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Sem esquecer que a equipe cearense foi a única que venceu o próprio Sport esse ano.
Final do Nordestão tem Ceará que cresce em jogo grande e melhor Sport dos últimos anos
Primeiro jogo da decisão da Copa do Nordeste, nesta quarta, às 21h30, no Castelão, tem embate tático entre Gustavo Morínigo e Enderson Moreira
Um grande clássico, duas camisas pesadas e tradicionais da nossa região, com dois times de ótimo potencial e estádios lotados.
A decisão da Copa do Nordeste – que inicia nesta quarta-feira, às 21h30, no Castelão – promete fortes emoções.
De um lado, um Ceará mais instável, oscilando, mas com cara de time que cresce em jogo grande.
Do outro, o melhor Sport dos últimos anos.
Ceará x Sport — Foto: Divulgação
O time de Gustavo Morínigo não ganhou solidez no início dessa temporada, mas se provou capacitado em desafios mais pesados.
Foi assim nos cinco clássicos diante do Fortaleza, quando conquistou três vitórias e um empate, apesar da perda do título estadual.
Sem esquecer que a equipe cearense foi a única que venceu o próprio Sport esse ano.
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Do outro lado, o Sport se reforçou bem, aumentou sua qualidade e oferta no ataque, se manteve seguro na marcação e se tornou um time equilibrado e com amplo repertório ofensivo.
A oscilação do Ceará é nítida. A equipe se mostrou capaz de fazer grandes jogos em desafios mais difíceis, mas também já teve momentos preocupantes, com desempenhos ruins.
O próprio técnico paraguaio, de inegável competência, contribui pra alguns desses momentos.
Jogadores com baixo rendimento seguem tendo bastante espaço, como Danilo Barcelos e Hygor, titulares na estreia da Série B.
Morínigo chuta bola durante decisão do Cearense — Foto: Thiago Gadelha / SVM
É verdade que o treinador pensou em poupar alguns titulares e não contou com Erick, grande destaque da equipe no ano, mas é difícil compreender a escolha por Pagnussat e Luiz Otávio na zaga e deixar o garoto David Ricardo no banco, de longe o melhor zagueiro do Vozão – mais rápido, ágil, seguro e com melhor passe pra iniciar as jogadas.
Pra ser justo, vale a pena citar o crescimento de Chay, agora atuando mais centralizado, local em que rende melhor e essa melhora em seu desempenho chega em boa hora, justamente em um momento de oscilação de Castilho, que vinha sendo o principal meia do Ceará no ano.
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Atuando em alto nível e imaginando a melhor escalação, Morínigo deve promover a volta de David pra zaga, Formiga na lateral esquerda, Arthur Rezende no meio-campo e Erick no ataque.
Comemoração de Erick no Clássico-Rei — Foto: Thiago Gadelha/SVM
Um dos pontos interessantes e que fez a diferença em vários jogos foi a pressão exercida na saída de bola do adversário, com o centroavante Victor Gabriel sendo bastante participativo.
As duas pontas também fizeram a diferença em vários jogos, mas Janderson vem numa sequência de queda de rendimento. Apesar disso, já mostrou sua capacidade de fazer a diferença pela ponta esquerda, com Érick sempre com grandes atuações.
O crescimento de Chay pode tornar o time mais criativo e fazer essa bola chegar com maior qualidade ao ataque.
Vale a pena ressaltar outro ponto forte do Ceará, a segurança do goleiro Richard, com qualidade superior a imensa maioria dos goleiros da Série B, por exemplo.
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Já o Sport se manteve, com grande regularidade, em um alto nível de rendimento nesses primeiros meses do ano.
Os reforços para o setor de ataque fizeram muita diferença: Edinho, Jorginho, Gabriel Santos e até Cariús (lateral-esquerdo que se transforma em ponta na ideia de jogo do Leão) se juntaram a Vagner Love, Juba e Labandeira e deixaram o elenco rubro-negro muito mais forte do que o do ano passado.
Aliado a essa qualidade, Enderson Moreira faz ótimo trabalho e aproveitou bem a boa herança defensiva que recebeu, deixando o Sport bem equilibrado e protegendo o irregular goleiro Renan.
Luciano Juba comemora gol em Sport x Santa Cruz — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press
Na ideia de jogo do Sport, o lateral-direito Eduardo se transforma em zagueiro na saída de bola, Cariús abre na esquerda como um ponta, Labandeira ou Edinho é o responsável por atacar na direita e Juba, Jorginho e Love se movimentam por dentro, com infiltrações na área ou para construir jogadas no meio.
O ponto de atenção são os vacilos defensivos em momentos de transição: Fabinho e Ronaldo oscilam e por vezes deixam o setor mais vulnerável.
O garoto Pedro Martins vem entrando bem, dá mais ritmo ao meio-campo, mas ainda tem tido menos espaço do que merece.
E o paraguaio Gustavo Morínigo sabe montar equipes de boa transição ofensiva, seja com bola longa para os rápidos pontas, com muita inversão de jogadas pra gerar embates de mano a mano para Érick e Janderson, ou mesmo com passes mais curtos e em progressão.
Enderson Moreira em Sport x Santa Cruz — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press
A decisão é em dois jogos e o primeiro causa imenso impacto no resultado final, é ele quem define escalações e estratégias para o jogo da volta e toda atenção é primordial, tão importante quanto criar uma vantagem é não permitir que o adversário saia na frente.
O Sport teve um rendimento regular e mais seguro ao longo do ano, mas o Ceará vai tentar repetir suas atuações de referência e crescer em jogo grande novamente.
Com o mais alto nível de atuação das duas equipes, certamente o jogo tem ótimos indicativos de uma grande final de campeonato.
Vagner Love comemora gol pelo Sport contra o Petrolina — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Por Cabral Neto
Ge.globo.com