Esporte
Sérgio Coelho, Hulk e Rodrigo Caetano, na apresentação do jogador pelo Atlético
Retrospectiva do Atlético-MG: Hulk, triplete alvinegro e cia fazem de 2021 o inesquecível ano do Galo
Temporada transformou sonhos do torcedor em realidade, com a reconquista do Brasileirão após 50 anos, além do surgimento de um novo ídolo
Um grande time, um novo ídolo e três títulos. Se você procurar a receita para deixar um torcedor intensamente eufórico, pode apostar nesses ingredientes. A prova é o atleticano. Ele viveu tudo isso no ano que se acaba. O Atlético-MG fez de 2021 uma temporada inesquecível, histórica, daquelas para serem eternizadas.
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Chega Hulk, sai Sampaoli. Vem Cuca
Foi um calendário atípico. Os meses de janeiro e fevereiro ainda tiveram datas do Brasileirão 2020, reflexo da pandemia da Covid-19, que paralisou o futebol no ano passado. Mas o Atlético, terceiro colocado no campeonato nacional, já colocava em prática o planejamento, apoiado em altos investimentos bancados por um grupo de torcedores/conselheiros/mecenas. E foi impactante. Hulk foi anunciado no fim de janeiro. Um nome internacional, midiático, uma aposta para mudar o time de patamar. E mudaria nos meses seguintes.
Sérgio Coelho, Hulk e Rodrigo Caetano, na apresentação do jogador pelo Atlético — Foto: Divulgação/Atlético
Antes, porém, uma outra alteração no futebol, também decisiva. O argentino Jorge Sampaoli recebeu uma proposta do Olympique de Marselha, da França, e comunicou a saída. A direção do Galo, capitaneada por Sérgio Coelho (presidente) e pelos 4 R’s (Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), tendo agora Rodrigo Caetano como diretor de futebol, foi em busca de um velho conhecido do torcedor: Cuca.
Cuca durante apresentação no Atlético — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG
O campeão da Libertadores de 2013 voltou ao Galo e encarou rejeição de parte da torcida. Questionamentos técnicos e do passado. Muitos atleticanos levantaram a hashtag #CucaNão, lembraram o episódio de 1987, quando o técnico e outros três jogadores (na época no Grêmio) foram condenados, na Suíça, por um caso de violência sexual envolvendo uma garota de 13 anos.
Em campo, mostrou ser o melhor treinador do futebol brasileiro. Escalou o topo da lista dos maiores técnicos da história do Atlético: “Clube da minha vida.”
O adeus ao(s) ídolo(s)
Ainda em fevereiro, na rodada inicial do Campeonato Mineiro, o Galo fez uma bela festa para marcar a aposentadoria do goleiro Victor. Ídolo da torcida, herói da conquista da Libertadores, campeão da Copa do Brasil, o camisa 1 deu adeus aos gramados. Logo em seguida, assumiu a função de gerente de futebol do clube. Em maio, foi a vez de Diego Tardelli se despedir, mas apenas do Atlético. Ele seguiu a carreira como jogador.
Victor é homenageado em despedida dos gramados — Foto: Agência i7/ Mineirão
A primeira taça
Os primeiros dias de trabalho de Cuca seguiram com contestações. O treinador chegou a pedir 10 dias para ajustar o Atlético, que manteve a base de Sampaoli, mas trouxe outros reforços importantes como Nacho. Cuca ganhou o tempo solicitado. E começou a escrever a história. Precisou superar um momento conturbado com Hulk, após um pequeno atrito entre eles. O Galo foi campeão mineiro com 10 vitórias, três empates e duas derrotas.
Atlético campeão mineiro de 2021 — Foto: Agência i7/ Mineirão
Uma Libertadores invicta
Paralelamente às fases finais do Mineiro, o Atlético arrancou na Libertadores. Melhor campanha da fase de grupos. Superou o Boca Juniors nas oitavas. Despachou o River Plate nas quartas. Primeiro brasileiro a eliminar os gigantes argentinos em uma edição do torneio. Chegou invicto às semifinais. E caiu invicto, após dois empates com o Palmeiras, que viria a ser o campeão. O Alvinegro ficou no 0 a 0 com os paulistas em São Paulo. No entanto, o 1 a 1 no Mineirão decretou a desclassificação pelo gol qualificado fora de casa marcado pelo Palmeiras.
Galo foi semifinalista da Libertadores 2021 — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG
Mais um nome internacional
Foram poucas contratações em 2021. Cinco no total. Mas todas elas valorizadas. A última delas foi o atacante Diego Costa. Chegou para ser a referência no ataque. Estreou com gol, no empate por 1 a 1 com o Bragantino. Fez cinco ao todo. A sexta cara nova do elenco na verdade não foi uma contratação. Foi um resgate. O zagueiro Nathan Silva, revelado na base do Galo, estava emprestado do Atlético-GO e foi buscado para ser titular a pedido de Cuca.
Sérgio Coelho, presidente do Atlético, ao lado de Diego Costa — Foto: Divulgação/Atlético
Uma taça de 50 anos em jogo
Mais do que nunca, o Campeonato Brasileiro se tornou prioridade no clube. A mais importante competição nacional trazia consigo um jejum de 50 anos do Galo. Reconquistá-la virou obsessão. Um desejo levado para dentro de campo. O Atlético sobrou na disputa. Assumiu a liderança na 15ª rodada, empilhou vitórias e enfileirou vítimas, 18 jogos de invencibilidade, recorde de triunfos em casa. Dono da segunda melhor campanha da história dos pontos corridos: 26 vitórias, seis empates, seis derrotas, 73,6% de aproveitamento. Um campeão incontestável.
Atlético campeão brasileiro — Foto: Fernando Morais/AGIF
Uma épica virada para selar a conquista. Depois de levar 2 a 0 do Bahia em cinco minutos, o Galo deu o troco com juros. Fez três gols também em cinco minutos, com dois do decisivo Keno, venceu e soltou o grito de campeão na Arena Fonte Nova para exorcizar fantasmas e decepções de décadas. Milhares de pessoas tomaram as ruas de Belo Horizonte. Uma festa incrível na Praça Sete, coração da capital mineira. Uma nova celebração três dias depois, agora no Mineirão, com a entrega da sonhada taça e homenagens.
Praça Sete e a festa do Atlético-MG — Foto: Globo
O triplete alvinegro
Soberano no Brasileirão, o Atlético não tirou o pé do acelerador na Copa do Brasil. Foi aniquilando os rivais (nove vitórias em 10 jogos). E não teve dó na decisão. Aplicou a maior goleada em uma final do torneio: 4 a 0 no Athletico-PR. Foi até Curitiba e sacramentou a conquista com outro triunfo, desta vez por 2 a 1.
Jogadores do Atlético levantam a taça de campeão da Copa do Brasil — Foto: Pedro Souza
Hulkmania
Se teve um jogador que criou uma gigantesca identificação com a torcida, esse foi Hulk. Ele fez gol, deu assistências, liderou o time, foi protagonista nas quatro linhas. E foi referência fora. Uma legião de atleticanos se pintou de verde, usou máscaras e gritou “Hulk, Hulk, Hulk”. O atacante mostrou sintonia com o Galo. Fez inclusive referências a ídolos históricos, como Reinaldo.
O torcedor atleticano fantasiado de Hulk — Foto: Rodrigo Fonseca
Um time para a história
Mas o Atlético não foi só Hulk. Toda uma engrenagem funcionou. Os milhões investidos pelos mecenas. O comando de Cuca. A volta por cima de Everson. A liderança de Mariano, Alonso e Réver. O descobrimento de Nathan Silva. O show de Arana, Allan e Jair. A categoria de Nacho Fernández. O desfile por todo o campo de Zaracho. A explosão do decisivo Keno. A presença marcante de Diego Costa. Além de um elenco capaz de dar soluções em momentos cruciais no ano inesquecível do Galo.
Time do Atlético-MG festeja com a torcida no Mineirão — Foto: Pedro Souza / Atlético-MG
Recordes da Massa
Em 2021, a torcida do Atlético mais uma vez mostrou sua força. Com a liberação de público nos estádios, após o avanço da vacinação contra a Covid-19, lotou o Mineirão. No jogo da taça, contra o Bragantino, 61.573 pessoas assistiram a vitória por 4 a 3, recorde de público do novo Mineirão. O Manto da Massa foi um sucesso. Mais de 120 mil camisas vendidas e faturamento de R$ 24 milhões. O Galo na Veia, programa de sócio-torcedor, bateu 125 mil associados.
Torcida do Atlético durante jogo da festa contra o Bragantino — Foto: Bruno Sousa/Atlético-MG
Sai Cuca, vem Jesus?
A pós-temporada de um ano histórico parecia tranquila, monótona, até que a última semana resolver reservar altas emoções. Maior técnico da história do Galo, Cuca preferiu encerrar de forma precoce mais uma passagem vitoriosa pelo clube. Pediu dispensa para descansar, aproveitar mais a família.
Abriu-se uma lacuna para 2022. Quem será o novo chefe deste elenco histórico? Jorge Jesus é o favorito, preferido da torcida e da cúpula atleticana. As negociações acontecem, mas o desfecho ficou para o ano que vem. E aliás, após um 2021 como este, haja paciência para aguardar o que espera a virada do calendário.
Por Redação do ge — Belo Horizonte