto, esta queda está relacionada a mudanças nos padrões familiares e nas decisões reprodutivas ao longo das últimas décadas.

A idade média em que as mulheres brasileiras têm filhos aumentou. Em 2000, era de 25,3 anos; em 2020, subiu para 27,7 anos, e as projeções indicam que essa média deverá atingir 31,3 anos em 2070.

Essa diminuição na taxa de fecundidade e o adiamento da maternidade impactaram diretamente o número de nascimentos anuais no país. Em 2000, ocorreram cerca de 3,6 milhões de nascimentos por ano, número que caiu para 2,6 milhões em 2022. A previsão é que esse número caia ainda mais, para 1,5 milhão em 2070.

População vai viver mais e ser mais velha

As projeções também indicam que os brasileiros devem viver cada vez mais, saindo de 72,1 anos no caso dos homens e 78,8 anos no das mulheres para 81,7 anos e 86,1 anos em 2070, respectivamente, em 2070.

Esses números mostram que as mulheres devem continuar a viver mais que os homens, mas um pouco menos – de 6,7 anos, a diferença vai cair para 4,4 anos em 2070.

Com menos filhos e vida mais longa, a idade média do brasileiro vai subir, de 34,8 anos para 51,2 anos em 2070.

A tendência de envelhecimento da população não é exclusiva do Brasil. O Japão e países da Europa já enfrentam os desafios de uma população majoritariamente acima dos 60 anos.

Rio Grande do Sul e Alagoas vão parar de crescer em 2027; Rio de Janeiro em 2028, diz IBGE

Rio Grande do Sul e Alagoas serão os primeiros estados a apresentar uma redução populacional. A pesquisa projeta que, em três anos, a população desses dois estados começará a diminuir. Rio de Janeiro vem logo em seguida, apresentando queda a partir de 2028.

Segundo Márcio Mitsuo Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, esses estados serão os primeiros impactados devido não só à queda da taxa de fecundidade, mas também à migração de moradores para outros estados.

O único estado que não vai diminuir até 2070 é Mato Grosso.

“O estado ainda possui uma taxa de fecundidade mais alta (1,98, ante 1,57 na média do país) e um fluxo significativo de pessoas mudando para lá”, acrescenta Minamiguchi.

Com ritmos diferentes de variação na população, a ordem de tamanho dos estados vai mudar nas próximas décadas, indicam as projeções do IBGE (São Paulo seguirá como maior estado em população, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro):

  • Roraima vai passar o Amapá e deixar de ser o menor estado da federação;
  • O Rio Grande do Sul passará a ser o menor estado da região Sul, ultrapassado por Santa Catarina
  • O Ceará passará a ser o 2º maior estado da região Nordeste, ultrapassando Pernambuco;
  • Mato Grosso deixará de ser o 16º maior estado do país para ser o 13º maior.

Dados do Censo 2022

Veja o que Censo de 2022 já permitiu saber:

  • O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
  • O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
  • 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na história em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
  • O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
  • Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.
  • Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.
  • Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.
  • O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto. Esse número equivale a 24% da população brasileira. Já a falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros.
  • Mais da metade dos 203 milhões de brasileiros – 54,8% – mora a até 150 km em linha reta do litoral.

Por Judite Cypreste, g1

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